terça-feira, 9 de outubro de 2018

Anemia: OMS estima que mais de 1 bilhão de pessoas tenham carência de ferro



Por Rebeka Gonçalves
De vez em quando você percebe os cabelos caindo demais, as unhas fragilizadas, um sono que não acaba e um cansaço além do normal? Isso pode ser sintoma de anemia por carência de ferro. Segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 2006, no Brasil, a prevalência de anemia observada entre crianças menores de cinco anos era de 20,9%, sendo de 24,1% em menores de dois anos. Já entre as mulheres em idade fértil, a prevalência observada foi de 29,4%. De acordo com estimativa realizada em 2008, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a carência de ferro afetava 1,62 bilhão de pessoas.
O médico Gustavo Lima explica o que é a anemia: “É a redução do número de glóbulos vermelhos, as células do sangue que são responsáveis pelo transporte de oxigênio”. Os sintomas da anemia são fadiga generalizada, falta de apetite, menor disposição para o trabalho, desânimo, palidez da pele, da palma da mão e das mucosas - como olhos e gengiva -  e dificuldade de aprendizagem em crianças. 
“Além disso, pode apresentar sintomas relacionados à causa da anemia: sangramentos digestivos, quando perda de sangue é a causa, sintomas neurológicos quando é por deficiência de vitamina B12, sintomas relacionados a neoplasias, insuficiência renal ou doenças inflamatórias - que causam anemia por redução da produção de sangue. Lembrando que, no início, ela pode ser assintomática”, acrescenta o especialista. 
A causa mais comum e conhecida da anemia é por deficiência de ferro, que pode se dar por ingestão inadequada do elemento, como a desnutrição, o alcoolismo ou por doenças que causem má-absorção do metal, como a doença celíaca, por exemplo, ou perdas crônicas de sangue - hemorragia excessiva. Mas, o déficit de ferro não é a única causa como avalia o clínico: “transtornos hereditários (talassemia, anemia falciforme e outros), deficiência de outros elementos nutricionais (como vitamina B12 e ácido fólico), insuficiência renal crônica, HIV, neoplasias e doenças inflamatórias de maneira geral, anemias hemolíticas (por fatores que causam a destruição prematura dos glóbulos vermelhos)”, elucida Gustavo Lima. 
A servidora pública, Sílvia Moraes, relata como descobriu que tinha anemia: “Eu tive anemia, há uns seis anos, por causa da menstruação. Quem descobriu foi o ginecologista. Ele passou uma dieta rica em ferro, remédio por via oral e injeção. Era anemia por perda de sangue, anemia simples e melhorou com a reposição de sulfato ferroso”, lembra. 
Diagnóstico, Tratamento e Prevenção
O diagnóstico pode ser realizado através de um hemograma completo. De acordo com o especialista, muitas vezes, a causa dessa deficiência é aparente já na consulta e no exame físico, mas dependendo do caso, é necessário a realização de exames específicos. Já o tratamento vai depender da causa da anemia. “Quando por deficiência de ferro, reposição do mesmo, quando deficiência de alguma vitamina, reposição desta, vai depender da causa”, orienta.
Uma possível prevenção da anemia é manter uma dieta balanceada e estar atento, no caso das mulheres, ao fluxo menstrual. É preciso ficar atento às alterações de hábito intestinal, pois o câncer de intestino é uma causa importante de perda de sangue, além de sintomas de úlceras pépticas que também podem causar perda excessiva de sangue. Além de manter uma ingestão alimentar saudável e diminuir o consumo de álcool. 
Alimentação rica em ferro 
A nutricionista Juliana Calia indica alguns alimentos que podem auxiliar no combate à deficiência do ferro, prevenindo assim uma das causas da anemia: “No Brasil, é comum as farinhas de trigo e milho receberem ferro para suprir essa necessidade. Outra dica é consumir frutas cítricas, como laranja e limão, que não contêm ferro, mas são ricas em ácido ascórbico, substância que melhora a absorção desse nutriente em outros alimentos”, recomenda.
“O leite de vaca não é fonte de ferro, a não ser que seja adicionado industrialmente, mas o leite materno sim. E quem não gosta de comer feijão pode substituí-lo por carnes (vermelhas e brancas) e verduras de folhas escuras. Não há comprovação científica de que acrescentar um prego no cozimento adicione ferro à dieta”, esclarece a nutricionista. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

OMS: 1 bilhão de pessoas são tratadas contra doenças negligenciadas


A esquistossomose tem o caramujo como hospedeiro intermediário
Na lista, estão filariose linfática, esquistossomose e oncocercose
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo foram medicadas em 2017 para se proteger de pelo menos uma das cinco principais doenças tropicais negligenciadas que possuem tratamento preventivo atualmente. Na lista, estão a filariose linfática, a oncocercose, a helmintíases transmitidas pelo solo, a tracoma e a esquistossomose.
De acordo com a entidade, esse é o terceiro ano consecutivo que o marco é alcançado. “Entregar mais de 1 bilhão de tratamentos todos os anos envolve a gestão de medicamentos anti-helmínticos [drogas utilizadas no tratamento de parasitoses] e antibióticos doados pela indústria farmacêutica”, destacou a OMS.
A distribuição dos tratamentos envolveu, ao todo, 170 carregamentos de 1.889 toneladas a 80 países. Dados da entidade mostram que campanhas desse modelo levaram à eliminação da filariose linfática, também conhecida como elefantíase, no Camboja, nas Ilhas Cook, no Egito, nas Maldivas, nas Ilhas Marshall, no Sri Lanka, na Tailândia, no Togo, em Tonga e em Vanuatu.
O tracoma ou conjuntivite granulomatosa foi eliminado, como problema de saúde pública, no Camboja, em Gana, no Irã, na República Democrática Popular do Laos, no México, no Marrocos, no Nepal e em Omã. Já a oncocercose, também chamada de cegueira dos rios ou mal do garimpeiro, foi eliminada na Colômbia, no Equador, na Guatemala e no México.
“Uma melhor coordenação, fornecimento e entrega têm sustentado o progresso na implementação de programas de eliminação de doenças, contribuindo para a cobertura universal da saúde, permitindo que milhões de pessoas se beneficiem de campanhas de tratamento em larga escala cuidadosamente planejadas”, concluiu a OMS.
Fonte: Agência Brasil

Você já considerou a hipótese de que suas dores nas pernas podem ser varizes?



Por Rebeka Gonçalves
Tudo começa com um afrouxamento nas válvulas que existem no interior das veias. Elas não fecham completamente, permitindo que a pressão do sangue seja transmitida a outras veias, formando aquele caminho tortuoso e dilatado conhecido como varizes. “E podem levar à insuficiência das válvulas delas que comprometerá o retorno venoso do sangue para o coração”, afirma o cirurgião vascular, Walter Von Sohsten. 
A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) afirma que 38% da população brasileira têm varizes, sendo encontradas em 30% dos homens e 45% das mulheres, levando em consideração todas as faixas etárias. A predisposição se torna ainda maior se a pessoa for idosa. Estudos da entidade demonstram que 70% das pessoas acima dos 70 anos podem ter o problema. 
Há fatores que desencadeiam de vez a formação das varizes. Nas mulheres – grupo que mais sofre com a doença – os hormônios influenciam bastante, uma vez que deixam as paredes das veias mais flexíveis, aumentando o risco de dilatação. Mas o estilo de vida também faz diferença. “Os maiores fatores de risco são predisposição familiar, obesidade, número de gestações. Além do tipo de trabalho, pois profissões que exigem que a pessoa permaneça várias horas em pé ou que carregue peso e exerçam força podem contribuir para o aparecimento de varizes”, exemplifica o médico.
Em relação aos sintomas podem variar entre dores nas pernas, inchaço, hipercromia - pigmentação nas pernas. E, em casos mais avançados, pode chegar até a fazer flebites, que são inflamações nas próprias varizes e úlceras varicosas, inflamações das veias provocadas pela formação de coágulos de sangue. O diagnóstico é predominantemente clínico, podendo ser auxiliado por ultrassonografia com doppler, um exame de imagem e não invasivo.
A manicure, Vanda Maciel, relata como as suas dores nas pernas levaram a uma sala de cirurgia: “Eu descobri que precisava fazer a cirurgia quando estava sentindo muitas dores nas pernas, principalmente quando estava perto de menstruar. Só que elas já estavam dilatadas, porque eu tinha feito aplicação pela primeira vez nos vasinhos, mas voltaram. E apareceu em outros lugares, além das mais grossas, e foi a partir dessas veias puladas que precisei realizar a cirurgia. Fiz a cirurgia no final da tarde e passei a noite deitada. Pela manhã, o médico mandou que andasse para o sangue circular, e então tive que ficar oscilando entre deitar e andar um pouquinho. Nem pode ficar muito tempo sentada, nem muito tempo em pé. A pior parte para mim foi a recuperação, porque tive que ficar sem pegar em vassoura, sem fazer os serviços de casa, e eu sou muito elétrica. Mas, graças à Deus, eu estou ótima e as dores passaram”, lembra. 
E como tratá-las? 
O tratamento depende da evolução da doença e do estágio que ela estiver, podendo ser resolvido com o uso de meias elásticas. “As meias elásticas podem aliviar os sintomas, assim como as medicações. Porém, elas não previnem o aparecimento das varizes”, explica o cirurgião vascular. 
A escleroterapia, uma das abordagens mais conhecidas, que melhora a parte estética e pode amenizar as queixas de dores. “Ela é caracterizada pela injeção de líquidos no interior dos vasos, causando uma irritação local e seu fechamento”, esclarece. 
As cirurgias podem ser feitas com técnicas mais avançadas, como laser e radiofrequência, que tornam o pós-operatório menos doloroso. “O laser transdérmico é uma outra forma de tratamento para as varizes, é uma luz pulsada que cauteriza os vasos. Mas ele não apresenta resultados superiores aos da escleroterapia química com líquidos, e seu custo é elevado”, analisa o especialista. 
Entretanto, como forma de prevenção, o cirurgião Walter Von Sohsten recomenda o uso de flebotônicos -medicamentos venoativos- e atividade física.
Existem várias opções para tratar as varizes. No entanto, é necessário procurar um profissional especializado no assunto. A SBACV iniciou uma campanha para esclarecer que o tratamento deve ser realizado por um especialista em angiologia e/ou cirurgia vascular. Além de diagnosticar corretamente o quadro, esses profissionais são os mais aptos a escolherem o caminho terapêutico mais adequado para cada paciente. 
Angiologista e/ou cirurgião vascular na rede pública de PE:
Hospital Agamenon Magalhães
Estrada do Arraial, 2.723, Casa Amarela – Recife/PE
Tel.: (81) 3184.1600
E-mail: diger.ham@saude.pe.gov.br

Hospital Santa Casa de Misericórdia do Recife
Av. Cruz Cabugá, 1563, Santo Amaro – Recife/PE (próximo ao Shopping Tacaruna)
Marcação de consultas: (81) 3412. 3839/ 3803
E-mail: sta-casa@santacasarecife.org.br

Centro Vascular do Agreste
Rua Rodrigues de Abreu, 421, Maurício de Nassau – Caruaru/PE
CEP: 55014-310
Tel.: (81) 3727-1434

sábado, 6 de outubro de 2018

Bacon e outras carnes processadas podem elevar risco de câncer de mama, aponta estudo


Pesquisa confirma descobertas anteriores da Organização Mundial de Saúde 
Comer bacon e salsicha com frequência pode aumentar o risco de câncer de mama, conclui estudo publicado recentemente no International Journal of Câncer.
Em uma revisão sistemática de 15 pesquisas, cientistas de diversos países - entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Itália -, apontaram no levantamento que mulheres que consomem altos níveis de carne processada apresentam um risco 9% maior de desenvolver a doença, em comparação com aquelas que comem pouco.
Os achados confirmam descobertas anteriores da Organização Mundial de Saúde (OMS), que coloca as carnes processadas na lista de alimentos que considera cancerígenos.
Especialistas recomendam, no entanto, cautela em relação aos resultados do estudo, já que as pesquisas avaliadas têm definições diferentes do que seria "consumo elevado" e, muitas vezes, têm caráter observacional - ou seja, levam em consideração informações fornecidas pelos pacientes, não sendo suficientes para estabelecer relação direta de causa e efeito.
Qual é o risco?
No Reino Unido, cerca de 14 em cada 100 mulheres terão câncer de mama em algum momento de suas vidas.
O aumento de 9% no risco sinalizado pelo estudo poderia se traduzir em aproximadamente um caso "extra" a cada 100.
A ONG britânica Cancer Research UK, dedicada a combater a doença, estima que cerca de 23% dos cânceres de mama podem ser prevenidos.
Estima-se que cerca de 8% dos casos sejam motivados ​​por excesso de peso e obesidade, enquanto outros 8% pelo consumo de álcool.
Os autores do estudo, publicado no International Journal of Cancer, afirmam que a relação que eles encontraram se refere apenas à carne processada, e não à carne vermelha.
A OMS lista a carne processada como cancerígena, principalmente devido a evidências que a associam a um risco elevado de câncer de intestino, enquanto a carne vermelha é classificada como "provavelmente cancerígena".
O que é carne processada?
A carne processada é modificada para estender o prazo de validade ou alterar o sabor - é geralmente defumada, curada, salgada ou contém conservantes.
Entre elas, estão o bacon, linguiça, salsicha, salame, carne enlatada, carne seca e presunto.
Existem diferentes teorias de por que esse tipo de alimento pode aumentar o risco de câncer - uma delas diz que o conservante pode reagir com a proteína da carne, tornando-a cancerígena.
Até que ponto as descobertas são confiáveis?
O estudo, que inclui dados sobre mais de um milhão de mulheres, mostra uma ligação entre o consumo de carne processada e o risco de câncer de mama, mas não está claro se esse tipo de alimento realmente causa a doença.
Há outras questões a serem consideradas.
Os 15 estudos analisados têm diferentes definições para o que seria uma taxa de consumo elevada.
Por exemplo, uma pesquisa do Reino Unido classifica o alto consumo em mais de 9 gramas por dia - o equivalente a apenas duas ou três fatias por semana, enquanto outros estudos consideram uma quantidade muito maior.
Além disso, a maioria das pesquisas analisadas é observacional, então não conseguem provar relação de causa e efeito, se baseando na memória das participantes sobre o que e quanto comeram.
Os pesquisadores registraram o relato das mulheres e as acompanharam para ver se desenvolveriam câncer de mama.
Mas o problema desta metodologia é que quem consome mais ou menos carne processada também pode ter outros hábitos diferentes, que podem explicar as diferenças no risco de desenvolver a doença.
Devemos cortar a carne processada?
A principal autora do estudo, Maryam Farvid, da Escola T.H. Chan de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, recomenda reduzir o consumo de carne, em vez de eliminá-la por completo.
Atualmente, o sistema público de saúde britânico (NHS, na sigla em inglês) recomenda não ingerir mais de 70g de carne vermelha e processada por dia.
Gunter Kuhnle, professor associado de nutrição e saúde da Universidade de Reading, no Reino Unido, que não participou do estudo, disse que era "questionável" se as pessoas deveriam reduzir seu consumo de carne vermelha e processada por causa desta pesquisa.
Segundo ele, o risco real representado pelas carnes processadas é "muito pequeno" para o indivíduo e mais relevante para a população em geral.
Ele diz, no entanto, que os resultados do estudo devem ser acompanhados para investigar a relação entre carne processada e câncer - e verificar se o risco associado pode ser reduzido, por exemplo, por meio de novos métodos de produção de alimentos.
Fonte: BBC Brasil

Vaginismo: quando seu corpo diz 'não' para o sexo


Isley Lynn foi diagnosticada com vaginismo no final da adolescência. Ela tinha dificuldade para usar absorvente íntimo e para ter prazer durante o sexo. 
"Você não consegue controlar o que seu corpo está fazendo." A lembrança que Isley Lynn tem de sua primeira experiência sexual, quando adolescente, não é boa. 
"Eu me senti muito mal. Sentia que havia algum problema comigo. Que era minha culpa."
Muitos de nós podem se recordar de timidez ou de falta de jeito na primeira relação sexual. Mas a reação de Isley é resultado de uma condição física sobre a qual pouco se fala – o vaginismo.
Agora com 30 anos, ela escreveu uma peça de teatro chamada Despelando um Gato sobre suas experiências.
O NHS, o serviço de saúde pública do Reino Unido, define o vaginismo como uma reação automática do corpo de medo diante da possibilidade de uma penetração vaginal. 
Os músculos da vagina se contraem e a mulher não tem controle sobre isso. Algumas pessoas encontram dificuldade para inserir um absorvente íntimo, fazer sexo ou sentem uma dor de ferroada ou queimação. 
"Eu tentei usar o meu absorvente quando tinha 10 anos de idade. Foi horrível. Eu senti como se não houvesse um buraco, como se tivesse uma parede no lugar onde deveria ter um orifício", conta Isley. 
"Eu percebi que algo estava realmente errado depois do meu primeiro namorado."
O vaginismo trouxe uma carga emocional para os relacionamentos de Isley. "Eu me lembro de sentir medo que os meus parceiros pensassem que eu não gostasse deles ou que eu não me sentia atraída por eles", diz. 
A roteirista de teatro foi diagnosticada com vaginismo no final da adolescência e tratada com dilatadores vaginais que, progressivamente, aumentam de tamanho, para relaxar os músculos. Ela também fez fisioterapia. 
Isley diz que depois de um tempo percebeu que os tratamentos não estavam funcionando e que se "curar" não era a solução para a sua felicidade a longo prazo. 
"Foi uma terapeuta que me perguntou o quanto eu realmente queria ser 'normalizada'. É esse diálogo que você vê na cena final da minha peça de teatro. Pedem que a personagem defina o que ela quer da sua vida sexual", diz a roteirista. 
"Ela percebe que não precisa ter uma vida sexual como a de todo mundo para curtir. Percebe que você deve escrever o seu próprio roteiro na vida e fazer o que te faz feliz."
É difícil estimar quantas mulheres no Reino Unido têm vaginismo, embora uma pesquisa recente aponte que quase uma em cada 10 britânicas consideram sexo doloroso. 
Isso pode ser causado por diferentes razões, inclusive o vaginismo. 
"Vaginismo é diferente de apenas dor durante o sexo, porque é uma reação automática do corpo que provoca isso", explica a médica Vanessa Mackay, obstetra e ginecologista no Queen Elizabeth University Hospital, em Glasgow, na Escócia. 
"É difícil calcular quantas mulheres têm essa condição, porque a maioria das que estão sofrendo algum problema sexual não fala sobre o assunto", acrescenta Mackay. 
Além de abordar o lado físico da questão, os tratamentos devem focar no lado psicológico - tratar o medo da penetração. 
Aconselhamento com sexólogos é frequentemente usado, diz Mackay. "É uma espécie de terapia de conversa, para ajudar a pessoa a compreender e mudar os sentimentos em relação ao próprio corpo."
"Técnicas de relaxamento ajudam a soltar os músculos vaginais. Exercícios pélvicos no chão também podem ser usados para tratar o vaginismo."
A médica menciona ainda o uso dos dilatadores vaginais como parte do tratamento. "Eles têm o formato de absorventes íntimos e têm diferentes larguras e tamanhos, para fazer com que você se acostume a ter algo dentro da vagina."
Teresa, de 23 anos, também tem vaginismo e diz que, após ser diagnosticada, foi apresentada a uma variedade de tratamentos diferentes. 
"Um terapeuta sugeriu que eu tentasse hipnose. Mas não funcionou para mim. Eu sou um pouco cética, então a todo momento eu pensava: 'Isso não está funcionando para mim'", diz Teresa. 
Ela acrescenta: "A única coisa que funcionou foram os dilatadores vaginais, que você usa para ensinar a si mesma a relaxar."
A jovem conta que sua qualidade de vida melhorou após o tratamento. "A vida agora está muito boa. Eu não me preocupo mais com isso diariamente. No começo, foi difícil, mas quando você encontra a sua solução para lidar com o problema, as coisas ficam mais fáceis."
Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Recife sedia simpósio para discutir os avanços na cirurgia bariátrica


Relatório da FAO e OPAS aponta que mais da metade dos brasileiros estão com sobrepeso
Os principais nomes da cirurgia bariátrica do País estão reunidos hoje (05/10), no Recife, para o I Simpósio de Cirurgia Bariátrica Robótica do Hospital Esperança, no Hotel Luzeiros. A primeira palestra será ministrada pelo cirurgião Carlos Domene (SP), que irá falar sobre "Cirurgia do Futuro 4.0", onde o robô estará apto a comandar uma cirurgia, com menos participação do médico. Duas cirurgias também serão mostradas e comentadas, para que sejam debatidos os principais métodos utilizados na bariátrica. Além de Carlos Domene, participam ainda os cirurgiões Alexandre Elias (SP), Carlos Saboya (RJ), Walter França (PE), Álvaro Ferraz (PE).
A primeira será apresentada pelo cirurgião Carlos Saboya, com o método Sleeve, ou Gastrectomia Vertical. Nesse procedimento, o estômago do paciente é grampeado, ganhando um formato de tubo, que vai do esôfago ao duodeno. O tamanho do órgão é reduzido em cerca de 80%. A redução do apetite se dá pela retirada de uma parte do estômago que produz um hormônio chamado grelina, responsável pela sensação de fome. Assim, o paciente tem o apetite reduzido. O Sleeve é indicado para pacientes com obesidade 3 que possuem problemas intestinais e anemia.
A segunda cirurgia será a do método Bypass, pelo cirurgião Alexandre Elias. Esse método consiste num desvio do intestino delgado, levando o paciente a absorver menos gordura. O intestino continua funcionando normalmente, preservando a absorção de vitaminas e minerais. Esse tipo de cirurgia é mais indicado para os pacientes diabéticos. A perda de peso varia, em média, de 40%.
"Nossa ideia é que a plateia possa opinar a partir dos pontos que forem apresentados. Será bastante interativo", informa o cirurgião bariátrico do Hospital Esperança Recife, Walter França. O evento, que é realizado em parceria com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, também é aberto a outros profissionais da equipe multidisciplinar que acompanham pacientes antes e após a cirurgia bariátrica, como psicólogos, nutricionistas e endocrinologistas.
Obesidade
Dados de um relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), divulgado em janeiro de 2017, apontam que mais da metade da população brasileira está com sobrepeso. O sobrepeso em adultos subiu de 51,1% em 2010 para 54,1% em 2014. Em 2010, 17,8% da população era obesa e em 2014 o índice chegou a 20%. A prevalência é maior entre as mulheres, com 22,7%. 
Entre as principais doenças ligadas à obesidade, estão problemas cardíacos, diabetes, colesterol alto, depressão, câncer e dermatites, além de incontinência urinária, apneia do sono e disfunção hormonal e erétil (nos homens), refluxo gástrico e doenças articulares.  
Cirurgia robótica
A cirurgia robótica permite intervenções menos invasivas, com menor risco de hemorragias e infecções, menor dor pós-operatória, uma recuperação mais rápida e o retorno mais cedo às atividades cotidianas e ao trabalho. O procedimento garante ao cirurgião a execução dos movimentos de forma precisa, através da manipulação de um console, enquanto os braços do robô fazem movimentos que simulam as mãos do cirurgião. Os braços contêm câmeras que mostram imagens em 3D dos órgãos, garantindo maior precisão dos movimentos aos médicos.
Em julho deste ano, o Hospital Esperança alcançou a marca de 500 cirurgias robóticas realizadas, sendo líder nesse tipo de procedimento nas regiões Norte e Nordeste. No hospital, são realizadas cirurgias robóticas urológicas, bariátricas, colorretais, torácicas e ginecológicas.

Acidente de moto: Luiz Roberto faz parte das estatísticas e teve a perna esmagada


“Todos os anos, temos até 2,5 mil mutilados”, afirma o secretário de Saúde de Pernambuco.
Por Rebeka Gonçalves
No primeiro semestre deste ano, a Seguradora Líder, responsável pelo pagamento do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), demonstrou que 88% das indenizações por morte em acidentes com motocicletas foram para vítimas do sexo masculino, na faixa etária entre 18 e 34 anos, 79% das vítimas sofreram sequelas permanentes.
O montador automotivo, Luiz Roberto Dornelas relata como foi vítima de um acidente de moto, aos 28 anos: “Estava conduzindo a moto até outro bairro para levar meu irmão, na metade do percurso me deparei com três ladrões, em um retorno, eu seguiria em linha reta e eles iriam entrar na pista, eles esperaram eu me aproximar e jogaram a Kombi em cima de mim, não tive como desviar e eles bateram em minha lateral esmagando a minha perna. E os três ainda saíram sorrindo e foram embora”, relembra. 
Luiz Roberto sofreu uma fratura exposta, seguida de infecção, perda de parte da pele e músculos, além de 19 cm do osso medial da perna esquerda – conhecido como Tíbia ou osso da canela.
O ortopedista do Hospital Miguel Arraes, Fagner Athayde revelou que esses casos são comuns na unidade de saúde: “Com relação a realidade do hospital onde trabalho, 70,5% dos acidentes de trânsito envolvem motocicleta. E o volume desses dados se concentram mais nas fraturas de dedos do pé por falta do uso de calçados. Mas os traumas vão desde os de cabeça, tornozelo, perna, coxa até abdômen”, afirma. 
Já se passaram mais de seis anos do acidente, mas Luiz Roberto ainda continua no tratamento com o fixador ilizarov – conhecido como gaiola, sem previsão de retirada. “Os fixadores externos são usados em cirurgias corretivas ou para tratamento de traumas, mantendo a redução de ossos fraturados e estabilizando estruturas ósseas ou adjacentes, a fim de proporcionar a fusão óssea ou correção da mesma, sendo retirados após o cumprimento dos objetivos. Os componentes dos fixadores são fabricados em aço inoxidável e alumínio”, explica o ortopedista. 
Luiz Roberto segue tentando superar o trauma. “Eu deixo levar um dia após o outro e estou superando isso tudo muito bem, nunca me deixei abalar totalmente, tiveram dias de olhar e ver todas as coisas que eu fazia, e não consigo fazer mais e ficava muito amargurado e triste. Na maioria das vezes, sempre estive com a autoestima elevada e o pensamento que isso é só um momento e nunca vou desistir, tenho na minha vida pessoas que sofreram e me ajudaram a superar tudo isso”, relata. 
Pernambuco tem alto índice de acidentes 
A região Nordeste concentrou 36% das indenizações por morte e invalidez permanente por acidentes com motocicletas no último semestre. As motos representam 44% da frota de veículos da região, enquanto que no Brasil representam 27%, de acordo com a seguradora. 
Por ano, Pernambuco gasta R$ 600 milhões de reais com isso, quase quatro vezes mais do que a verba destinada a todo o gasto com câncer. “Esse é com certeza o maior problema de saúde pública do Brasil. Para além das mortes, há a questão das mutilações. Todos os anos, temos até 2,5 mil mutilados”, afirma o secretário de Saúde de Pernambuco, Iran Costa.
Uma possível solução de acordo com o pesquisador do Observatório das Metrópoles, Juciano Rodrigues seria: “Um planejamento de transporte que priorizasse os meios coletivos em detrimento dos meios individuais de transporte. Além de uma política de redução de limites de velocidade é um dos principais mecanismos para a diminuição de acidentes. Nesse sentido, qualquer solução tem que ser sistêmica, com um olhar para o sistema de mobilidade urbana como um todo”, expõe. 
Prevenção
“Sempre falei para meus amigos, moto é um veículo bom, mas temos que andar sempre muito atentos e nunca deixar de ser prudente, pois você mesmo andando certo pode ter uma pessoa ao seu lado mal-intencionada, ou bêbada, ou até mesmo um acidente. Sempre alertei para os riscos que correm quando se está em cima de uma moto, porque é tudo muito rápido e dificilmente você sairá ileso de um acidente”, alerta. 
Outras precauções também foram dadas pelo ortopedista Fagner como uma atitude defensiva no trânsito: “isso vale para todos os veículos obviamente. Mas, em especial ao motociclista por sua condição mais vulnerável que a dos ocupantes de automóveis. Vemos no dia-a-dia das emergências uma fração muito importante dos acidentes envolvendo pessoas sob efeito de bebida alcoólica e outras tantas atitudes imprudentes como excesso de velocidade, pilotar no acostamento, ciclofaixas”, orienta o médico. 
A segunda forma de prevenção para o profissional de saúde seria o uso não só do capacete como também de sapatos fechados: “o uso de equipamento individual de proteção, refiro-me a mais do que apenas o uso do capacete - equipamento imprescindível e salvador de vidas - mas também coisas que não damos importância mas alteram sobremaneira a gravidade das lesões e o tempo de internamento como o uso de sapatos fechados. A experiência mostra que, mesmo que não seja capaz de impedir uma fratura em colisões mais graves, o uso de sapatos resistentes, “joelheiras” e “cotoveleiras” podem reduzir em muito as ditas “lesões de partes moles” e consequentemente diminuindo o tempo de internamento e complicações do trauma inicial”, recomenda. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Nobel de Medicina: prêmio vai para pesquisa que revoluciona tratamento do câncer


Pesquisadores encontraram maneiras de desativar proteínas que impediam células de defesa de atacar as células cancerígenas 
Um novo tipo de terapia contra o câncer que "desativa o freio" do sistema imunológico humano e é considerada uma nova esperança para a cura da doença acaba de ser premiada com o Nobel de Medicina.
Esse é o objeto de pesquisa dos imunologistas James P. Allison, dos Estados Unidos, e Tasuku Honjo, do Japão, que foram anunciados nesta segunda-feira como os vencedores do Nobel.
A Assembleia Nobel do Instituto Karolinska de Estocolmo, na Suécia, disse que as terapias pela inibição da regulação imune negativa são "um marco" na luta contra o câncer.
As descobertas "transcendentais" feitas por ambos os cientistas "estabeleceram um princípio completamente novo" no campo da oncologia e permitem "aproveitar a habilidade do sistema imunológico para atacar as células cancerígenas", disse a academia em um comunicado.
Os dois trabalharam separadamente e vão dividir o prêmio de US$ 1 milhão.
A imunoterapia, que mira mais especificamente nas células cancerígenas, é considerada uma nova fronteira nos tratamentos contra o câncer. 
No entanto, ela funciona em aproximadamente 15 a 20% dos pacientes. Os cientistas ainda não sabem exatamente quem vai se beneficiar e o porquê.
Desativando o 'freio' do sistema imunológico
Tanto Allison quanto Honjo estudaram proteínas que impedem que as principais células de defesa do corpo, as células T, ataquem as células cancerígenas.
Quando o sistema imunológico detecta a presença de ameaças no organismo, como vírus e bactérias, estas células se agarram às substâncias exógenas, o que estimula uma resposta imunológica de larga escala.
Diversas proteínas mensageiras também estão envolvidas nesse processo. Algumas potencializam a resposta do sistema imunológico e outras servem como freios, prevenindo uma resposta exagerada.
No caso do câncer, o sistema de defesa do corpo nem sempre consegue identificar os tumores e atacá-los. É neste ponto que os trabalhos dos dois pesquisadores provaram ser revolucionários.
Allison, que tem 70 anos e é professor na Universidade do Texas, estudou no início dos anos 1990 a proteína CTLA-4, que funciona como uma espécie de freio do linfócito T.
Honjo, de 76 anos e professor na Universidade de Kyoto, descobriu em 1992 outra proteína na superfície dos linfócitos T: a PD-1, que também freia as células imunológicas, mas com outro mecanismo.
Desde então, ambos passaram a desenvolver medicamentos que possam inibir a atividade dessas proteínas, estimulando o sistema imunológico a atacar tumores.
As terapias baseadas em suas pesquisas foram "impressionantemente eficientes" e tiveram sucesso no tratamento de pacientes com diferentes tipos de câncer, segundo a Assembleia do Nobel.
Desde então, a CTLA-4 foi usada no tratamento do melanoma (câncer de pele) avançado, enquanto a PD-1 tem sido utilizada contra tumores de pulmão, renais, linfoma e melanoma.
Novos estudos indicam que se ambas as terapias forem combinadas, o tratamento pode ser, inclusive, mais eficiente.
As terapias também produzem efeitos colaterais, como reações autoimunes do corpo. Os pesquisadores agora buscam maneiras de reduzir estes efeitos.
Controvérsias no Nobel
No ano passado, o Nobel de Medicina foi para os pesquisadores americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young por terem descoberto "os mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano" - o chamado "relógio biológico" de animais, plantas e humanos.
Com este anúncio, a Assembleia abre a semana na qual serão entregues os prêmios restantes: Física (terça-feira), Química (quarta-feira), Paz (quinta-feira) e Economia (próxima segunda-feira).
O Prêmio Nobel de Literatura, no entanto, não será entregue este ano, após o escândalo sexual e financeiro que atingiu o grupo de jurados da Assembleia.
Em abril de 2018, três membros do grupo renunciaram depois de uma investigação de assédio sexual envolvendo o fotógrafo Jean-Claude Arnault, casado com Katarina Frostenson, que fazia parte da comissão julgadora. Ambos foram acusados também de vazar os vencedores do prêmio em ao menos sete ocasiões, para se beneficiarem de apostas. 
Outras duas renúncias de jurados, incluindo Katarina Frostenson, se seguiram. Os 11 membros restantes no comitê não têm quórum suficiente para escolher um vencedor neste ano.
Fonte: BBC Brasil

Pesquisa indica aumento de quase 50% de mulheres engravidando após os 40


Gravidez tardia é possível com o congelamento de óvulos 
Por Rebeka Gonçalves
O Ministério da Saúde em suas pesquisas mostrou que o número de mulheres que tiveram filhos após os 40 anos aumentou 49,5% em 20 anos. O último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), realizado em 2010, demonstrou que a mulher está adiando a maternidade e construindo famílias bem menores do que suas mães e avós. A taxa de fecundidade caiu de seis filhos por mulher, em 1960, para 1,9 em 2010. Atualmente, estamos próximos de países europeus, como a Suíça e a Dinamarca. 
O aumento da escolarização e da participação da mulher no mercado de trabalho são dois fatores decisivos para esta mudança. E também problemas como a licença-paternidade de tempo reduzido e a falta de compreensão das empresas contratantes. 
O problema da gestação tardia é que a natureza não é generosa com as mulheres quando o assunto é fertilidade. Com o passar dos anos, inevitavelmente, os efeitos do tempo são sentidos. E para esclarecer todas as dúvidas para as mulheres que sonham em ser mãe, o Blog Saúde e Bem Estar conversou com a especialista em ginecologia e obstetrícia do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros – CISAM/UPE, Simone Carvalho. 
SBE: A partir de qual idade uma gravidez já é considerada tardia?
Simone Carvalho: A partir dos 35 anos, pois aumenta a probabilidade do desenvolvimento de hipertensão, diabetes e alterações genéticas, além do risco de aborto espontâneo. Entretanto, uma mulher de 35 anos que está em um peso saudável, que não fuma, que tem pressão arterial normal, oferece melhores condições para a gestação do que uma mulher de 30 com problemas de saúde pré-existentes.
SBE: Quais os perigos de uma gestação acima dos 40 anos?
Simone Carvalho: Aos 40 anos, de 40 a 50% das mulheres apresentarão dificuldades para engravidar naturalmente. Isso tem a ver com a qualidade e a quantidade dos óvulos. A menopausa, que se aproxima nesta faixa etária, nada mais é do que uma consequência do fim da reserva ovariana, pois, com o passar dos anos, essa reserva sofre queda tanto em quantidade quanto em qualidade – uma vez que esses óvulos também envelhecem. Além do possível aparecimento de doenças clínicas, como hipertensão e diabetes; problemas placentários: descolamentos, placenta prévia; restrição de crescimento fetal intrauterino; parto prematuro; maior mortalidade perinatal; gestação múltipla. 
SBE: É mito ou verdade que o uso contínuo da pílula anticoncepcional pode causar infertilidade? 
Simone Carvalho: Mito. Não há evidência que demonstre a associação do uso de pílula com infertilidade. 
SBE: Quais as opções atuais em termos de tecnologia clínica, para mulheres que não desejam engravidar antes dos 30?
Simone Carvalho: É uma boa escolha optar pelo congelamento de óvulos para uma gravidez tardia e mais estável, principalmente quando há razões sociais, como a ascensão da carreira ou o foco nos estudos. 
SBE: Quanto custa para congelar os óvulos? Existe alguma restrição?
Simone Carvalho: Em média 15.000 reais, podendo ser mais que isso. À princípio não existe restrição, mas a taxa de sucesso em conseguir captar e estimular óvulos é inversamente proporcional à idade, pois a mulher mais jovem tem uma reserva ovariana melhor que responde com mais êxito aos estímulos que são feitos para captar os óvulos para uma gravidez posterior. 

Adolescentes que fumam e bebem têm prejuízos à saúde já aos 17 anos, aponta estudo


Fumar e beber leva ao enrijecimento de artérias ainda quando se é bem jovem 
Adolescentes que bebem e fumam já têm danos perceptíveis em suas artérias aos 17 anos de idade, concluiu um estudo.
Testes conduzidos por pesquisadores da Universidade College London e da Universidade de Bristol, ambas no Reino Unido, mostraram que há um enrijecimento das artérias por conta desses hábitos quando ainda se é bem jovem. 
Este efeito está ligado a um aumento do risco de problemas cardíacos e em vasos sanguíneos, como AVC e infarto, em idade mais avançada.
Publicada no periódico científico European Heart Journal, a pesquisa também detectou, contudo, que as artérias dos adolescentes voltaram ao normal quando eles pararam de fumar e beber.
Problemas arteriais precoces 
Os cientistas estudaram dados coletados entre 2004 e 2008 de 1.266 pacientes que participaram do Avon Longitudinal Study of Parents and Children (ALSPAC), que reuniu informações de saúde de 14,5 mil famílias de Bristol, na Inglaterra
Os participantes detalharam seus hábitos em relação ao tabaco e à bebida aos 13, 15 e 17 anos, e exames foram realizados para verificar se havia ocorrido algum enrijecimento arterial.
Foi informado, por exemplo, quantos cigarros já se havia fumado na vida e a idade em que se começou a beber álcool, além da frequência e intensidade com que faziam isso.
Entre aqueles que haviam fumado mais de cem cigarros até o momento dos testes ou que consumiam mais de dez doses de álcool nos dias em que bebiam havia uma maior incidência de enrijecimento das artérias do que entre participantes que tinham fumado menos de 20 cigarros durante a vida ou tomavam menos de duas doses nos dias em que consumiam álcool.
"Beber e fumar na adolescência, mesmo em níveis inferiores àqueles informados em estudos com adultos, está associado a enrijecimento arterial e à progressão da arterioesclerose", diz o autor principal do estudo, John Deanfield, do Instituto de Ciência Cardiovascular da Universidade College London.
"No entanto, também descobrimos que, se adolescentes param de fumar ou beber durante a adolescência, suas artérias retornam ao normal, indicando que há a chance de preservar a saúde arterial ainda quando se é jovem."
Marietta Charakida, que participou da pesquisa, explica que o dano aos vasos sanguíneos por conta destes hábitos "se dá ainda em um momento precoce da vida". "Quando se faz as duas coisas juntas, os prejuízos são ainda maiores", diz Charakida.
"Ainda que estudos mostrem que adolescentes vêm fumando menos nos últimos anos, nossos resultados indicam que aproximadamente um a cada cinco fuma aos 17 anos. Em famílias em que os pais são fumantes, há maior probabilidade de adolescentes fumarem."
Fumo em queda e bebida em alta entre adolescentes no Brasil
No Brasil, estima-se que 18,5% dos adolescentes brasileiros entre 12 e 17 anos, ou 1,8 milhão de jovens, já experimentaram cigarro, de acordo com um estudo divulgado em 2016.
A pesquisa Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes, feita pelo Ministério da Saúde e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com outras 33 instituições de ensino superior, consultou 75 mil adolescentes de 1.251 escolas públicas e privadas em 124 municípios do país, por meio de questionários e exames.
Em 2009, um outro estudo, a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, apontou que 24% dos adolescentes tinham fumado pelo menos uma vez, o que indica que o número de fumantes neste grupo pode estar em queda. No entanto, o público-alvo desta pesquisa tinha entre 13 e 15 anos.
Ao mesmo tempo, o consumo de bebida alcóolica vem aumentando entre adolescentes, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, divulgada em 2016 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O trabalho mostrou que 55,5% dos 2,6 milhões de estudantes que estavam no último ano do ensino fundamental já haviam bebido alguma vez na vida, um crescimento em relação ao levantamento de 2012, quando 50,3% estudantes disseram já ter feito isso. E 21,4% dos participantes do estudo mais recente tiveram algum episódio de embriaguez na vida.
Breno Caiafa, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), diz que a queda no número de fumantes jovens é fruto de um trabalho intenso de conscientização sobre os malefícios do tabaco nos últimos anos, mas avalia que o mesmo esforço não tem sido feito com o álcool.
"Isso merece um cuidado maior do governo. Hoje, as campanhas dizem 'se beber, não dirija', mas não falam para não beber. As empresas de bebidas vão continuar a fazer propaganda livremente se não forem pressionadas, como ocorreu com o fumo", afirma Caiafa.
"Estudos mostram que beber moderadamente até pode fazer bem, mas o álcool não deixa de ser uma droga e, se consumido em excesso, gera alterações hepáticas e ganho de peso, enrijece as artérias e aumenta as chances de um AVC. Se tem esses efeitos, precisa ser controlado. O álcool talvez esteja sendo subestimado."
'Sinal encorajador'
Caiafa avalia que o estudo britânico traz novidades ao mostrar o impacto do álcool e da bebida ainda na juventude. "Já sabíamos dos efeitos negativos a médio e longo prazo, mas não a tão curto prazo", diz.
Ele explica que esses hábitos danificam a parede das artérias, gerando uma lesão à camada interna dos vasos, o que leva à formação de placas, provocando um enrijecimento e estreitamento arterial e, como consequência, há um aumento da pressão sanguínea.
"O estudo mostrou que essa inflamação diminui quando a pessoa para de fumar e beber e que o organismo se recupera, mas é preciso cuidado, porque, se a obstrução estiver em estágio avançado, dificilmente vai regredir."
Metin Avkiran, diretor médico associado da British Heart Foundation, organização que financiou parte da pesquisa, diz que o fato dos danos poderem ser revertidos é um "sinal encorajador".
"Parar de fumar é a melhor decisão que você pode tomar para proteger seu coração. E, se você bebe, não o faça de forma excessiva e siga as recomendações (das agências de saúde)", afirma.
"Nunca é tarde demais para fazer mudanças que podem acabar salvando sua vida."
Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Governo quer fechar acordo para reduzir níveis de açúcar em alimentos



O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, anunciou hoje (1º), em Brasília, que ainda este mês será finalizado um acordo com a indústria de alimentos processados para a redução do nível de açúcar em vários produtos.
Segundo ele, nesse primeiro momento, a proposta vai incluir iogurtes, achocolatados, sucos em caixinha, refrigerantes, bolos e biscoitos.
“Cada um terá um nível de redução de açúcar, que será estabelecido até 2021, quando sentaremos novamente com a indústria para definir um novo patamar”, disse Occhi, durante o lançamento de uma pesquisa sobre perfil da população idosa brasileira.
O ministro disse que o acordo com a indústria é uma das ações preventivas contra problemas de saúde que poderão contribuir para a melhoria da qualidade de vida população em crescente envelhecimento no país.
Atualmente, os idosos representam 14,3% dos brasileiros, ou seja, 29,3 milhões de pessoas.
Vivendo mais
A expectativa de vida do brasileiro aumentou 30 anos nas últimas sete décadas, passando de pouco mais de 45 anos de idade para 75 anos.
“Temos que cuidar desde a infância para que nossa população tenha uma vida cada vez mais saudável. As pessoas com mais de 60 anos precisam ter práticas físicas e diagnósticos cada vez mais precoces sobre possíveis doenças crônicas”, disse o ministro da Saúde.
De acordo com o estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 75,3% das 9,4 mil pessoas com 50 anos ou mais, entrevistadas em 70 municípios brasileiros, dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). A pesquisa aponta que, por este cenário, os investimentos no sistema são fundamentais para reduzir as desigualdades sociais em saúde.
Um dos pontos de alerta feito pelos pesquisadores é o de que o envelhecimento da população é uma realidade irreversível que ainda ocorre de forma “profundamente desigual”. As diferenças econômicas, segundo eles, refletem diretamente na qualidade de vida dessas pessoas.
Hipertensão lidera doenças
O leque de doenças que mais afetam esse público é liderado pela hipertensão (mais da metade dos entrevistados), seguida por dores na coluna, artrite e depressão.
O levantamento mostrou que quase 30% dos idosos sofrem com duas ou mais doenças crônicas e que, nos últimos 12 meses, 10,2% dos entrevistados relataram que foram hospitalizados pelo menos uma vez.
A insegurança nas áreas urbanas também foi destacada no diagnóstico apresentado pela Fiocruz e UFMG, que mostrou que 85% dos idosos com 50 anos ou mais vivem em cidades.
Mais de 40% dos ouvidos disseram ter medo de cair nas ruas em função do estado de calçadas e passeios. Outros 36% declararam o temor em atravessar ruas.
“Saúde é uma responsabilidade de todos. Estamos falando de educação, de saneamento, de mobilidade urbana. Todos nós, como governo de maneira global, temos que adotar medidas”, defendeu o ministro da Saúde.
Fonte: Agência Brasil