sábado, 30 de junho de 2018

Sancionada lei que torna obrigatória a notificação de casos de câncer e malformação congênita



O Presidente da República Michel Temer sancionou a lei que torna obrigatória a notificação de todos os casos de câncer e malformações congênitas no país. A Lei 13.685/2018 foi publicada no Diário Oficial da União no dia 26 de junho e entra em vigor em 180 dias, quando deverá ser regulamentada pelo Ministério da Saúde. A obrigatoriedade é importante para que o país tenha dados mais reais sobre a existência de anomalias ou malformações congênitas em recém-nascidos e a situação do câncer, por região, faixa etária, tipos mais frequentes. 
De acordo com a autora do projeto, a deputada federal Carmen Zanotto (PPS-SC), a importância da lei se dá pelo fato da obrigatoriedade permitir a identificação dos problemas na assistência, diagnóstico, tratamento e prevenção do câncer, bem como auxiliar para que os pacientes com neoplasia maligna iniciem o tratamento em até 60 dias.
“Esperamos que a notificação compulsória possa ser um divisor de águas no controle do câncer no Brasil. Um banco de dados consistente é essencial para a melhoria da gestão dos recursos da saúde e para a garantia de serviços eficazes de prevenção, diagnóstico rápida e tratamento adequado para a doença”, ressalta a deputada.
Segundo Carolina Matias, oncologista do Real Instituto de Oncologia, com dados mais reais e confiáveis será possível adequar melhor a gestão de recursos e a realidade do paciente oncológico. 
“Hoje em dia só existem os registros hospitalares, mas não se sabe se os dados são confiáveis. E é através desses registros que entidades como o Inca elaboram as estimativas que já ajudam muito nas estratégias adotadas para o combate à doença. A notificação compulsória vai ser importante para se ter uma estimativa real do números de casos e para traçar estratégias mais precisas, para focar em ações e direcionar mais recursos para onde precisa mais”, destaca a especialista.
Para Karla Bonfim, pediatra do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, “o registro precoce de malformações na declaração de nascido-vivo é uma importante aquisição para todos os brasileiros pois faz parte de um sistema de vigilância nacional para identificação de possíveis alterações na frequências de malformações que poderiam indicar necessidades intervenções por parte do setor saúde e afins,  além de ser um veículo de informações para reavaliação de políticas de saúde para os grupos com anomalias  congênitas”, enfatiza. 
Todos os profissionais de serviços de saúde públicos e privados terão que informar ao Ministério da Saúde sobre os casos de câncer e de malformação congênita que atenderem a partir de 22 de dezembro deste ano. A notificação para os casos de malformação congênita será feita através da inclusão de um campo específico na Declaração de Nascido Vivo emitida pela maternidades. 

Dor lombar é a principal causa de afastamento do trabalho no Brasil


Por Rebeka Gonçalves
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor lombar é a segunda maior causa de visita de pacientes aos médicos, só perde para a dor de cabeça. O problema atinge mais de 80% da população mundial e é a maior causa de afastamento do trabalho em pessoas com menos de 45 anos. 
A lombalgia pode chegar com uma dor intensa. De acordo com o Ministério da Saúde, as razões para os problemas nessa região podem estar ligadas a diversas doenças, mas as mais comuns entre os brasileiros são a escoliose, a hérnia de disco e a artrose na coluna. 
O médico Luciano Temporal, especialista em Ortopedia e Traumatologia, explica sobre as causas dessas dores e os possíveis tratamentos. “As causas dessas dores são as mais variadas possíveis, desde dor muscular até hérnia de disco. Os tratamentos para essas dores variam desde medicação, analgésico, relaxante muscular ou anti-inflamatório, até fisioterapia”.  
Uma pesquisa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) revelou que as dores nas costas são o principal motivo de afastamento de trabalhadores brasileiros por um período superior a duas semanas, confirmando o impacto que elas têm na qualidade de vida da população. 
Mas a dor nas costas também pode ser influenciada pela má postura no dia a dia, além do uso excessivo do celular e até travesseiros inadequados, como ressalta o ortopedista Luciano Temporal. “O uso do celular pode contribuir de uma forma negativa para essas dores, principalmente porque a pessoa passa muito tempo com uma postura de forma inadequada. Já o travesseiro é muito de adequação para cada pessoa, dependendo da posição que ela dorme. Se ela dorme de lado é indicado um travesseiro mais alto. E se for de barriga para cima um mais baixo”, esclarece.
O advogado Bruno Soares descobriu através de uma forte crise na coluna que tinha duas hérnias de disco: “tenho duas hérnias e espondilite anquilosante. Ainda estou em tratamento, faço pilates e fisioterapia”, relata. 
“A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória crônica. Ela ainda não tem cura e afeta as articulações do esqueleto axial, especialmente as da coluna, quadris, joelhos e ombros. Ainda não se conhece a causa e acomete mais homens, a partir do final da adolescência até os 40 anos. E, se não tratada, pode tornar-se incapacitante”, explica o ortopedista.  
Outro hábito ruim mencionado pelo especialista é ficar horas sentado em frente ao computador. Essa prática pode causar problemas no desenvolvimento de atividades que, caso não sejam corrigidos a tempo, podem se tornar sérios e, consequentemente, crônicos. Por isso, o ortopedista recomenda “o conselho mais importante que as pessoas têm que seguir é praticar atividade física de forma regular”, conclui. 
Hospitais especializados em ortopedia no Recife:
Hospital de Fraturas
Rua João Fernandes Vieira, 644
Boa Vista, Recife – PE
Tel:. (81) 3423.2399

Hospital de Ortopedia
Avenida Rui Barbosa, 1541
Graças, Recife – PE
Tel:. (81) 3092.977

Hospital Maria Lucinda – SPA Ortopedia
Av. Parnamirim, 95
Parnamirim, Recife – PE
Tel:. (81) 3267.4200

Hospital Getúlio Vargas
Av. General San Martin, S/N
Cordeiro, Recife – PE
Tel:. (81) 3184.5600
Marcação de consulta: Segunda a sexta, das 7 às 17 horas, presencial.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Reajuste de 10% no plano de saúde entra em vigor após decisão judicial


Cerca de 300 mil usuários pernambucanos terão os valores dos planos reajustados 
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou no Diário Oficial da União a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região autorizando o reajuste máximo de 10% pelas operadoras dos planos de saúde. O aumento já havia sido autorizado desde 11 de junho, durante a 487ª reunião do colegiado da ANS, mas uma liminar concedida pela Justiça Federal do Estado de São Paulo suspendeu e limitou o reajuste ao teto máximo de 5,72%, tomando como base o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA). 
O reajuste é válido para os planos de saúde médico-hospitalares individuais  e familiares contratados a partir de janeiro de 1999 e entra em vigor retroativamente, passando a valer de 1º de maio deste ano até 30 de abril de 2019. O aumento pesará no bolso de mais de 300 mil pernambucanos que são usuários dessas categorias de planos. “Pernambuco terá um impacto maior, por ter uma concentração maior de planos individuais do que outras regiões do País”, explica Elano Figueiredo, advogado especialista em saúde.
De acordo o advogado, o reajuste sempre foi mal explicado e por isso os usuários não entendem como funciona. “Isto acontece porque, em razão do desconhecimento sobre a realidade da inflação em saúde, todos acham que o índice de 10% é alto. Mas, se verificarem o FIPE SAÚDE e a VCMH (variação do custo médico-hospitalar) compreenderão que na saúde é diferente, o custo sofre pressão pelo avanço da medicina”, esclarece.
O reajuste autorizado é menor que os aplicados nos últimos 3 anos, que ficaram em torno de 13%. Para o advogado, a forma de enfrentar o problema esse impasse é discutir sobre meios de incentivar e subsidiar as mensalidades, assim como está sendo feito com o diesel.
Em caso de dúvidas, os consumidores podem entrar em contato com a Agência por meio de seus canais de atendimento, o disque ANS (0800 701 9656), a central de atendimento ao consumidor (www.ans.gov.br), e/ou pessoalmente em um dos 12 núcleos de atendimento existentes nas cinco regiões do país. 

Entidades médicas manifestam repúdio à reportagem da Revista Superinteressante


Segundo as entidades a matéria da capa de julho aborda o erro médico com uma conotação equivocada e alarmista
Ontem (28/07), várias entidades médicas tornaram públicas notas de esclarecimento e repúdio à reportagem de capa publicada na revista Superinteressante, edição 391 de julho deste ano. A matéria aborda a questão do erro médico apresentando dados alarmantes sobre a atuação desses profissionais. 
A reportagem afirma que o erro médico atinge 10% dos pacientes e que é a maior causa de morte no Brasil, sendo responsável por mais de mil óbitos por dia. A revista compara a probabilidade entre morrer de acidente aéreo (1 em cada 10 milhões) ou de erro médico (1 em cada 300). Ela destaca ainda que trata-se de um problema imenso, que não faz parte da lista oficial de causas de morte e não recebe a devida atenção das entidades de classe e autoridades.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou uma nota, que será enviada à revista Superinteressante, destacando a importância de tentar mensurar as falhas ocorridas nos serviços assistenciais de saúde no Brasil. A instituição lamenta o tom alarmista adotado pela reportagem e enfatiza que é imprescindível reconhecer os atores do processo, sem culpabilizar uma categoria profissional. 
“Trata-se de tema que deve ser analisado com cautela, considerando-se as deficiências de infraestrutura na assistência no País, em especial na rede pública, e no campo da formação de profissionais da área, médicos e não-médicos. No entanto, comete-se equívoco ao tratar casos específicos como se fossem a regra, o que gera impacto negativo na relação médico-paciente, a qual deve ser pautada pela ética, confiança e respeito à autonomia”, diz a nota do CFM.
A matéria da Superinteressante traz relatos de pacientes sobre possíveis erros e enfatiza que o crescimento descontrolado do número de faculdades de medicina pode incrementar ainda mais o problema, uma vez que não houve um controle muito rígido sobre a formação desses novos profissionais. Outra questão levantada pela publicação é a sobrecarga dos profissionais no Sistema Único de Saúde, segundo ela, “Alguns médicos chegam a atender um paciente a cada 6 minutos – pois o SUS paga apenas 12 reais por consulta”, afirma a reportagem. 
De acordo com o CFM, os trabalhos citados se baseiam em projeção de dados com limites reconhecidos pelos seus autores e que, portanto, não permitem extrapolar resultados, como foi feito. Ressalta ainda que os conselhos regionais têm acompanhado esse tema e apurado todas as denúncias que surgem, além de denunciar as deficiências operacionais às autoridades competentes. 
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também se manifestaram publicamente sobre a abordagem equivocada apresetada pela Superinteressante. 
“A referida publicação difama, desde sua capa, a figura do médico, como único responsável por eventuais falhas no atendimento ao precário sistema de saúde. A matéria generaliza ao apontar casos específicos de supostos “erros médicos”, tratando esses fatos descolados de um contexto de sucateamento e subfinanciamento do sistema público de saúde, más condições de trabalho para profissionais da saúde, falta de profissionais e de insumos e excesso de demanda”, avalia o Cremesp. 
A SBP afirma que respeita a liberdade de imprensa, mas lamenta a forma sensacionalista e alarmista como o assunto foi tratado. “A imagem usada na capa sugere a demonização do médico, como um agente do mal, uma serpente a ameaçar o paciente. Além disso, há o uso reiterado do termo “erro médico”, como se todas as falhas fossem responsabilidade de uma categoria ou outra, quando, na verdade, são o resultado nefasto da precariedade e dos limites dos fluxos de atendimento”, critica. 
As entidades reforçam que os médicos, assim como os outros profissionais que atuam em hospitais, consultórios e unidades de saúde, são comprometidos com o bem-estar, a saúde e a vida dos pacientes. Em consenso, elas concluem que a reportagem agride a categoria e cria um clima negativo e de insegurança para a população, minando assim a relação de confiança e respeito que vem sendo construída entre médicos, pacientes e familiares.  

Hospital Português atinge sucesso em 95% dos transplantes de fígado

O procedimento é realizado de maneira gratuita através do Sistema Único de Saúde
A equipe de transplante de fígado do Real Hospital Português (RHP) celebra o resultado positivo de 95% de sucesso na execução dos procedimentos no último ano. O serviço de transplante de fígado do RHP iniciou suas atividades em dezembro de 2015, já realizou 55 transplantes e o atendimento é todo realizado de maneira gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo César Lyra, cirurgião e coordenador do serviço, o resultado é fruto da capacitação da equipe, juntamente com a estrutura e o apoio fornecidos pelo hospital. “Temos um serviço que, apesar de jovem, tem conseguido excelentes resultados, pela expertise da equipe que foi buscar técnicas cirúrgicas modernas e pela estrutura que nos é fornecida pelo hospital, que hoje tem a melhor estrutura do Norte/Nordeste. Que tem dado todo apoio para o desenvolvimento do transplante, mesmo o procedimento sendo 100% coberto pelo SUS”, destaca.
“Conseguimos fazer transplante de fígado no Hospital Português com nível de excelência de primeiro mundo, isso tudo realizado pelo SUS”, comemora Fábio Moura, cirurgião do aparelho digestivo e transplante de fígado do Real Instituto de Cirurgia Oncológica.
O transplante de fígado é um procedimento muito complexo e delicado, mas sem ele o paciente não tem chance nenhuma de vida. “O paciente que tem indicação de um transplante de fígado tem uma doença terminal. Se o órgão não for substituído, o paciente terá apenas alguns meses, ou em casos mais extremos, apenas alguns dias de vida. Mas, se ele fizer o transplante, sua vida voltará à normalidade”, afirma Fábio Moura.
João Carlos Locio, de 71 anos, realizou o transplante no início desse ano e disse que ficou impressionado com a qualidade do atendimento e a estrutura do serviço ofertado pelo SUS. “O atendimento é de primeiro mundo aqui, eu fiquei impressionado com um atendimento desse pelo SUS, a assistência, a alimentação, o atendimento do paciente lá é número 1. Apartamento com ar condicionado, todo dia tudo era esterilizado. Coisa de primeiro mundo, em termos de médicos, aparelhagem. Os médicos são craques e dão muita assistência. Eu disse a eles, vocês são abençoados, são salvadores de vidas, se não fosse vocês eu estava morto”, elogia o paciente.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de fígado tem maior prevalência em homens do que em mulheres e o risco é de cerca de 1 caso em 81 homens, enquanto nas mulheres esse risco é de cerca de 1 em 196. Em média, cerca de 95% das pessoas diagnosticadas com câncer de fígado tem mais de 45 anos, 3% tem entre 35 e 44 anos e por volta de 2% tem menos de 35 anos. As principais doenças que podem levar à necessidade de um transplante são hepatite C, cirrose e câncer de fígado.
Na maioria dos casos, o câncer de fígado só pode ser tratado através de um transplante, que é um procedimento extremamente complexo, mas sem ele o paciente não tem chance de vida. Segundo dados do INCA, em 2008, o câncer de fígado foi responsável pela morte de 6.995 pessoas no Brasil. 
Os médicos destacam ainda que o paciente que não faz acompanhamento médico com certa frequência tem grandes chances de só descobrir o câncer de fígado num estágio avançado, já que, muitas vezes, a doença não apresenta sintomas relevantes. A equipe de transplante de fígado do RHP trata as doenças hepáticas desde o diagnóstico clínico até o transplante e conta com 2 cirurgiões, 3 hepatologistas, anestesistas, patologista, intensivista, enfermeiro e auxiliares. O atendimento é feito no Real Instituto de Cirurgia Oncológica.
Saiba mais
O que é o Transplante de Fígado?
É uma cirurgia que consiste na retirada do fígado de um paciente portador de uma doença hepática crônica ou aguda para colocar, no mesmo lugar, um fígado doado pela família de alguém com morte encefálica, ou parte do fígado de um doador vivo (doado por um familiar).
Quando é necessário um Transplante de Fígado?
Qualquer pessoa, criança ou adulto, que tem a vida comprometida por uma doença hepática grave e irreversível pode ser candidato ao transplante de fígado.
Doenças podem levar a necessidade de um transplante
Hepatite B
Hepatite C
Cirrose
Doença Hepática Alcoólica
Doenças autoimunes
Câncer de fígado
Esteatohepatite (hepatite causada pela gordura no fígado)
Grupos de risco
Profissionais de saúde
Usuários de drogas
Pessoas que fazem sexo sem preservativo
Pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1990
Pessoas que já utilizaram piercing ou fizeram tatuagem
Pessoas que utilizam alicates de unha não esterilizados adequadamente

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Relatório da ONU indica um aumento do mercado de drogas ilícitas e medicamentos sem uso medicinal



A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou que uso não medicinal de medicamentos que precisam de prescrição vem crescendo e está se tornando grave problema para a saúde pública no mundo. A informação é proveniente do Relatório Mundial sobre Drogas publicado na última terça-feira (26/06) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Ele constata ainda que o abuso desses opioides tem sido responsável por 76% das mortes envolvendo distúrbios relacionados ao uso de drogas.
De acordo com o relatório, em 2016, a apreensão de opioides farmacêuticos foi semelhante à de heroína, aproximadamente 87 toneladas, entre eles o tramadol e o fentanil. Normalmente, esses remédios são usados para o tratamento da dor crônica, mas os traficantes os fabricam e comercializam ilegalmente, causando assim danos consideráveis à saúde da população. Grande parte das apreensões foram identificadas em países da África, Ásia e América do Norte. Entre 2016 e 2017, a produção mundial de ópio aumentou 65%, atingindo 10.500 toneladas, a mais alta estimativa já registrada pelo UNODC desde o início do século 21. 
O documento mostra ainda o aumento do mercado de drogas ilícitas. Em 2016, a cocaína alcançou o índice mais alto, com uma produção de 1.410 toneladas. A maior parte é proveniente da Colômbia, mas o relatório também demonstra um crescimento do tráfico e consumo da droga na África e na Ásia. Já a cannabis foi a mais consumida por 192 milhões de pessoas, ao longo do último ano. Nos últimos 10 anos, o número de usuários da droga cresceu aproximadamente 16%.
Segundo Yury Fedotov, diretor-executivo do UNODC, o relatório aponta dados preocupantes em relação a ampliação e disseminação das drogas ilícitas e opioides. “As descobertas do Relatório Mundial sobre Drogas deste ano mostram uma expansão dos mercados de drogas ilícitas, com a produção de cocaína e de ópio atingindo recordes altíssimos, o que apresenta vários desafios em diversas frentes”, afirmou. 
Ele destacou ainda que o órgão está empenhado em trabalhar com os países membros para buscar soluções para o problema, bem como para atingir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A pesquisa mostra que o número de usuários de drogas foi de 275 milhões em 2016, o que representa cerca de 5,6% da população global entre 15 e 64 anos. O documento também indica que o público jovem é o mais vulnerável ao uso, principalmente na faixa etária entre 12 e 25 anos.
Outro dado alarmante é o aumento em 60% das mortes causadas pelo uso de drogas e opioides, entre 2000 e 2015. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2018 apresenta uma visão global sobre a fabricação e o consumo de opioides, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e novas substâncias psicoativas, bem como sobre seu impacto na saúde. 

O autismo e a forma diferente de ver o mundo


Por Rebeka Gonçalves
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), popularmente conhecido como autismo, é um transtorno do desenvolvimento neurológico caracterizado pela falta de habilidade para interagir socialmente, pela dificuldade para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos e pela repetição de determinados comportamentos. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que 1% da população brasileira tenha autismo.
Em 2012, o governo brasileiro criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), em conformidade com a Lei Federal nº 12.765. Segundo ela, o portador da doença deve ser considerado uma pessoa com deficiência para todos os efeitos legais.
“O autismo é um jeito de ser no mundo. Não fossem os padrões adotados pelas sociedades humanas ditos “normais”, talvez o autismo nem fosse considerado um desafio a superar, apenas uma forma diferente de sentir a vida e tudo o que está em volta”, avalia Karla Bonfim, pediatra do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira.
De acordo com a pediatra, existe um guia internacional para o diagnóstico e a estatística de transtornos mentais, o DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) que classifica o autismo no capítulo dos Transtornos do Neurodesenvolvimento. 
“É um espectro porque não há uma criança autista igual a outra. Há diversidades nas dimensões de comunicação com as pessoas, nos interesses da criança, que tendem a ser mais restritos e nos movimentos do corpo, que tendem a ser repetitivos. Crianças autistas que encontram o amor incondicional de suas famílias têm maior chance de transformações positivas do neurodesenvolvimento”, explica Karla Bonfim. 
O atendimento do autista é feito nos centros especializados em reabilitação por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e compreende uma avaliação multiprofissional que é realizada por uma equipe formada por médico psiquiatra ou neurologista e profissionais da área de reabilitação, com a finalidade de estabelecer o impacto no desenvolvimento global do indivíduo.
Lucas Laporte foi diagnosticado com autismo aos dois anos de idade e sua mãe Luciana concedeu entrevista ao Blog Saúde e Bem Estar para contar um pouco sobre as lutas e transformações positivas que eles passaram juntos.    
SBE: Como foi a descoberta de ter um filho autista? 
Luciana Laporte: Eu descobri tarde que Lucas tinha autismo e ele também tem uma síndrome do X frágil. Ele ia fazer dois anos, quando a médica suspeitou do autismo. Ele tinha toda uma dificuldade com os movimentos, não segurava o pescoço, só que eu era mãe de primeira viagem, então eu não sabia. Mas como meu sogro era médico, ele foi percebendo que tinha alguma coisa errada. Aí fui em busca de vários médicos, pois eu só queria correr atrás de fazer alguma coisa para ajudar meu filho, pois seja lá o que ele tivesse, eu já ia cuidando. Fui para vários pediatras, neurologistas e todos eles disseram para voltar daqui a seis meses que ele não tinha nada. Mas, realmente ele tinha uma boca muito flácida, ele ficava com a língua para fora o tempo todo e a cabeça não levantava, o pescoço era caído.
Até hoje, eu não tive aquele luto que as mães costumam ter, algumas não gostam de falar sobre o assunto. Mesmo dentro do grupo só para autista, com diferentes graus. Para mim, isso foi o mínimo, porque eu já tinha descoberto a síndrome do X frágil, já tinha sido um choque. Quando eu descobrir que ele tinha o autismo não foi tão ruim porque já tinha o diagnóstico da síndrome, aí quando o autismo chegou para mim era tudo muito parecido então eu não me assustei, eu corri muito e não tive tempo de me fazer essa pergunta. 
SBE: O que você sabia sobre essa condição antes de vivenciá-la? 
Luciana Laporte: Não sabia nada. Naquele tempo, era bem pior, porque não via na rua, não percebia. Agora as pessoas estão mais conscientizadas. Mas, naquela época, não tinha o dia 2 de abril, dia da conscientização do autismo. Então, está se divulgando muito mais. Também não sei se era porque não tinha ninguém na família. Se o tratamento hoje ainda é ruim e tem um déficit muito grande, imagine naquele tempo. Então eu não via de jeito nenhum, não observava.  
SBE: Quais são as dificuldades de desenvolvimento apresentadas pelo seu filho por conta do autismo e como vocês o ajudam a vencê-las?
Luciana Laporte: A principal dificuldade dele é em relação ao comportamento, pois oscila muito. Tanto faz ele está bem, como faz ele está chorando. Ele tinha muitas crises de oscilação, mas hoje ele está muito melhor, devido a medicação. Ele toma um coquetel, pois não existe uma medicação específica para a condição de ser autista, de melhora dos comportamentos. 
Lucas batia muito na cabeça, que é uma coisa auto lesiva, eram murros e murros do nada. Os pais têm que descobrir o que está levando o autista a ter esse tipo de comportamento, depois de descobrir tem que tentar extinguir e mudar para outro que seja benéfico para ele. Então, as analistas tanto vinham aqui em casa e ficavam observando quanto eu ia para lá para, assim, descobrirmos o porquê que ele se batia tanto, descartando a parte clínica que era se existia alguma dor, como por exemplo, uma dor de dente, através de exames e consultas. No caso de Lucas era comportamental. 
Outra dificuldade que enfrentei com Lucas foi porque ele não andava, teve que fazer muita fisioterapia. Ele ainda faz fonoaudióloga, pois tem hipersensibilidade ao toque na boca, mas não compromete mais a alimentação. Ele veio comer sólidos com um ano e três meses devido a flacidez muscular da boca. 
Ele também teve dificuldade na interação social, só fui ao shopping com ele uma vez, com os monitores da Afeto, mas ele agora está bem melhor, devido ao tratamento. O tratamento da análise do comportamento é o que ajuda no desenvolvimento. 
SBE: Que tipo de vitórias você tem a contar – dele e de toda a família?
Luciana Laporte: A minha luta com ele é ainda maior porque a minha família é muito distante. Ele tem pai, mas tudo que faz é comigo. Desde que ele tinha seis meses, quem levava para a terapia, escola era eu. O progresso que eu posso dizer é ver meu filho ir a um aniversário e dançar, poder ficar do começo ao fim. Antigamente, ele passava 15 minutos e já queria ir embora e o pai dizia não vale a pena levar, mas eu dizia tem que levar porque esses 15 minutos vão aumentando cada vez mais. A vitória é ver ele hoje frequentando a casa das pessoas, porque nós somos muitos excluídos pela família. Eu tenho uma única irmã e ela nunca quis saber de acolher Lucas, então eu sou muito só. E a minha vitória é ver meu filho na Afeto, a melhor terapia que existe aqui em Recife, que faz análise do comportamento. Dando o direito às mães de saber o que fazer com o filho.
A minha vitória é saber que estou deixando o meu filho muito mais preparado para o mundo, pois um medo que todas nós temos é sobre como irão ficar nossos filhos quando não estivermos mais aqui. Então, todo dia eu tento uma nova conquista. Eu não estou plenamente tranquila. Nenhuma mãe de autista está. Porque é muito difícil. A minha conquista é estar tendo força para lutar pelo meu filho todos os dias, a cada dia da minha vida. Enfim, minha luta é constante para que ele tenha benefícios sempre. 
Atualmente, uma das grandes conquistas é conseguir levá-lo a restaurantes. Comecei com a pizzaria do lado da Afeto, indo aos pouquinhos, até ele ficar sentado e comer a pizza toda. Conquista que conseguir com Lucas aos 18 anos.   
SBE: Qual o recado você dá para mães e pais que estão vivendo a descoberta de ter um filho autista?
Luciana Laporte: Isso depende de cada um. Eu não tive tempo de sentir o luto. Eu corri muito atrás e fui procurar não perder tempo. Esse sentimento vem de cada um, o meu foi de correr atrás dos progressos, para que pudesse ter êxito. Quanto mais você enfrenta, vai à luta, mais você consegue amenizar as questões. Quanto mais você tratar o seu filho, mais independente e mais conquistas você vai ter. 
O que tenho a dizer aos pais é que nunca percam a esperança, que seu filho progride sim, independente do grau. Isso é uma condição de ser diferente, não é uma doença. Então, que nunca desistam. Por mais que seja difícil, a questão é terapêutica, de estar indo para clínicas multidisciplinares. 
Que se tenha muita força e não desista nunca, independente de qual problema for. Cair, chorar, se desesperar, isso é muito normal no nosso mundo autista. Mas não pode se entregar. Não pode descartar nenhuma possibilidade de tratamento, porque quanto mais novo ele começar o tratamento adequado, melhor será o progresso na adolescência e vida adulta.   
Instituições que atendem autistas em Recife: 
Clínica Somar Recife 
Unidade 1: Rua Marques de Maricá, 48, Torre – Recife/PE
Tel:. (81) 3441.5656 / (81) 3039.5656
Unidade 2: Rua Dona Benvinda de Farias,465, Boa Viagem – Recife/PE
Tel:. (81)3465.3913

Clínica Afeto
Rua Inácio Galvão Dos Santos, 309, Encruzilhada – Recife/PE
CEP: 52041-210 
Tel:. (81) 3877.1942 / (81) 3124.4040
E-mail: ass_afeto@hotmail.com

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Diabetes acomete mais 13 milhões de brasileiros


Hábitos saudáveis ajudam no controle da doença
Atualmente, mais de 13 milhões de pessoas convivem com a diabetes no Brasil, o que representa cerca de 7% da população. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, esse número vem crescendo e a demora no diagnóstico pode agravar o quadro do paciente. Trata-se de uma doença crônica decorrente da deficiência da insulina no organismo, hormônio produzido pelo pâncreas que tem como função regular a quantidade de glicose no sangue. 
O paciente diabético não produz insulina adequadamente e, consequentemente, não consegue controlar o nível de açúcar, o que ocasiona o aumento da substância no corpo, a chamada hiperglicemia. Quando não tratada, a diabetes pode causar danos em vários órgãos, vasos sanguíneos e nervos.
O endocrinologista Fábio Moura explica que muitos portadores da doença não apresentam sintomas, o que pode dificultar o diagnóstico precoce. “50% dos pacientes com diabetes são assintomáticos. A outra metade pode ter perda de peso involuntária, urinar muito, beber muita água, ter uma coceira sem causa óbvia, vários sintomas específicos”, esclarece.
Tipos
As formas mais conhecidas são a diabetes tipo 1 e tipo 2. A primeira acomete entre 5% a 10% dos indivíduos com a doença e acontece quando o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta, responsáveis pela produção do hormônio. Em geral, tem maior frequência em crianças e adolescentes, mas pode ocorrer em adultos também. Já o tipo 2 se caracteriza pela ausência da insulina ou pelo uso inadequado da mesma pelo organismo. Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm essa forma e, ao contrário do primeiro, se manifesta mais em adultos.
Existem ainda duas outras apresentações da doença, a Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA) e a diabetes gestacional. Alguns portadores do tipo 2 podem desenvolver a LADA, que é  um processo autoimune onde o doente perde as células beta do pâncreas. Já a gestacional, é uma condição temporária que pode ocorrer em cerca de 2% a 4% das gestantes. Ela também aumenta o risco do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê.
Sinais de alerta
Existem alguns sinais de alerta que valem a pena ser investigados e podem ser indícios de ter a doença, como já ter um diagnóstico de pré-diabetes, pressão alta, colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue, estar acima do peso, ter parente de primeiro grau com a doença (pai, irmão), ter alguma outra enfermidade que possa estar associada ao diabetes (como a doença renal crônica), diabetes gestacional, síndrome de ovários policísticos.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico pode ser feito através de um simples exame de sangue para aferir o nível de glicose no organismo. A glicemia normal em jejum não deve ultrapassar os 100 mg/dL e, duas horas após a refeição, não deve ser maior que 140 mg/dl.
O tratamento e controle pode ser feito por meio de um monitor de glicemia, medicações e, às vezes, por injeções de insulina. Os remédios estão sempre evoluindo e ajudam o pâncreas a produzir mais insulina. Contudo, só o médico poderá indicar qual o melhor tratamento para cada caso. Vale ressaltar que nem sempre o uso de medicamentos é necessário, algumas vezes a mudança no estilo de vida pode ser suficiente.
Segundo Fábio Moura, já existem avanços em relação ao tratamento e controle da diabetes. “Existem drogas com maior capacidade de diminuição da glicemia, de causar perda de peso e não causar hipoglicemia, além de equipamentos mais modernos para monitorar a glicose”, afirma o especialista.
No entanto, o endocrinologista alerta que o grande desafio está relacionado com a educação e conscientização dos doentes. “O grande desafio é a educação dos pacientes sobre a importância da mudança do estilo de vida. Outro grande desafio é o acesso a essas mudanças”, enfatiza.
O paciente diabético precisa adotar hábitos saudáveis como praticar atividade física, evitar o fumo, manter o peso ideal e ter uma alimentação balanceada, regulando a quantidade de doces e gordura consumidos. Exercícios regulares ajudam a reduzir as taxas de açúcar no sangue, pois exigem uma queima maior de energia.

Conheça os benefícios do futebol para a saúde


Especialista fala sobre as principais lesões associadas ao esporte

Com o início da Copa do Mundo, o Blog Saúde e Bem Estar vai apresentar alguns benefícios que o futebol pode trazer para sua saúde. Assim como os cuidados para evitar lesões durante o jogo. A modalidade melhora o condicionamento físico, trabalhando os músculos, panturrilhas, coxas, glúteos, costas e abdômen. Por ser uma atividade aeróbica, o futebol também ajuda na perda de peso. Além disso, melhora a concentração e ajuda na disposição para outras atividades do dia a dia. 
Mas é preciso ter alguns cuidados com a prática do esporte. Assim como em outras modalidades, é fundamental realizar uma avaliação física, associar o futebol com a musculação para melhorar o condicionamento e evitar lesões musculares, fazer um aquecimento antes das partidas, manter uma boa hidratação e alimentação.
“A melhor prevenção é um bom condicionamento físico, bom senso na hora de dividir a bola com o adversário e um  aquecimento adequado. A FIFA, na copa da África de 2014, elaborou o programa 11+. Um programa de aquecimento que demora 15 minutos, mas ajuda a evitar lesões. Esse programa da FIFA foi se aperfeiçoando constantemente e expandiu-se para outros esportes de impacto e contato como vôlei e basquete”, alerta Tiago Moura, ortopedista da Clínica de Saúde do Cabo. 
O especialista explica ainda que as lesões nas pessoas que jogam futebol podem ter gravidade muito variável. Em geral, são apenas contusões, ou seja, traumas no local da dor, como uma chute na perna ou no pé do adversário. “De forma geral, o "peladeiro" sempre sai da partida com alguma pancada, ou seja, com uma contusão. Outra bem comum é o estiramento muscular. Mas a gravidade das lesões depende muito da energia do trauma e mesmo sozinho você pode se machucar muito, a exemplo do Ronaldinho fenômeno que rompeu o tendão patelar enquanto tentava driblar um adversário. Nas lesões mais graves, a mais comum é a lesão do ligamento cruzado anterior, foi esta que infelizmente tirou Daniel Alves da copa da Russia”, esclarece.
O exercício físico é recomendado por todos os médicos e profissionais de saúde para evitar doenças e manter a qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sedentarismo é o quarto fator de risco de morte no mundo. A entidade estima que, anualmente, mais de três milhões de pessoas perdem a vida vítimas das doenças adquiridas pela falta de atividade física como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares.
A OMS calcula que 31% dos adultos com 15 anos ou mais não praticam atividades físicas suficientes. De acordo com uma pesquisa da Vigitel 2014, esse índice é de 48,7% entre os adultos brasileiros. O Ministério da Saúde pretende atingir a meta de reduzir esse índice para 10% da população acima dos 18 anos, até 2025.

terça-feira, 26 de junho de 2018

ONU divulga estudo sobre o contrabando de drogas por migrantes



No dia 13 de junho, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) divulgou um estudo que constata que 2,5 milhões de migrantes foram alvo do contrabando de drogas em 2016. Segundo a pesquisa, o tráfico ocorreu em todas as regiões do mundo e gerou renda de até 7 bilhões de dólares para os traficantes. O valor é equivalente ao que foi gasto em ajuda humanitária pelos Estados Unidos ou pelos países da União Europeia no mesmo ano.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), milhares de pessoas morrem decorrentes de atividades do contrabando de migrantes anualmente. Muitos morrem afogados, enquanto outros morrem devido a acidentes ou condições extremas. Segundo os registros, o Mediterrâneo parece ser a rota mais mortal, com cerca de 50% do total de mortes.
O estudo relata que existem 30 grandes rotas de tráfico em todo o mundo. Além disso, constata que os refugiados são alvo fácil dos criminosos por não conseguirem um meio legal para saírem de seus países de origem. Outro dado relevante é sobre o grande fluxo de crianças desacompanhadas que são mais suscetíveis ​​a fraudes e abusos por parte dos traficantes. De acordo com a pesquisa, em 2016, quase 34 mil crianças desacompanhadas e separadas chegaram à Europa (na Grécia, Itália, Bulgária e Espanha).
“Este crime transnacional ataca os mais vulneráveis ​​dos vulneráveis”, disse Jean-Luc Lemahieu, diretor de análise de políticas e assuntos públicos do UNODC. “É um crime global que requer ação global, incluindo melhor cooperação regional e internacional e respostas da justiça criminal nacional”, alerta.
De acordo com o departamento da ONU, combater o tráfico de migrantes requer uma abordagem que leve em conta não apenas a geografia do crime, mas também seus diferentes fatores. Entre eles o combate às redes de contrabando através de uma melhor cooperação regional e internacional. Bem como, tornar mais acessível a regularização dos refugiados, incluindo a expansão das agências de migração e asilo nas áreas de origem, o que reduziria as chances de ação dos criminosos.
Fonte: ONU/UNODC

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável podem ajudar no combate às drogas



O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) divulgou uma nota técnica sobre o problema mundial das drogas e os avanços recentes da política brasileira sobre drogas. De acordo com a nota, o problema do uso de drogas é global e interligado com todos os aspectos do desenvolvimento sustentável. Por isso, é essencial buscar atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) como forma de apoio no combate às drogas. Confira os ODS e como atingi-los pode ajudar na batalha contra as drogas:
ODS 10 - Reduzir a desigualdade nos países e dentro deles
É importante ressaltar que a dificuldade em aceitar ou entender que a dependência química é uma condição de saúde alimenta o ciclo de marginalização que em geral afeta pessoas com transtornos relacionados ao uso de drogas, dificultando o seu tratamento e integração social.
A estigmatização em relação às pessoas que usam drogas pode representar uma grande barreira no acesso destas pessoas às ações de cuidado em saúde, como demonstrou o estudo do pesquisador brasileiro Telmo Ronzani citado no relatório.
O relatório cita a pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz que indicou um perfil de vulnerabilidade social entre usuários de crack que antecede o uso de crack, mas também pode ser agravado por ele. Essa pesquisa quantitativa foi recentemente aprofundada no Brasil com uma investigação sociológica que buscou reconstituir trajetórias de vida de usuários de crack (“Crack e Exclusão Social”- Organizador: Jessé Souza).
Dessa forma, além de políticas de prevenção voltadas à promoção da educação e do bem-estar e de cuidado no campo da saúde para ações tratamento, reabilitação e reintegração social, com base em evidência, essas políticas também demandam um robusto componente de enfrentamento ao estigma e de promoção da equidade de gênero e dos direitos humanos de uma forma mais ampla.
Dessa forma, o ODS 10 inclui duas metas que precisam ser consideradas nas políticas sobre drogas:
10.2 Até 2030, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra
10.3 Garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultados, inclusive por meio da eliminação de leis, políticas e práticas discriminatórias e da promoção de legislação, políticas e ações adequadas a este respeito
ODS 3 - Assegurar vidas saudáveis e promover o bem-estar de todas as idades
Explicitamente inclui fortalecer a prevenção e tratamento de abuso de substâncias. Programas voltados à prevenção, ao tratamento, ao cuidado, à reabilitação e à reinserção social desempenham um papel fundamental e se baseados em evidência podem reduzir os impactos negativos para a saúde e sociais relacionados ao uso problemático de drogas.
Desde 2013, em parceria com o UNODC, o Ministério da Saúde (MS) identificou três programas que, na literatura científica internacional, mostraram resultados associados a adiar e evitar o primeiro uso de substâncias psicoativas, além de reduzir o grau de abuso de álcool, tabaco e outras drogas entre o público a que se dirigem. Atualmente a SENAD também vem apoiando a implementação dos três programas:
Além de problemas associados ao uso como o risco de overdose, suicídio, desenvolvimento de transtornos mentais, é preciso considerar que pessoas que fazem o uso injetável ou não são mais vulneráveis em relação à transmissão do HIV e das hepatites virais, bem como enfrentam maior dificuldade de acesso a serviços em função do estigma e do preconceito em relação ao uso de drogas.
No Brasil, estudo realizado pela Fiocruz revelou que pessoas que fazem uso de crack e/ou similares apresentam uma prevalência do HIV oito vezes mais alta do que a população em geral.
Portanto, para além da relação direta entre uso de drogas injetáveis de forma não segura e a transmissão do HIV ou da hepatite C, estudos tem demonstrado que é preciso considerar também a maior vulnerabilidade de pessoas que fazem o uso de estimulantes como a cocaína e anfetaminas e sua relação com o sexo desprotegido.
Três quartos da população global ainda não têm acesso a medicamentos contendo drogas narcóticas e tem tratamento inadequado para tratar dores moderas a fortes. A importância de disponibilização de medicamentos essenciais, que tipicamente incluem drogas controladas foi reconhecida na meta 3.b dos ODS.
ODS 5 - Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
Aponta para a necessidade de que políticas sobre drogas reconheçam que há diferenças importantes entre homens e mulheres que fazem uso de drogas em relação aos padrões de uso e também às vulnerabilidades associadas.
Pela predominância masculina no uso de certos tipos de drogas, há o risco de que a rede de cuidado possa não corresponder às especificidades das demandas de mulheres que fazem uso de drogas, representando barreiras no acesso aos serviços.
Mulheres com quadro de dependência de drogas e que vivem com HIV em geral são mais vulneráveis e estigmatizadas do que homens. Essas mulheres tem mais chance de terem sido vítimas de violência e abuso, em especial de violência doméstica.
Neste sentido, vale ressaltar mais um dado da pesquisa realizada pela Fiocruz entre usuários de crack e/ou similares, na qual a proporção de mulheres que relataram ter sofrido violência sexual alguma vez na vida foi seis vezes maior que a relatada pelos homens (respectivamente, 46,63% e 7,49%). O que demonstra a necessidade e o desafio para os países, incluindo o Brasil, de desenvolver políticas e ações que incluam a perspectiva de gênero.
Mulheres infratoras, especialmente com algum transtorno relacionado ao uso de drogas, enfrentam várias barreiras no sistema de justiça criminal, visto que em geral esses sistemas não são devidamente equipados para atender suas especificidades.
ODS 1 - Acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares 
O uso de drogas geralmente afeta as pessoas durante seus anos mais produtivos, prejudicando o seu desenvolvimento e de suas comunidades. O problema das drogas afeta, ainda que de forma variada, países tanto desenvolvidos como em desenvolvimento. 
A relação entre desenvolvimento econômico e drogas é particularmente evidente no caso do cultivo ilícito de drogas. Em áreas rurais, elementos socioeconômicos, como pobreza e a falta de uma cultura de subsistência sustentável são fatores de risco que levam fazendeiros a se engajar na cultivação ilícita, que também é uma manifestação de escassos níveis de desenvolvimento ligados à segurança e governança.
ODS 16 - Promover sociedades pacífica e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar acesso à justiça para todos e construir instituições responsáveis e inclusivas em todos os níveis
Esse objetivo diz respeito principalmente aos esforços em fortalecer o Estado de Direito e o acesso à justiça e combater a corrupção e o crime organizado. O uso de drogas desencadeia diferentes níveis de violência, relacionados com o seu efeito psicoativo ou como meio de obter recursos para sua compra.
Em relação ao acesso à justiça, no Brasil é importante destacar o desafio do acesso à justiça em relação às mulheres, segundo o relatório do Ministério da Justiça sobre mulheres encarceradas, no período de 2000 a 2014 o aumento da população feminina foi de 567,4%, enquanto a média de crescimento masculino, no mesmo período, foi de 220,20%.
Isso reflete, assim, a curva ascendente do encarceramento em massa de mulheres. São mulheres jovens, têm filhos, são as responsáveis pela provisão do sustento familiar, possuem baixa escolaridade, são oriundas de extratos sociais desfavorecidos economicamente e exerciam atividades de trabalho informal em período anterior ao aprisionamento.
Em torno de 68% dessas mulheres possuem vinculação penal por envolvimento com o tráfico de drogas não relacionado às maiores redes de organizações criminosas.
Portanto, o desafio de que a política de drogas no Brasil e na região tenham uma perspectiva de gênero é fundamental.
Cabe aqui também destacar a recente decisão do STF, tirar o caráter hediondo da condenação de dois homens condenados por tráfico de drogas que eram réus primários, tinham bons antecedentes, não se dedicavam ao crime nem integravam uma organização criminosa.
Esta decisão certamente terá impacto futuro na questão da superlotação carcerária causada por penas que tem sido consideradas, inclusive por próprios ministros do STF como “desproporcionais” em relação a condutas de pequenos traficantes, sobretudo mulheres.
Dados de 2014 do Ministério da Justiça apontam no país uma população carcerária de 622.202 pessoas, das quais 174.216 (28%) foram condenadas por delitos relacionados às drogas.
ODS 17 - Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
Esses objetivos têm uma relação forte com os princípios de cooperação internacional e responsabilidades compartilhadas, incorporados nas convenções de controle de drogas. Entretanto, assistência oficial para o desenvolvimento aumentou, enquanto assistência para setores relativos a drogas diminuiu significativamente desde 2008.
Esforços para eliminar cultivo ilícito podem impactar fonte de renda e oportunidades de emprego de camponeses. Pesquisas mostram que esses esforços só terão um impacto positivo se eles incluírem medidas de desenvolvimento que garantam alternativas de subsistência e restaurem a segurança e a força da lei.
Intervenções que visam a fortalecer a influência da lei, o alicerce do desenvolvimento sustentável, podem influenciar a disponibilidade de drogas no mercado ilícito ao reduzir o abastecimento através da interdição e aumentando o risco para os traficantes. Isso leva a um aumento de preço nos mercados consumidores.
Entretanto, isso pode gerar violência, especialmente quando afetam a estrutura interna e externa desses mercados ilegais. Esses esforços devem ser pensados a longo prazo e direcionados a todos os protagonistas e elementos do tráfico de drogas, pois, caso contrário, podem gerar um aumento de violência.
Prevenção, intervenção precoce, reabilitação, cuidados e medidas de integração social para usuários de drogas, baseados em evidências científicas, reduzem o uso de drogas e seus efeitos na saúde pública, um dos componentes mais importantes do bem-estar da sociedade. Esses benefícios afetam tanto os usuários quanto a sociedade em geral, mostrando-se eficazes na prevenção de HIV e hepatites virais.
Fonte: ONU/UNODC