sábado, 28 de julho de 2018

Hepatites virais: conheça cada uma delas e saiba como evitá-las



As hepatites virais são doenças infecciosas que afetam o fígado por diferentes tipos de vírus. As hepatites A, B e C já podem ser consideradas um grave problema de saúde pública no mundo. Em geral, são doenças assintomáticas e, por isso, ainda diagnosticadas tardiamente. Milhões de pessoas podem ser portadoras de algum vírus e não saber. Os tipos B e C podem causar doenças graves como cirrose e câncer de fígado, e todas elas podem levar o paciente à morte. 
De acordo com o Boletim Epidemiológico 2018, o Brasil registrou 40.198 casos novos de hepatites virais em 2017. Os casos de hepatite A quase dobraram em um ano, em 2016 foram identificados 1.206 ocorrências, já em 2017 o número subiu para 2.086. Em relação ao vírus B, houve uma discreta redução passando de 14.702 em 2016 para 13.482 no ano passado. A Hepatite B é a segunda causa de óbitos entre as hepatites virais. 
O documento destaca ainda que número de casos mais que dobrou nos homens de 20 a 39 anos. Dentre todas, a hepatite C continua tendo a maior notificação, 11,9 casos para cada 100 mil habitantes, sendo responsável por mais de 70% dos óbitos. O documento foi elaborado pelo  Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS).
Recentemente, o Ministério da Saúde lançou um plano para eliminar a Hepatite C até 2030 no país. Entre as medidas estão a simplificação no diagnóstico, a ampliação das testagens e o fortalecimento do atendimento às hepatites virais. O plano, firmado com estados e municípios, define as populações prioritárias para tratamento, além de avaliar a incorporação de novas tecnologias. Atualmente, o tratamento disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) possibilita chance de cura de mais de 90%.
De acordo com Adele Benzaken, diretora do departamento de HIV/Aids e hepatites virais do Ministério da Saúde, o grande desafio está em diagnosticar e tratar os portadores da doença. "A hepatite C é uma doença silenciosa. Muitas pessoas estão com o vírus da hepatite C e não apresentam nenhum sintoma, então diagnosticar e tratar essas pessoas da forma mais rápida possível é essencial para a qualidade de vida dessas pessoas e também para a saúde pública”, destaca.
“Entre 2016 e 2017, a OMS lançou um programa desafiador que era a erradicação da hepatite C até o ano de 2030, isso consiste não só no programa de detecção de novos casos, mas principalmente com o sucesso da nova terapia, onde os novos medicamentos conseguem ter uma resposta virológica sustentada, ou seja, cura desses pacientes acima de 95%. Então, alguns países, como Portugal principalmente, já têm a hepatite C praticamente erradicada e esse é o objetivo que o Brasil também incorporou”, explica Leila Beltrão, hepatologista e presidente do Instituto do Fígado e Transplantes de Pernambuco (IFP).
A distribuição dos tipos varia de acordo com a região do país. O Nordeste concentra a maior proporção das infecções pelo vírus A (30,6%). Na região Sudeste encontram-se os maiores índices dos vírus B e C, com 35,2% e 60,9%, respectivamente. Já no Norte são encontrados 75% do total de casos de hepatite D. 
A prevenção pode ser feita através da vacinação contra as hepatites A e B, além de alguns cuidados como o uso de preservativo nas relações sexuais, utilização de materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagem e de piercings, não compartilhamento de instrumentos de manicure e pedicure, lâminas de barbear ou de depilar, além de não partilhar agulhas, seringas e equipamentos para o uso de drogas. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso no tratamento e pode ser feito através de exames laboratoriais. 
HEPATITE A 
Doença infecciosa causada pelo vírus A (HAV) com transmissão fecal-oral, mais relacionada à contaminação ambiental (água) ou de alimentos e por contato pessoal com pessoas infectadas. O vírus da hepatite A tem distribuição mundial e apresenta maior disseminação em áreas onde são precárias as condições sanitárias e de higiene da população. 
HEPATITE B
Também trata-se de uma enfermidade infecciosa causada pelo vírus B (HBV). A principal forma de contágio é pela relação sexual sem preservativos, pelo sangue – compartilhamento de objetos perfuro cortantes – ou é passada da mãe para o filho durante a gravidez (congênita). A maioria dos casos não apresenta sintomas. Os sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção. 
A hepatite B tem vacina disponível no calendário vacinal para toda a população. Todo recém-nascido deve receber a primeira dose logo após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Em seguida, mais três doses, aos 2, 4 e 6 meses de vida. Se a gestante tiver hepatite B, o recém-nascido deverá receber, além da vacina, a imunoglobulina contra a hepatite B, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão de mãe para filho.
HEPATITE C 
Causada pelo vírus C (HCV), a hepatite C é transmitida pelo contato com sangue contaminado, vias sexuais e transmissão vertical (da mãe para o bebê). Receptores de sangue e derivados, usuários de drogas injetáveis, pacientes de hemodiálise e profissionais de saúde (vítimas de acidentes perfuro cortantes) apresentam alto risco de infecção da doença. Ainda não existe vacina para esse tipo de hepatite, mas ela pode ser diagnosticada facilmente através de um teste rápido, disponibilizado nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) e em postos de saúde.
HEPATITE D
Também conhecida como hepatite Delta, trata-se de um vírus que só infecta portadores da hepatite B. A contaminação se dá de maneira semelhante à hepatite B, ou seja, através da relação sexual desprotegida, contato com sangue infectado, ou da mãe para o filho durante a gravidez. A hepatite D apresenta caráter endêmico nas regiões de alta prevalência para a hepatite B.
HEPATITE E
Com ocorrência rara no Brasil, a hepatite E é uma doença infecciosa causada pelo vírus HEV, sendo mais comum em países da Ásia e África. A forma mais frequente de transmissão é por ingestão de água contaminada, com menor probabilidade de contágio por contato pessoa a pessoa. Assim como os outros tipos, ela quase não apresenta sintomas. Porém, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de 15 a 60 dias após a infecção. A melhor forma de prevenção é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene.

Incidência das hepatites virais no Brasil



Total de óbitos com causa básica por hepatites virais de 2000 a 2016

0 comentários:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário