Gravidez tardia é possível com o
congelamento de óvulos
Por
Rebeka Gonçalves
O
Ministério da Saúde em suas pesquisas mostrou que o número de mulheres que
tiveram filhos após os 40 anos aumentou 49,5% em 20 anos. O último censo
demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE),
realizado em 2010, demonstrou que a mulher está adiando a maternidade e
construindo famílias bem menores do que suas mães e avós. A taxa de fecundidade
caiu de seis filhos por mulher, em 1960, para 1,9 em 2010. Atualmente, estamos
próximos de países europeus, como a Suíça e a Dinamarca.
O
aumento da escolarização e da participação da mulher no mercado de trabalho são
dois fatores decisivos para esta mudança. E também problemas como a
licença-paternidade de tempo reduzido e a falta de compreensão das empresas
contratantes.
O
problema da gestação tardia é que a natureza não é generosa com as mulheres
quando o assunto é fertilidade. Com o passar dos anos, inevitavelmente, os
efeitos do tempo são sentidos. E para esclarecer todas as dúvidas para as
mulheres que sonham em ser mãe, o Blog Saúde e Bem Estar conversou com a
especialista em ginecologia e obstetrícia do Centro Integrado de Saúde Amaury
de Medeiros – CISAM/UPE, Simone Carvalho.
SBE: A partir de qual idade uma
gravidez já é considerada tardia?
Simone Carvalho: A partir dos 35 anos, pois aumenta a probabilidade do
desenvolvimento de hipertensão, diabetes e alterações genéticas, além do risco
de aborto espontâneo. Entretanto, uma mulher de 35 anos que está em um peso
saudável, que não fuma, que tem pressão arterial normal, oferece melhores
condições para a gestação do que uma mulher de 30 com problemas de
saúde pré-existentes.
SBE: Quais os perigos de uma gestação acima dos 40 anos?
Simone Carvalho: Aos 40 anos, de 40 a 50% das mulheres apresentarão
dificuldades para engravidar naturalmente. Isso tem a ver com a qualidade e a
quantidade dos óvulos. A menopausa, que se aproxima nesta faixa etária, nada
mais é do que uma consequência do fim da reserva ovariana, pois, com o passar
dos anos, essa reserva sofre queda tanto em quantidade quanto em
qualidade – uma vez que esses óvulos também envelhecem. Além do
possível aparecimento de doenças clínicas, como hipertensão e diabetes;
problemas placentários: descolamentos, placenta prévia; restrição de
crescimento fetal intrauterino; parto prematuro; maior mortalidade perinatal;
gestação múltipla.
SBE: É mito ou verdade que o uso
contínuo da pílula anticoncepcional pode causar infertilidade?
Simone Carvalho: Mito. Não há evidência que demonstre a associação do
uso de pílula com infertilidade.
SBE: Quais as opções atuais em termos
de tecnologia clínica, para mulheres que não desejam engravidar antes dos 30?
Simone Carvalho: É uma boa escolha optar pelo congelamento de óvulos
para uma gravidez tardia e mais estável, principalmente quando há razões
sociais, como a ascensão da carreira ou o foco nos estudos.
SBE: Quanto custa para congelar os
óvulos? Existe alguma restrição?
Simone Carvalho: Em média 15.000 reais, podendo ser mais que isso. À
princípio não existe restrição, mas a taxa de sucesso em conseguir captar e
estimular óvulos é inversamente proporcional à idade, pois a mulher mais jovem
tem uma reserva ovariana melhor que responde com mais êxito aos estímulos que
são feitos para captar os óvulos para uma gravidez posterior.
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