Ministério
da Saúde alerta para a vigilância de casos humanos com suspeita da doença
Na última terça-feira
(05/06), a Secretaria de Saúde do Espírito Santo emitiu nota técnica com orientações,
informações e procedimentos para a vigilância da Febre do Nilo Ocidental (FNO),
voltada para profissionais de saúde. O Estado confirmou a infecção de cavalos com o vírus da doença no município de São Mateus, com manifestações
neurológicas.
A FNO é uma doença febril
aguda causada por um Arbovírus do gênero Flavivírus, e assim como arboviroses
mais conhecidas (Dengue, Zika e Chikungunya), esta doença pode causar manifestações
neurológicas tais como Encefalite, Meningoencefalite, Síndrome de
Guillan-Barré, entre outras. Em geral, os quadros neurológicos surgem entre 15
a 60 dias após o início dos sintomas da doença. O vírus é transmitido
principalmente pela picada de mosquitos do gênero Culex (“pernilongo”), e tem
como reservatório aves silvestres (potencialmente migratórias). O diagnóstico
mais eficiente é feito através da detecção de anticorpos IgM contra o vírus em
soro.
O Ministério da Saúde
esclarece que o país possui um sistema nacional de vigilância da Febre do Nilo
e que todos os casos suspeitos em humanos, assim como epizootias em aves
silvestres e em cavalos, devem ser notificados em até 24 horas. A recomendação
é que a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) deve manter o alerta
para a vigilância e notificação desses casos. Até o momento, o único registro
de caso humano notificado no Brasil aconteceu em 2014. O local provável de
Infecção (LPI) foi na área rural de Aroeiras do Itaim na divisa com
Itainópolis/Piauí.
Além do Ministério da Saúde, a
investigação e o monitoramento do evento e das áreas de foco, requer atuação
integrada, inclusive com participação de diferentes segmentos do setor da
vigilância em Saúde, como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e
Ministério do Meio Ambiente.
VIGILÂNCIA
Diante da situação
epidemiológica, sobretudo em locais que há um aumento nos números de
notificações sugestivos de arboviroses, o Ministério da Saúde recomenda atenção
aos profissionais de saúde especialmente entre pacientes com quadro de doença
febril inespecífica, acompanhada de manifestações neurológicas virais ou
bacterianas, compatíveis com doenças como Meningite, Encefalite,
Meningoencefalite, Síndrome de Guillan-Barré, entre outros.
NOTIFICAÇÃO
A Febre do Nilo Ocidental
tem notificação compulsória imediata de acordo com portaria publicada sobre as
doenças de notificação compulsória: PRC no 4, de 28 de setembro de 2017, Anexo
V, Capítulo I (Origem: PRT MS/GM 204/2016, Anexo 1). Todos os casos suspeitos
devem ser comunicados, em até 24 horas, através da Ficha de Investigação
da Febre por Vírus do Nilo Ocidental, disponível no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SinanNET), do Ministério da Saúde. Os Núcleos Hospitalares
de Epidemiologia e as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar também devem
ser avisados.
TRATAMENTO
Não existe vacina ou tratamento antiviral específico para a Febre do Nilo
Ocidental. Nas formas graves, com envolvimento do sistema nervoso
central, o paciente deve ser atendido numa Unidade de Terapia Intensiva, com o
intuito de reduzir as complicações e o risco de óbito. O tratamento é realizado
através da reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção
de infecções secundárias.
Os quadros moderados e
leves, sem comprometimento do sistema nervoso central, não possuem tratamento
específico. Trata-se apenas os sintomas do paciente, que deve permanecer hospitalizado
e em repouso, com reposição de líquidos, quando indicado.
HISTÓRICO
Até a década de 90, a
disseminação nas Américas da Febre do Nilo Ocidental era de pequenos surtos ou
epidemias em países da África, da Europa e em Israel. Todavia, a partir de 1999
os Estados Unidos da América registraram milhares de casos da doença. Em
seguida, a doença foi detectada no Canadá e em países da América Central. Nos
últimos quinze anos, foram identificadas evidências de circulação do vírus entre
animais em alguns países da América do Sul.
Em 2003, o Brasil incluiu
a FNO na Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória. A
doença foi detectada nas regiões amazônica e do Pantanal no ano de 2011. Em
2014, foi confirmada a presença do vírus em mosquitos do gênero Culex, em aves
domésticas, em cavalos e em caso humano no interior de Piauí.
Em abril de 2018, foram
observados quadros neurológicos em equinos com evolução para óbito, no norte do
Espírito Santo. Após amostras coletadas e enviadas ao Instituto Evandro Chagas
(IEC) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi confirmada a etiologia
pelo vírus da Febre do Nilo.
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