terça-feira, 12 de junho de 2018

Espírito Santo confirma casos de infecção da Febre do Nilo Ocidental em cavalos



Ministério da Saúde alerta para a vigilância de casos humanos com suspeita da doença
Na última terça-feira (05/06), a Secretaria de Saúde do Espírito Santo emitiu nota técnica com orientações, informações e procedimentos para a vigilância da Febre do Nilo Ocidental (FNO), voltada para profissionais de saúde. O Estado confirmou a infecção de cavalos com o vírus da doença no município de São Mateus, com manifestações neurológicas.
A FNO é uma doença febril aguda causada por um Arbovírus do gênero Flavivírus, e assim como arboviroses mais conhecidas (Dengue, Zika e Chikungunya), esta doença pode causar manifestações neurológicas tais como Encefalite, Meningoencefalite, Síndrome de Guillan-Barré, entre outras. Em geral, os quadros neurológicos surgem entre 15 a 60 dias após o início dos sintomas da doença. O vírus é transmitido principalmente pela picada de mosquitos do gênero Culex (“pernilongo”), e tem como reservatório aves silvestres (potencialmente migratórias). O diagnóstico mais eficiente é feito através da detecção de anticorpos IgM contra o vírus em soro.
O Ministério da Saúde esclarece que o país possui um sistema nacional de vigilância da Febre do Nilo e que todos os casos suspeitos em humanos, assim como epizootias em aves silvestres e em cavalos, devem ser notificados em até 24 horas. A recomendação é que a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) deve manter o alerta para a vigilância e notificação desses casos. Até o momento, o único registro de caso humano notificado no Brasil aconteceu em 2014. O local provável de Infecção (LPI) foi na área rural de Aroeiras do Itaim na divisa com Itainópolis/Piauí.
Além do Ministério da Saúde, a investigação e o monitoramento do evento e das áreas de foco, requer atuação integrada, inclusive com participação de diferentes segmentos do setor da vigilância em Saúde, como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Ministério do Meio Ambiente.
VIGILÂNCIA
Diante da situação epidemiológica, sobretudo em locais que há um aumento nos números de notificações sugestivos de arboviroses, o Ministério da Saúde recomenda atenção aos profissionais de saúde especialmente entre pacientes com quadro de doença febril inespecífica, acompanhada de manifestações neurológicas virais ou bacterianas, compatíveis com doenças como Meningite, Encefalite, Meningoencefalite, Síndrome de Guillan-Barré, entre outros.
NOTIFICAÇÃO
A Febre do Nilo Ocidental tem notificação compulsória imediata de acordo com portaria publicada sobre as doenças de notificação compulsória: PRC no 4, de 28 de setembro de 2017, Anexo V, Capítulo I (Origem: PRT MS/GM 204/2016, Anexo 1). Todos os casos suspeitos devem ser comunicados, em até 24 horas, através da Ficha de Investigação da Febre por Vírus do Nilo Ocidental, disponível no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SinanNET), do Ministério da Saúde. Os Núcleos Hospitalares de Epidemiologia e as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar também devem ser avisados. 
TRATAMENTO
Não existe vacina ou tratamento antiviral específico para a Febre do Nilo Ocidental. Nas formas graves, com envolvimento do sistema nervoso central, o paciente deve ser atendido numa Unidade de Terapia Intensiva, com o intuito de reduzir as complicações e o risco de óbito. O tratamento é realizado através da reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção de infecções secundárias.
Os quadros moderados e leves, sem comprometimento do sistema nervoso central, não possuem tratamento específico. Trata-se apenas os sintomas do paciente, que deve permanecer hospitalizado e em repouso, com reposição de líquidos, quando indicado. 
HISTÓRICO 
Até a década de 90, a disseminação nas Américas da Febre do Nilo Ocidental era de pequenos surtos ou epidemias em países da África, da Europa e em Israel. Todavia, a partir de 1999 os Estados Unidos da América registraram milhares de casos da doença. Em seguida, a doença foi detectada no Canadá e em países da América Central. Nos últimos quinze anos, foram identificadas evidências de circulação do vírus entre animais em alguns países da América do Sul.
Em 2003, o Brasil incluiu a FNO na Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória. A doença foi detectada nas regiões amazônica e do Pantanal no ano de 2011. Em 2014, foi confirmada a presença do vírus em mosquitos do gênero Culex, em aves domésticas, em cavalos e em caso humano no interior de Piauí.
Em abril de 2018, foram observados quadros neurológicos em equinos com evolução para óbito, no norte do Espírito Santo. Após amostras coletadas e enviadas ao Instituto Evandro Chagas (IEC) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi confirmada a etiologia pelo vírus da Febre do Nilo.

0 comentários:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário