Por Rebeka Gonçalves
De vez em quando você
percebe os cabelos caindo demais, as unhas fragilizadas, um sono que não acaba e
um cansaço além do normal? Isso pode ser sintoma de anemia por carência de
ferro. Segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em
2006, no Brasil, a prevalência de anemia observada entre crianças menores de
cinco anos era de 20,9%, sendo de 24,1% em menores de dois anos. Já entre as mulheres
em idade fértil, a prevalência observada foi de 29,4%. De acordo com estimativa
realizada em 2008, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a carência de ferro
afetava 1,62 bilhão de pessoas.
O médico Gustavo Lima
explica o que é a anemia: “É a redução do número de glóbulos vermelhos, as
células do sangue que são responsáveis pelo transporte de oxigênio”. Os
sintomas da anemia são fadiga generalizada, falta de apetite, menor disposição
para o trabalho, desânimo, palidez da pele, da palma da mão e das mucosas -
como olhos e gengiva - e dificuldade de
aprendizagem em crianças.
“Além disso, pode
apresentar sintomas relacionados à causa da anemia: sangramentos digestivos,
quando perda de sangue é a causa, sintomas neurológicos quando é por
deficiência de vitamina B12, sintomas relacionados a neoplasias, insuficiência
renal ou doenças inflamatórias - que causam anemia por redução da produção de
sangue. Lembrando que, no início, ela pode ser assintomática”, acrescenta o
especialista.
A causa mais comum e
conhecida da anemia é por deficiência de ferro, que pode se dar por ingestão
inadequada do elemento, como a desnutrição, o alcoolismo ou por doenças que
causem má-absorção do metal, como a doença celíaca, por exemplo, ou perdas
crônicas de sangue - hemorragia excessiva. Mas, o déficit de ferro não é a
única causa como avalia o clínico: “transtornos hereditários (talassemia,
anemia falciforme e outros), deficiência de outros elementos nutricionais (como
vitamina B12 e ácido fólico), insuficiência renal crônica, HIV, neoplasias e
doenças inflamatórias de maneira geral, anemias hemolíticas (por fatores que
causam a destruição prematura dos glóbulos vermelhos)”, elucida Gustavo Lima.
A servidora pública, Sílvia
Moraes, relata como descobriu que tinha anemia: “Eu tive anemia, há uns seis
anos, por causa da menstruação. Quem descobriu foi o ginecologista. Ele passou
uma dieta rica em ferro, remédio por via oral e injeção. Era anemia por perda
de sangue, anemia simples e melhorou com a reposição de sulfato ferroso”,
lembra.
Diagnóstico, Tratamento e Prevenção
O diagnóstico pode ser
realizado através de um hemograma completo. De acordo com o especialista,
muitas vezes, a causa dessa deficiência é aparente já na consulta e no exame
físico, mas dependendo do caso, é necessário a realização de exames específicos.
Já o tratamento vai depender da causa da anemia. “Quando por deficiência de
ferro, reposição do mesmo, quando deficiência de alguma vitamina, reposição
desta, vai depender da causa”, orienta.
Uma possível prevenção da
anemia é manter uma dieta balanceada e estar atento, no caso das mulheres, ao
fluxo menstrual. É preciso ficar atento às alterações de hábito intestinal,
pois o câncer de intestino é uma causa importante de perda de sangue, além de
sintomas de úlceras pépticas que também podem causar perda excessiva de sangue.
Além de manter uma ingestão alimentar saudável e diminuir o consumo de álcool.
Alimentação rica em ferro
A nutricionista Juliana
Calia indica alguns alimentos que podem auxiliar no combate à deficiência do
ferro, prevenindo assim uma das causas da anemia: “No Brasil, é comum as
farinhas de trigo e milho receberem ferro para suprir essa necessidade. Outra
dica é consumir frutas cítricas, como laranja e limão, que não contêm ferro,
mas são ricas em ácido ascórbico, substância que melhora a absorção desse
nutriente em outros alimentos”, recomenda.
“O leite de vaca não é
fonte de ferro, a não ser que seja adicionado industrialmente, mas o leite
materno sim. E quem não gosta de comer feijão pode substituí-lo por carnes
(vermelhas e brancas) e verduras de folhas escuras. Não há comprovação
científica de que acrescentar um prego no cozimento adicione ferro à dieta”, esclarece
a nutricionista.