terça-feira, 31 de julho de 2018

'Viagra do Himalaia': o fungo parasita 'afrodisíaco' mais caro que ouro



Para alguns, não passaria da carcaça de uma lagarta. Mas, para muitas outras pessoas, trata-se de um produto extremamente valioso - e cada vez mais escasso. O yakasumba é um fungo que cresce em altitudes de 3 mil a 5 mil metros e só é encontrado na região dos Himalaias - em regiões como Nepal, Índia, Butão e no Tibete. Ele se forma quando o fungo, na terra, ataca e disseca uma lagarta. Especialistas em medicina tradicional dizem que ele é eficaz contra impotência, asma e câncer.
Esse efeito torna o Yarsagumba, também conhecido como o 'Viagra do Himalaia', mais valioso do que ouro. Um quilo do fungo pode custar US$ 100 mil (R$ 386,3 mil), mais do que o dobro dos US$ 40 mil cobrado pelo quilo de ouro. Isso faz com que, entre maio e junho, vilarejos nos Himalaias fiquem desertos - seus moradores foram para as montanhas coletá-los.
Mas trabalhar a essas altitudes é perigoso. “É muito frio aqui. Às vezes, somos pegos pela chuva. Já enfrentamos avalanches algumas vezes”, conta Sita Gurung, que coleta o fungo. “Se a avalanche é muito grande, pode carregar todos nós. É assustador.”
Cada um rende de US$ 3,50 a US$ 4,50 para os moradores dos vilarejos. Depois, o fungo é exportado para países como China, Cingapura, Estados Unidos, Reino Unido, Coreia, Japão, Mianmar e Tailândia, onde um grama do yakasumba pode custar até US$ 100. 
O yakasumba responde por 56% da renda anual dos moradores desses vilarejos. “Graça ao yakasumba, posso comprar roupas novas. Tenho dinheiro para visitar Katmandu e não dependo de ninguém financeiramente”, diz Sita Gurung.
Mas especialistas alertam que o yakasumba está cada vez mais escasso por causa do excesso de colheita e do aquecimento global. “Antes, a gente achava muitos yakasumbas, às vezes, cem por dia. Agora, achamos de 2 a 20 - às vezes, voltamos para casa de mãos vazias.”
Matéria original no site da BBC Brasil, disponível aqui.

Ministério da Saúde regulariza distribuição da vacina meningocócica C



O Ministério da Saúde estará regularizando a distrbuição da vacina meningocócica C a partir do mês de agosto, em todo o país. O órgão informou que a vacina será distribuída aos estados de forma reduzida devido a atrasos na entrega pelo laboratório produtor, a Fundação Ezequiel Dias (FUNED). A vacina meningocócica C (conjugada) faz parte do calendário nacional de vacinação, devendo ser aplicada aos 3 meses, 5 meses, com reforço aos 12 meses. As crianças que não receberam o reforço com 1 ano podem tomar a vacina até os 4 anos de idade.
Até que a situação seja normalizada, o Ministério tem orientado os municípios com estoque reduzido a realizarem agendamento da vacinação, de acordo com a disponibilidade das doses. A pasta confirma ainda que até o final de agosto todos os estados receberão os imunobiológicos através da Central de Armazenagem e Distribuição de Insumos Estratégicos (Cenadi), do Ministério da Saúde, cabendo às secretarias estaduais o abastecimento dos postos de vacinação.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Ceatox registra aumento nos atendimentos de acidentes com escorpião




O Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox-PE) registrou 1.775 atendimentos no primeiro semestre deste ano. O número indica um aumento de 8% em relação ao mesmo período de 2017, quando foram contabilizados 1.631 atendimentos. Os acidentes com escorpião são a principal demanda do Ceatox, seguido pelas intoxicações por medicamentos. 
“Observamos que o maior quantitativo de acidentes, seja envolvendo animais peçonhentos, em específico o escorpião, e as intoxicações por medicamentos, acontecem em crianças. É muito importante ter cuidado com o armazenamento de cosméticos, medicamentos e produtos de limpeza dentro das residências. Acontecendo acidente, o Ceatox está à disposição para orientar a população e, principalmente, para fazer o acompanhamento do caso em parceria com os profissionais de saúde responsáveis pelo atendimento do paciente”, destaca Lucineide Porto, coordenadora do Ceatox/PE. 
Este ano, foram realizados 674 atendimentos às vítimas dos escorpiões (em 2017 foram 610, no mesmo período). De acordo com um levantamento realizado pelo centro, crianças na faixa etária de 1 a 4 anos são as mais acometidas. Para evitar as ocorrências, a população precisa estar atenta com a concentração de entulhos e lixo próximo a residência, tapar buracos e frestas existentes, limpar constantemente ralos de banheiros, além de evitar a presença de baratas e outros insetos, principais presas do escorpião. Caso identifique a presença do animal na residência, é necessário entrar com contato com a vigilância ambiental municipal e solicitar uma visita ao imóvel. 
Com relação aos casos de intoxicação medicamentosa, foram atendidas 608 pessoas no primeiro semestre deste ano, 156 delas eram crianças entre 1 e 4 anos. A coordenadora do Ceatox/PE orienta sobre os cuidados com o armazenamento de remédios para evitar acidentes. “Os pais ou responsáveis precisam ficar atentos ao armazenamento dos fármacos, que muitas vezes são coloridos e podem ser confundidos por alguma guloseima. É importante que os medicamentos fiquem guardados em locais altos ou em recipientes trancados”, enfatiza Lucineide Porto. 
Picadas por serpentes e intoxicações por chumbinho também são atendimentos frequentes no Centro. Este ano, 322 pessoas foram acometidas por cobras no Estado e, diferentemente dos casos envolvendo os escorpiões, os adultos jovens (20 a 39 anos) foram os mais atingidos. Os envenenamentos por chumbinho também representam um importante quantitativo de atendimentos. No primeiro semestre, 171 casos tiveram relação com um agrotóxico agrícola popularmente conhecido como chumbinho, que é utilizado ilegalmente como raticida. O número representa uma redução de 15% em relação a 2017 (203 casos). Contudo, os óbitos do período permaneceram inalterados: 21 em cada ano. 
A coordenadora do Centro explica que o produto é vendido clandestinamente como eficiente para matar ratos e ressalta que essa informação é equivocada. “O chumbinho não é eficaz contra as colônias de rato. Esse produto ainda é perigoso para os seres humanos, pois sua ingestão pode causar o óbito em poucas horas”, adverte. 
O chumbinho causa problemas no sistema nervoso, respiratório, cardiovascular, digestivo. Após a ingestão, o indivíduo pode apresentar diminuição dos batimentos cardíacos, dor abdominal, distúrbios neurológicos e dificuldade de respirar. Além disso, o produto pode contaminar uma pessoa pelo simples contato com a pele ou respiração. Em caso de ingestão, dependendo da quantidade, pode levar à morte.
O Ceatox atua para auxiliar profissionais de saúde na conduta com pacientes que tiveram algum acidente com animais peçonhentos ou intoxicações exógenas. O Centro também está disponível para tirar dúvidas da população e funciona 24 horas através do telefone 0800 722 6001. 
O que fazer em caso de acidente com escorpiões
Em caso de picada de escorpião, a indicação é lavar o local atingido apenas com água e sabão. Se a vítima for uma criança de até 12 anos, que tem risco de morte, pode haver indicação do uso do soro contra o veneno. Vale ressaltar que menores picados por escorpiões obrigatoriamente não necessitam tomar o soro específico, o que será decidido pela equipe médica do caso. 
No Estado, o soro antiescorpiônico está disponível no Hospital da Restauração (Recife), Hospital Jaboatão-Prazeres (Jaboatão dos Guararapes), Hospital João Murilo (Vitória de Santo Antão) e Hospital Mestre Vitalino (Caruaru). No interior, pode ser encontrado nos hospitais regionais de Limoeiro, Palmares, Garanhuns, Arcoverde, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, Salgueiro, Ouricuri e Petrolina. 
O que fazer em caso de acidente com serpentes
Em caso de picada por cobras, também é preciso lavar o local atingido apenas com água e sabão. Em seguida, é preciso ir até uma unidade que tenha o soro contra o veneno. Em Pernambuco, o antídoto é disponibilizado no Hospital da Restauração (Recife), Hospital Mestre Vitalino (Caruaru), Hospital Ruy de Barros Correia (Arcoverde), Hospital Prof. Agamenon Magalhães (Serra Talhada), Hospital Inácio de Sá (Salgueiro), Hospital Fernando Bezerra (Ouricuri) e Hospital Universitário (Petrolina).

domingo, 29 de julho de 2018

Amamentação: atriz Sheron Menezzes é madrinha da campanha do Ministério da Saúde


A atriz Sheron Menezzes e seu marido Saulo Bernard são os padrinhos da campanha
Para celebrar a  Semana Mundial da Amamentação (01 a 07/08), o Ministério da Saúde lança campanha com o tema Amamentação é a Base da Vida. A campanha tem o objetivo de reforçar a importância do leite materno para o desenvolvimento das crianças até dois anos e exclusivo até os seis meses de vida, orientação preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nos seis primeiros meses de vida, o bebê que mama no peito não precisa de nenhum outro alimento e nem de líquidos, já que o leite materno é completo, sacia a sede, a fome e possui todos os nutrientes necessários para que ele cresça e se desenvolva de maneira saudável. O aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos, além de minimizar casos de diarreia, infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. 
A amamentação também traz inúmeros benefícios para a mãe. Nesta fase, a mulher perde mais rápido o peso que ganhou durante a gestação, reduz o sangramento do útero (que ocorre por um período após o parto), prevenindo anemia, reduzindo as chances de desenvolver osteoporose, câncer de mama, útero e ovário. Além disso, amamentar aproxima e cria um vínculo especial com o filho.
O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, falou sobre a necessidade de incentivar a amamentação e a doação de leite materno. “Quanto mais tempo as crianças são amamentadas, mais elas adquirem resistência às doenças. A mulher que amamenta tem benefícios para sua saúde. Peço que as mães além de amamentar, que também doe leite, que é fundamental para crianças que necessitam de leite materno. Estamos trabalhando para ampliar o número de salas de amamentação nas empresas e dentro dos nossos serviços de saúde”, destacou o ministro. 
Este ano, a atriz Sheron Menezzes e o seu marido Saulo Bernard são os padrinhos da campanha. A atriz relatou um pouco da sua experiência e opinião sobre o assunto. “Amamentação é um assunto que precisa ser levado muito a sério. Eu amamentei até o sexto mês de forma exclusiva e pretendo continuar até os dois anos. A mulher não precisa ter vergonha de amamentar, pois além de ser importante para a formação do bebê é um ato de amor”, reforçou Sheron Menezzes.
Segundo OMS e UNICEF, cerca de 6 milhões de crianças são salvas a cada ano com o aumento de taxas da amamentação exclusiva até o sexto mês de vida. O representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Joaquín Molina, ressaltou a importância dos países envolvidos na Semana Mundial de Amamentação incentivarem o aleitamento materno. 
“O leite materno é um recurso natural capaz de preservar e melhorar a saúde, combater a pobreza e as desigualdades, melhorar a produtividade no trabalho, empoderar as mulheres e proteger a biodiversidade. Funciona como a primeira vacina de um bebê e dá a ele todo o alimento que precisa. A OPAS reafirma o seu apoio ao Brasil no enfrentamento das barreiras que dificultam o livre acesso às medidas de proteção e garantia ao aleitamento materno adequado”, enfatizou.
Os principais fatores que dificultam a amamentação exclusiva são o posicionamento incorreto do bebê no peito, insegurança quanto à quantidade de leite produzido, introdução de chupetas e mamadeiras, falta de apoio da família e retorno ao trabalho da mãe. Por isso, a campanha também pretende orientar às mães sobre como superar esses obstáculos.

Mulheres adotam produtos à base de maconha como estimulante sexual: 'É um grande afrodisíaco'



Por Ayman Al-Juzi/BBC
O casal Adam e Dunia, da Inglaterra, já está há três anos combinando sexo com maconha. "Às vezes, eu uso para acabar com minha ansiedade no quarto", diz ela. Você pode estar imaginando a cena de um casal fumando maconha na cama, mas trata-se de outra coisa.
"Um dos meus produtos favoritos não é psicoativo. É um spray que eu aplico nas minhas áreas íntimas. Eu sinto a região aquecida e confortável, de uma maneira diferente", conta Dunia. 
Eles são parte de um grupo crescente de pessoas que estão buscando produtos à base de cannabis para potencializar suas experiências sexuais. São cremes, sprays, velas, óleos ou flores – muitos deles não são psicoativos, ou seja, não alteram a consciência.
"Quando eu uso cannabis, eu me liberto de pensamentos de baixa autoestima. Meu corpo e minha mente vão para um lugar de paz", diz Dunia.
O uso da maconha para acentuar a experiência sexual não é de hoje. As mulheres do Antigo Egito já aplicavam um mel com infusão de cannabis nos órgãos sexuais. Alguns hindus acreditavam no poder afrodisíaco de uma infusão de cannabis, chamada de bhang lassi
Com o afrouxamento de leis relativas à maconha em alguns lugares do mundo, a quantidade de interessados nesses produtos está crescendo. Fabricantes nos Estados Unidos, por exemplo, relatam dificuldades para dar conta dos pedidos – vindos do Brasil, inclusive.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a compra de produtos importados à base de cannabis não é ilegal, desde que acompanhada de uma receita médica informando a indicação terapêutica. Caso contrário, pode configurar tráfico de drogas.
Mulheres relatam mais prazer
Ashley Manta, terapeuta sexual na Califórnia, tem uma clínica de terapia e educação sexual baseada nos supostos poderes da maconha – que é lícita no Estado americano. 
"Eu ajudo as pessoas a assumirem o controle de suas vidas sexuais, melhorando suas experiências a partir do uso dessa planta milagrosa chamada cannabis", disse ela à BBC.
Na clínica, o uso de cannabis é discutido cuidadosamente: quando usar, qual a dosagem indicada e métodos de consumo. 
"Trata-se de combinar cannabis e sexo atentamente, escolhendo os produtos e marcas que você quer consumir ou aplicar no seu corpo para aumentar o prazer e a intimidade e elevar a sensação de conforto e confiança", explica a terapeuta.
Ashley, que já experimentou os produtos, diz que a experiência é muito prazerosa para as mulheres. "Há muitos produtos feitos para a vulva (parte externa dos órgãos femininos), como sprays e cremes, por causa da forma que o órgão parece absorver as substâncias presentes na cannabis."
Porém, ninguém realmente estudou se a vagina absorve de fato a cannabis. Há apenas relatos de mulheres, muitos deles positivos. 
"Meu produto favorito é o óleo spray de cannabis. Depois de deixar o óleo em contato com minha vulva por cerca de 20 minutos, sinto um calor ou formigamento, sinto mais conforto com a penetração e mais facilidade para atingir os orgasmos, que também são mais intensos."
Efeito pode ser negativo para homens
Enquanto Dunia usa produtos à base de cannabis, seu parceiro Adam gosta de fumar antes do sexo. "Eu acho que é um grande afrodisíaco", diz ele. "Intensifica as sensações e aumenta a duração do prazer."
Porém, a despeito dos efeitos positivos que Adam sente, alguns estudos demonstraram que a cannabis pode surtir impactos negativos na performance sexual dos homens. 
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Internacional de Medicina Sexual, em 2011, apontou que a maconha tinha um efeito inibitório em alguns receptores dos tecidos eréteis.
Outro estudo mostrou que homens que consomem maconha diariamente têm duas vezes mais chance de ter disfunção erétil.
Médico recomenda cautela
Mark Lawton, porta-voz da Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV, acredita que as pessoas devem ser cautelosas sobre o uso de drogas durante o sexo. 
"Substâncias como cannabis, assim como o álcool, podem prejudicar a capacidade de julgamento. Nós sabemos que o uso de camisinha, por exemplo, geralmente diminui quando as pessoas bebem ou usam drogas recreativas antes ou durante o sexo. Sob os efeitos da substância, a pessoa pode tomar escolhas que não tomaria de outra forma", considera o médico.
"É preciso ter um pouco de cuidado em relação a substâncias que reduzem a inibição, porque algumas pessoas podem tentar tirar vantagem", acrescenta. 
Alguns produtos usados por mulheres, no entanto, não são psicoativos, gerando efeitos físicos apenas no local de aplicação.
Além disso, o médico reconhece que pode haver espaço para a cannabis nas práticas sexuais. "Há cada vez mais informações sobre alguns componentes da cannabis e seus benefícios médicos. Então, pode ser uma área de pesquisa no futuro." 
"Precisamos de mais pesquisa científica e dados", afirma Ashley Manta. "Por enquanto, temos muitas informações baseadas em experiências práticas. Mas, se já é muito difícil que governos financiem estudos relacionados a maconha e câncer, então imagine o estudo da relação entre cannabis e sexo."
Para a terapeuta sexual, a planta também pode ajudar a tratar traumas sexuais. Durante muito tempo, Ashley sentiu dor durante a penetração. Foi o spray de cannabis, segundo ela, que ajudou a reverter o quadro. "Eu sobrevivi a uma agressão sexual. A cannabis me ajudou a lidar com o transtorno de estresse pós-traumático e com alguns sintomas físicos associados", diz. 
Matéria original no site da BBC Brasil, disponível aqui.

sábado, 28 de julho de 2018

Artigo: Ética, bom senso e educação digital para combater as Fake News


Por Rosa Miranda e Cristiane Sales, em artigo publicado no Blog do Jamildo
O termo “pós-verdade” foi escolhido como a palavra do ano 2016 pelos dicionários britânicos Oxford, vocábulo que surgiu no contexto do ‘Brexit’ (saída britânica da União Europeia) e da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Segundo a definição dos dicionários Oxford, pós-verdade (“post-truth” em inglês) é um adjetivo que faz referência a “circunstâncias em que os factos objetivos têm menos influência na formação de opinião pública do que os apelos emocionais e as opiniões pessoais”.
O surgimento da palavra pós-verdade na linguagem foi “alimentada pela ascensão das redes sociais como fonte de informação e a crescente desconfiança face aos factos apresentados pelo poder estabelecido”, dizem os editores dos dicionários, que explicaram ainda que o prefixo “pós” não é utilizado exclusivamente para referir uma situação ou um acontecimento específico posterior, como pós-guerra, mas também para salientar a rejeição ou irrelevância de um conceito.
Vivemos numa época em que o excesso de informações torna difícil distinguir as notícias verdadeiras das falsas. Cada vez mais o cidadão tem usado a internet como fonte de conhecimento sobre os mais diversos tipos de assuntos, porém, como saber se a fonte é confiável? Atualmente, 40% da população mundial usam as redes sociais. No Brasil, são cerca de 78,3 milhões de pessoas. Elas exponencializaram ainda mais o ritmo da disseminação de notícias falsas, as chamadas fake news. São notícias difíceis de serem identificadas, que aparentam ser verdadeiras, que em algum grau poderiam ser verdade ou que remontam situações para tentar se mostrarem confiáveis.
Não são apenas aquelas irônicas com o intuito de serem engraçadas e chamar a atenção do leitor, muitas vezes buscam disseminar boatos e inverdades, com informações que não são 100% corretas. As redes sociais alavancam as fake news por dois motivos principais: velocidade de circulação e por questões mercadológicas.
Infelizmente, estamos vivendo numa era em que os interesses pessoais, comerciais se sobrepõem às questões éticas, sociais. Destacamos não só os sites, blogs e redes de credibilidade duvidosa mas, sobretudo, meios de comunicação de referência no país e no mundo com posturas equivocadas. As mesmas regras éticas que regem os jornalistas profissionais devem guiar qualquer tipo de controle das fake news. O código de ética dos jornalistas e a lei de acesso à informação são padrões de comportamento que devem ser observados e praticados por todos que divulgam ou compartilham notícias. Informações inverídicas são comparáveis aos crimes virtuais, ou seja, devem seguir as mesmas regras e punições.
Vale ressaltar que os riscos desse tipo de informação no âmbito da saúde podem ser fatais. Uma pesquisa realizada pela Rock Health revelou que 71% dos entrevistados disseram procurar por informações online sobre saúde. Em abril deste ano, o Ministério da Saúde fez um alerta sobre a divulgação de notícias falsas sobre a circulação do vírus da influenza H2N3 no país. Segundo a instituição, um áudio estava se espalhando nas redes sociais e aplicativos de smartphones com informações inverídicas, o que poderia gerar um pânico desnecessário entre os brasileiros.
Recentemente, a revista Veja publicou na matéria de capa da edição 2590, de julho de 2018, o resultado de uma pesquisa feita em seis páginas do Facebook com publicações com altos números de compartilhamento de notícias com fórmulas “milagrosas” relacionadas com a saúde. O cenário é estarrecedor e pode ter consequências gravíssimas à saúde da população. Mas, o dado mais preocupante está relacionado com a velocidade de disseminação das redes, já citada anteriormente. Segundo um estudo do Instituto Reuters, da Universidade de Oxford, realizado em dezembro de 2016, 60% dos entrevistados confirmaram que compartilham notícias pelas redes sociais depois de ler apenas a manchete.
Para além das fake news, é preciso lembrar também a responsabilidade da imprensa ao divulgar informações que podem gerar pânico na população desnecessariamente e tirar a credibilidade de pessoas e/ou instituições. Como exemplo, citamos a reportagem de capa publicada na revista Superinteressante, edição 391 de julho deste ano, que aborda a questão do erro médico apresentando dados alarmantes sobre a atuação desses profissionais. A revista foi amplamente criticada por diversas instituições, entre elas o Conselho Federal de Medicina que afirma que a reportagem trata “casos específicos como se fossem a regra, o que gera impacto negativo na relação médico-paciente” e que “os trabalhos citados se baseiam em projeção de dados com limites reconhecidos pelos seus autores e que, portanto, não permitem extrapolar resultados, como foi feito”. Não estamos aqui querendo dizer que os erros médicos não existem, mas alertar para que as matérias sejam apuradas com maior rigor.
Sabemos que a objetividade é um mito, sempre tivemos uma verdade relativa ou uma meia verdade, mas existem técnicas para se chegar o mais perto possível dela. Decisões que afetam o destino de milhões de seres humanos merecem uma avaliação mais apurada e responsável. Assim, o BOM SENSO precisa ser compartilhado e uma EDUCAÇÃO DIGITAL pode evitar e prevenir crises desencadeadas pelas fake news.

Artigo original no site jblogs.ne10.uol.com.br, disponível aqui.

Hepatites virais: conheça cada uma delas e saiba como evitá-las



As hepatites virais são doenças infecciosas que afetam o fígado por diferentes tipos de vírus. As hepatites A, B e C já podem ser consideradas um grave problema de saúde pública no mundo. Em geral, são doenças assintomáticas e, por isso, ainda diagnosticadas tardiamente. Milhões de pessoas podem ser portadoras de algum vírus e não saber. Os tipos B e C podem causar doenças graves como cirrose e câncer de fígado, e todas elas podem levar o paciente à morte. 
De acordo com o Boletim Epidemiológico 2018, o Brasil registrou 40.198 casos novos de hepatites virais em 2017. Os casos de hepatite A quase dobraram em um ano, em 2016 foram identificados 1.206 ocorrências, já em 2017 o número subiu para 2.086. Em relação ao vírus B, houve uma discreta redução passando de 14.702 em 2016 para 13.482 no ano passado. A Hepatite B é a segunda causa de óbitos entre as hepatites virais. 
O documento destaca ainda que número de casos mais que dobrou nos homens de 20 a 39 anos. Dentre todas, a hepatite C continua tendo a maior notificação, 11,9 casos para cada 100 mil habitantes, sendo responsável por mais de 70% dos óbitos. O documento foi elaborado pelo  Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS).
Recentemente, o Ministério da Saúde lançou um plano para eliminar a Hepatite C até 2030 no país. Entre as medidas estão a simplificação no diagnóstico, a ampliação das testagens e o fortalecimento do atendimento às hepatites virais. O plano, firmado com estados e municípios, define as populações prioritárias para tratamento, além de avaliar a incorporação de novas tecnologias. Atualmente, o tratamento disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) possibilita chance de cura de mais de 90%.
De acordo com Adele Benzaken, diretora do departamento de HIV/Aids e hepatites virais do Ministério da Saúde, o grande desafio está em diagnosticar e tratar os portadores da doença. "A hepatite C é uma doença silenciosa. Muitas pessoas estão com o vírus da hepatite C e não apresentam nenhum sintoma, então diagnosticar e tratar essas pessoas da forma mais rápida possível é essencial para a qualidade de vida dessas pessoas e também para a saúde pública”, destaca.
“Entre 2016 e 2017, a OMS lançou um programa desafiador que era a erradicação da hepatite C até o ano de 2030, isso consiste não só no programa de detecção de novos casos, mas principalmente com o sucesso da nova terapia, onde os novos medicamentos conseguem ter uma resposta virológica sustentada, ou seja, cura desses pacientes acima de 95%. Então, alguns países, como Portugal principalmente, já têm a hepatite C praticamente erradicada e esse é o objetivo que o Brasil também incorporou”, explica Leila Beltrão, hepatologista e presidente do Instituto do Fígado e Transplantes de Pernambuco (IFP).
A distribuição dos tipos varia de acordo com a região do país. O Nordeste concentra a maior proporção das infecções pelo vírus A (30,6%). Na região Sudeste encontram-se os maiores índices dos vírus B e C, com 35,2% e 60,9%, respectivamente. Já no Norte são encontrados 75% do total de casos de hepatite D. 
A prevenção pode ser feita através da vacinação contra as hepatites A e B, além de alguns cuidados como o uso de preservativo nas relações sexuais, utilização de materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagem e de piercings, não compartilhamento de instrumentos de manicure e pedicure, lâminas de barbear ou de depilar, além de não partilhar agulhas, seringas e equipamentos para o uso de drogas. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso no tratamento e pode ser feito através de exames laboratoriais. 
HEPATITE A 
Doença infecciosa causada pelo vírus A (HAV) com transmissão fecal-oral, mais relacionada à contaminação ambiental (água) ou de alimentos e por contato pessoal com pessoas infectadas. O vírus da hepatite A tem distribuição mundial e apresenta maior disseminação em áreas onde são precárias as condições sanitárias e de higiene da população. 
HEPATITE B
Também trata-se de uma enfermidade infecciosa causada pelo vírus B (HBV). A principal forma de contágio é pela relação sexual sem preservativos, pelo sangue – compartilhamento de objetos perfuro cortantes – ou é passada da mãe para o filho durante a gravidez (congênita). A maioria dos casos não apresenta sintomas. Os sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção. 
A hepatite B tem vacina disponível no calendário vacinal para toda a população. Todo recém-nascido deve receber a primeira dose logo após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Em seguida, mais três doses, aos 2, 4 e 6 meses de vida. Se a gestante tiver hepatite B, o recém-nascido deverá receber, além da vacina, a imunoglobulina contra a hepatite B, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão de mãe para filho.
HEPATITE C 
Causada pelo vírus C (HCV), a hepatite C é transmitida pelo contato com sangue contaminado, vias sexuais e transmissão vertical (da mãe para o bebê). Receptores de sangue e derivados, usuários de drogas injetáveis, pacientes de hemodiálise e profissionais de saúde (vítimas de acidentes perfuro cortantes) apresentam alto risco de infecção da doença. Ainda não existe vacina para esse tipo de hepatite, mas ela pode ser diagnosticada facilmente através de um teste rápido, disponibilizado nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) e em postos de saúde.
HEPATITE D
Também conhecida como hepatite Delta, trata-se de um vírus que só infecta portadores da hepatite B. A contaminação se dá de maneira semelhante à hepatite B, ou seja, através da relação sexual desprotegida, contato com sangue infectado, ou da mãe para o filho durante a gravidez. A hepatite D apresenta caráter endêmico nas regiões de alta prevalência para a hepatite B.
HEPATITE E
Com ocorrência rara no Brasil, a hepatite E é uma doença infecciosa causada pelo vírus HEV, sendo mais comum em países da Ásia e África. A forma mais frequente de transmissão é por ingestão de água contaminada, com menor probabilidade de contágio por contato pessoa a pessoa. Assim como os outros tipos, ela quase não apresenta sintomas. Porém, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de 15 a 60 dias após a infecção. A melhor forma de prevenção é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene.

Incidência das hepatites virais no Brasil



Total de óbitos com causa básica por hepatites virais de 2000 a 2016

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Teste rápido de hepatite C na estação central de metrô do Recife



Nesta sexta-feira (27/07), das 8h às 12h, a Secretaria Estadual de Saúde (SES/PE) estará realizando uma ação na Estação Central de Metrô do Recife, para marcar o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, celebrado amanhã (28/07). Durante a ação, organizada pelo Programa Estadual de IST/Aids/HV, serão ofertados 200 testes rápidos para detecção da hepatite C, 200 doses da vacina contra a hepatite B, além da distribuição de preservativos masculinos e femininos e sachês de gel lubrificante.
De acordo com o Boletim Epidemiológico 2018 do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 40.198 casos novos de hepatites virais em 2017. O documento destaca ainda que número de casos mais que dobrou nos homens de 20 a 39 anos. Dentre as hepatites virais, a hepatite C continua tendo a maior notificação, 11,9 casos para cada 100 mil habitantes, sendo responsável por mais de 70% dos óbitos.
"As hepatites virais são doenças que podem ser prevenidas, cada uma com sua particularidade. Para evitá-las, é importante sempre ter cuidado com a higiene dos alimentos, usar camisinha nas relações sexuais e atenção aos materiais perfurocortantes como barbeador, alicates e tesouras de unha, assim como atenção na realização de tatuagens e piercings”, afirma Camila Dantas, gerente do Programa Estadual de IST/Aids/HV. 
Em 2017, Pernambuco registrou 21 casos de hepatite A e apenas 2 óbitos. Em relação à hepatite B, o estado confirmou 179 casos e 8 mortes. No mesmo ano, foram notificadas 226 ocorrências de hepatite C com 44 óbitos. 
Em geral, as hepatites virais não apresentam sintomas. Nos casos avançados, o paciente pode apresentar cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Camila Dantas ressalta ainda que “a vacinação contra as hepatites A e B é um grande ganho para a população, podendo ser realizada nos postos de saúde. O diagnóstico precoce também é uma forma de prevenção, evitando o avanço da doença, e pode ser iniciado com a testagem rápida, no caso das hepatites B e C".
PREVENÇÃO
- Vacinação contra as hepatites A e B;
- Usar preservativo em todas as relações sexuais;
- Exigir materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagem e de piercings;
- Não compartilhar instrumentos de manicure e pedicure;
- Não usar lâminas de barbear ou de depilar de outras pessoas;
- Não compartilhar agulhas, seringas e equipamentos para o uso de drogas.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Cremepe realiza eleição para a gestão 2018-2023



Nos dias 7 e 8 de agosto, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) estará realizando a eleição para gestão 2018-2023 da entidade. A eleição será mista, ou seja, os médicos poderão votar presencialmente ou por correspondência. Os votos via correios só serão válidos se forem recebidos até às 18h do dia 08 de agosto de 2018, na sede do Cremepe. Já a votação presencial pode ser feita nos dois dias, em um dos locais pré-estabelecidos (ver abaixo os locais), das 8h às 20h.
A eleição é regulamentada pela resolução nº 2161/17 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que determina as regras do pleito. Serão escolhidos 20 conselheiros titulares e 20 suplentes por voto direto e secreto. De acordo com a resolução, o voto é obrigatório para todos os médicos, que devem estar adimplentes no Conselho Regional. 
Se o médico não votar e não justificar a ausência do voto até 60 dias após o encerramento da eleição, será aplicada multa eleitoral. Médicos exclusivamente militares não votam, já para os que têm mais de 70 anos o voto facultativo. Os profissionais podem verificar a situação eleitoral através do site eleicoes.cremepe.org.br

Locais de votação:
Cremepe
Simepe
Associação Médica de Pernambuco
Hospital Agamenon Magalhães
Hospital Português - Boa Viagem
Hospital Português – Agamenon Magalhães
Hospital Barão de Lucena
Hospital das Clínicas
Hospital Getúlio Vargas
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP
Hospital dos Servidores – IPSEP
Hospital Universitário Oswaldo Cruz
Hospital Geral Otávio de Freitas
Hospital da Restauração
Hospital Miguel Arraes
Hospital Dom Helder
Hospital Esperança – Olinda
Hospital Fernandes Salsa – Limoeiro
Hospital Regional de Palmares Silvio Magalhães – Palmares
Hospital Regional Dom Moura – Garanhuns
Hospital Regional Rui de Barros Correia – Arcoverde
Hospital Regional Inácio de Sá – Salgueiro
Hospital Regional Fernando Bezerra – Ouricuri
Hospital Regional Emília Câmara – Afogados da Ingazeira
Hospital Belarmino Correia – Goiana
Caruaru - Delegacia do Cremepe
Serra Talhada - Delegacia do Cremepe 
Petrolina - Delegacia do Cremepe

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Documento alerta para risco de descontrole do HIV no mundo por falta de investimento


Cientistas afirmam que a escassez de recursos é uma barreira para atingir a meta da ONU de controle da doença até 2020
Uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet sobre o vírus HIV alerta para o risco de descontrole da Aids no mundo. O estudo, realizado por 47 especialistas no assunto, conclui que a carência de investimentos em pesquisas e campanhas está prejudicando os esforços para conter o avanço da doença.
No relatório, os especialistas afirmam que os recursos investidos no combate ao HIV estabilizou em aproximadamente R$ 74 bilhões nos últimos anos, R$ 27 bilhões a menos do que seria preciso para atingir a meta da UNAids de restringir as novas infecções anuais a 500 mil até 2020. "Apesar do progresso extraordinário na resposta ao HIV, a situação ficou estagnada na última década", disse Linda-Gail Bekker, presidente da Sociedade Internacional de Aids.
A comissão de pesquisadores reforça a necessidade de mudanças urgentes no tratamento e controle da doença, além de enfatizar a importância da colaboração entre profissionais de saúde. Eles defendem, por exemplo, que o teste de HIV seja incluído entre os testes para doenças não contagiosas como diabetes e hipertensão.
A publicação ressalta ainda que a infecção continua persistente em grupos marginalizados, como jovens, especialmente mulheres, e nos países em desenvolvimento. Esses públicos também encontram mais dificuldade de acesso ao tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, os maiores registros de casos da doença estão entre os jovens homossexuais brasileiros.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 37 milhões de pessoas convivem com o vírus HIV/Aids em todo o mundo. Anualmente, surgem 1,8 milhões de novos casos da enfermidade. No Brasil, a doença já atinge mais de 880 mil pessoas e registra cerca de 40 mil novas ocorrências a cada ano, segundo dados do último Boletim Epidemiológico de HIV/Aids do Ministério da Saúde, publicado em dezembro de 2017. 

Atendimento oftalmológico gratuito em São Lourenço da Mata


A expectativa é que 2.100 consultas sejam realizadas até o dia 28 de julho
Uma parceria entre a Prefeitura de São Lourenço da Mata e a Associação Olhar pelo Próximo está proporcionando para a população consultas e exames oftalmológicos gratuitos até o próximo sábado, dia 28 de julho. Os atendimentos estão sendo realizados na Faculdade Joaquim Nabuco, no centro do município, das 9h às 16h. A expectativa é que 2.100 consultas sejam feitas durante o mutirão, que atenderá preferencialmente idosos, pessoas com problemas de visão e crianças com necessidades especiais.
Além dos atendimentos, os pacientes também receberão orientações por meio de uma palestra sobre a importância do cuidado com a saúde dos olhos. Para Heron Lopes, palestrante da Olhar pelo Próximo, a ideia do projeto é beneficiar o máximo de pessoas que moram no município. “A visão é um dos fatores que mais precisam de cuidado. E sabendo da dificuldade da população em conseguir acesso à oftalmologia, criamos esse projeto e já passamos por diversas cidades. As prefeituras nos procuram para firmar parceria e oferecer esse serviço à população, como ocorreu aqui em São Lourenço. A ideia é realizar as consultas para o máximo de pessoas no município”, explica Heron.
Maria do Carmo fez o agendamento da consulta com o projeto e se alegra ao falar da ação. “Fico aqui muito feliz em dizer que consegui marcar minha consulta no oftalmologista. Agradeço a Prefeitura por correr atrás desses serviços para nosso município, e agradeço também a Associação que traz isso com tanto cuidado e carinho. Projeto que ajuda pessoas sem condições financeiras e que realmente estão carentes desse tratamento. Pra fazer é muito difícil, mas quando aparece assim, gratuito, é uma maravilha”, conta. 
A dona de casa Luíza Gomes reforça a importância de contar com projetos que beneficiam quem não tem recursos para pagar uma consulta particular. “Acho maravilhoso, porque a maioria da população é pobre e não tem recurso nenhum para fazer uma consulta no oftalmologista. Acabam prejudicando a visão, passando anos sem tratar, sem saber o que se passa. E ações como esta dão a oportunidade para todos que moram aqui em São Lourenço da Mata de cuidar da saúde dos olhos”, conclui.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Diabetes gestacional pode trazer complicações para a mãe e o bebê


A amamentação ajuda a reduzir o risco de desenvolver a doença após o parto
A diabetes gestacional é uma condição temporária da doença, na qual a mulher não consegue manter o equilíbrio da produção da insulina no organismo, hormônio produzido pelo pâncreas que tem como função regular a quantidade de glicose no sangue. Pode ocorrer em cerca de 4% a 7% das gestantes e aumenta a chance do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê.
A exposição do bebê a grandes quantidades de glicose ainda no útero aumenta o risco de crescimento excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta. A ginecologista e obstetra do Hospital Esperança Recife, Simone Carvalho, fala sobre os riscos associados à doença.
“O pior de todos os desfechos é o óbito fetal, quando a doença não é controlada. Durante o nascimento, esses fetos que tendem a ser maiores, com os ombros mais largos, podem ter distensões no parto. Quando eles nascem, também podem desenvolver distúrbios metabólicos e um maior risco de apresentar síndrome de desconforto respiratório”, esclarece a ginecologista. 
O paciente diabético não produz insulina adequadamente e, consequentemente, não consegue controlar o nível de açúcar, o que ocasiona o aumento da substância no corpo, a chamada hiperglicemia. Assim como os outros tipos da doença, a gestacional nem sempre apresenta sintomas. Por isso, o diagnóstico é feito através de exames de rotina do pré-natal. “O diagnóstico pode ser feito no início do pré-natal pela dosagem da glicemia de jejum ou entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez com o teste oral de tolerância à glicose, se a glicemia de jejum foi normal no início”, explica Simone.
Os principais fatores de risco são idade materna avançada, ganho de peso excessivo na gravidez, sobrepeso ou obesidade, síndrome dos ovários policísticos, história prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional, história familiar de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos), hipertensão arterial e gravidez gemelar.
De acordo com a obstetra, o tratamento é realizado por meio do controle do nível de açúcar no organismo, através de alimentação adequada e prática de atividade física apropriada para a gestante. “O tratamento consiste inicialmente em dieta voltada para diabéticas e atividade física sob supervisão, podendo necessitar da associação de medicamentos, caso a dieta sozinha não consiga controlar os níveis de glicemia no sangue”, conclui.
Vale ressaltar que a diabetes gestacional é um fator de risco para desenvolvimento da diabetes tipo 2. Por isso, é necessário que a paciente acompanhe o nível de sua glicose após o parto. A boa notícia é que a amamentação pode reduzir o risco, assim como uma nutrição equilibrada e a prática regular de atividades físicas.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Brasil participa de conferência internacional sobre Aids



A partir de hoje (23/07), o Brasil participa do maior e mais importante fórum global sobre HIV/Aids. A 22ª Conferência Internacional de Aids (AIDS 2018) acontece em Amsterdã (Holanda) e vai até o dia 27 de julho. Este ano, o evento terá como tema “Quebrando barreiras, construindo pontes” – um chamado mundial para que a luta contra o HIV ultrapasse as fronteiras entre os países e seja baseada nas melhores evidências científicas, com respeito aos direitos humanos, especialmente das populações mais vulneráveis à epidemia. A expectativa é reunir 18 mil participantes entre cientistas, gestores, ativistas, profissionais de saúde, estudantes e jornalistas. 
Participando desde a primeira edição, o Brasil será destaque em nove sessões e 12 trabalhos científicos. O país apresentará os resultados de pesquisas e avaliações de suas estratégias para resposta brasileira ao HIV, como a recente incorporação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) da profilaxia pré-exposição (PrEP), medicamento de uso diário para prevenção do HIV.
A diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken, será uma das representantes do Ministério da Saúde na conferência e explica a importância da participação do Brasil no encontro.
“Essa é uma grande oportunidade de aprimoramento da resposta do país ao HIV/aids. Além de termos contato com as principais evidências e avanços das pesquisas científicas na área, a conferência sinaliza para os países as diretrizes globais para prevenção e tratamento do HIV”, esclarece.
Adele Benzaken destaca ainda a enriquecedora troca de experiência com pesquisadores, gestores e especialistas em saúde pública de todo mundo. “Esse compartilhamento de informações sobre o HIV contribui muito na construção de soluções para os desafios que o país ainda enfrenta frente à epidemia, como por exemplo, o aumento do números de casos de HIV entre os jovens”, reforça a diretora do DIAHV. 
Combate à Aids
O Brasil é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um dos líderes latino-americanos no combate à doença, sendo o primeiro país da região a oferecer a PrEP e um dos primeiros no mundo a introduzir em larga escala o dolutegravir (DTG), medicamento antirretroviral de alta potência para o tratamento do HIV. O DTG possui um nível muito baixo de eventos adversos, o que facilita a adesão dos pacientes ao tratamento. Desde 2013, o SUS fornece a medicação gratuitamente a todos os brasileiros diagnosticados com a enfermidade, cerca de 572 mil portadores. 
As principais sessões da conferência serão transmitidas em tempo real pela internet através do site oficial do AIDS 2018 (https://www.aids2018.org/ ), em inglês, de 23 a 27 de julho.
Com informações do Ministério da Saúde

sábado, 21 de julho de 2018

Como a depressão na gravidez afeta a saúde e o comportamento dos bebês, segundo pesquisa inédita


Segundo pesquisa do King's College London, bebês de mulheres que tiveram depressão durante a gravidez são mais sensíveis ao estresse
Por Nathalia Passarinho/BBC 
A gravidez costuma ser associada, no imaginário social, a um período de felicidade. O mar de fotos da "doce espera" que costuma inundar as redes sociais reforça essa ideia. Mas a cobrança pelo estado de alegria pode acabar silenciando mulheres que, na verdade, estão lutando contra a depressão. E o sofrimento durante a gestação afeta tanto as mães quanto os bebês, fazendo com que nasçam mais sensíveis ao estresse. 
É o que mostra uma pesquisa inédita a que a BBC News Brasil teve acesso, do Instituto de Psiquiatria e Neurociência do King's College London, no Reino Unido. O estudo completo foi publicado nesta sexta (20) na revista científica Psychoneuroendocrinology
Os pesquisadores acompanharam 106 mulheres grávidas a partir da 25ª semana de gestação, sendo que 49 delas foram diagnosticadas com depressão e não tomaram medicamento para tratar a doença.
Elas tiveram amostras de sangue e saliva coletadas, para verificar se apresentavam sintomas clínicos da doença, como inflamações e maior produção de cortisol - hormônio associado à resposta ao estresse. 
Após os partos, os cientistas monitoraram tanto o comportamento dos bebês quanto a liberação de cortisol. Os testes foram feitos aos seis dias de vida, aos oito meses e aos 12 meses. 
A primeira descoberta foi que o período de gestação das mulheres com depressão é mais curto. Do grupo observado, as grávidas com depressão tiveram os filhos, em média, oito dias antes das que não tinham a doença. 
Mas o que mais impressionou foi o efeito do sofrimento neonatal nos bebês. 
Bebês mais sensíveis 
Os bebês de mães que tiveram depressão durante a gravidez se mostraram mais hiperativos, chorosos e produziram cortisol em circunstâncias que as demais crianças encararam com normalidade. 
Essa diferença no comportamento foi verificada até em bebês com menos de uma semana de vida. 
"Em termos de comportamento, no sexto dia após o nascimento, os bebês com mães que tinham depressão eram mais hiperativos e reativos a som, luz e frio. E era mais difícil consolá-los e acalmá-los", disse à BBC News Brasil o professor do King's College London Carmine Pariante, um dos autores da pesquisa. 
Aos dois meses, os bebês tiveram as salivas coletadas para medir o nível de cortisol. Quando eles completaram um ano e tomaram a primeira vacina, pesquisadores novamente coletaram saliva, para comparar com a amostra anterior. 
Descobriram que as crianças de mulheres que tiveram depressão neonatal liberaram muito mais cortisol que as demais após a vacina. Ou seja, esses bebês se estressaram muito mais que os outros diante da experiência da primeira injeção.
"Bebês nascidos de mães saudáveis não revelavam mudança no cortisol quando recebiam a injeção. Não era estressante para eles. Mas os bebês nascidos de mães com depressão produziam cortisol ao tomar a injeção, o que demonstra que aquela situação era estressante para eles e não para os outros", diz Pariante. 
O cortisol é um hormônio liberado em situações percebidas pelo corpo como de ameaça ou grande desconforto. 
"A liberação do cortisol em si não é ruim, porque ele é uma resposta do corpo ao estresse. Ele dá energia aos músculos e eleva a concentração do cérebro", explica o professor. 
"Mas o resultado da pesquisa mostra que os bebês de mães que tiveram depressão na gravidez são particularmente sensíveis ao estresse. Uma situação que seria normal para outros bebês pode ser difícil para esses bebês, e eles reagem ativando a resposta ao estresse."
Risco de desenvolver problemas psicológicos 
Segundo o professor, os sinais de estresse presentes no sangue da gestante, como a liberação de cortisol, cruzam a placenta e passam para o sangue do bebê, influenciando no sistema de resposta da criança a situações desconfortáveis. 
"O bebê identifica o ambiente de vida da mãe como estressante e organiza a sua própria resposta ao estresse com base nisso", afirma o pesquisador.
O que preocupa na sensibilidade maior ao estresse é o risco de essas crianças desenvolverem problemas psicológicos ou depressão no futuro, ao lidarem com problemas cotidianos ou situações de sofrimento, como perda de familiares, bullying, e frustrações acadêmicas e profissionais. 
"Se você imagina a situação daqui a 10 anos, esses bebês, quando forem crianças ou adolescentes, podem ser mais sensíveis ao ambiente externo", avalia Pariante. 
"E, se alguma circunstância trágica ocorrer ou se eles se tornarem alvo de bullying, pode ser que sejam mais sensíveis a essas mudanças no ambiente e desenvolvam um problema de saúde."
Tratamento
De acordo com o professor de psiquiatria, pelo menos uma em 10 mulheres grávidas sofrem de depressão. Ele afirma que a principal mensagem da pesquisa do King's College London, financiada pelo NIHR Maudsley Biomedical Research Centre, é que é importante que as gestantes busquem tratamento. 
Para o pesquisador, os tabus sobre depressão e a romantização da gravidez dificultam a procura por ajuda. 
"Existe uma pressão da sociedade de que a gravidez deve ser um momento de felicidade. Mas a verdade é que muitas gestantes estão deprimidas e acabam não buscando ajuda", diz. 
"Esse artigo mostra que a depressão deve ser reconhecida e tratada, não apenas pelo bem da mãe, mas também pela saúde do bebê, para que se torne uma criança e adulto mais saudável."
O pesquisador reconhece, porém, que faltam estudos que apontem com maior segurança qual o melhor tratamento contra a depressão durante a gestação. Algumas pesquisas indicam que antidepressivos podem alterar o comportamento dos bebês, mas Pariante ressalva que é difícil saber ao certo se o efeito é decorrente do remédio ou da depressão em si. 
"Muitas das consequências inicialmente associadas aos antidepressivos são hoje explicados pela depressão em si ou pelo fato de que as algumas mulheres deprimidas não fazem o pré-natal corretamente, podem estar bebendo, fumando, ou tomando mais medicamentos vendidos em farmácia sem prescrição médica", afirma. 
Ele destaca que tratamentos não medicamentosos também podem, dependendo do caso, ajudar no combate à depressão durante a gestação.
"Para casos mais graves, antidepressivos são indicados. Mas há tratamentos psicológicos e intervenções nutricionais que podem trazer benefícios, como suplemento de Ômega 3 para mulheres com depressão", menciona. 
"A decisão sobre o tratamento tem que ser bem informada, para que mãe e médico cheguem à alternativa considerada mais adequada."

Matéria original no site da BBC Brasil, disponível aqui.