quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Pesquisa indica aumento de quase 50% de mulheres engravidando após os 40


Gravidez tardia é possível com o congelamento de óvulos 
Por Rebeka Gonçalves
O Ministério da Saúde em suas pesquisas mostrou que o número de mulheres que tiveram filhos após os 40 anos aumentou 49,5% em 20 anos. O último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), realizado em 2010, demonstrou que a mulher está adiando a maternidade e construindo famílias bem menores do que suas mães e avós. A taxa de fecundidade caiu de seis filhos por mulher, em 1960, para 1,9 em 2010. Atualmente, estamos próximos de países europeus, como a Suíça e a Dinamarca. 
O aumento da escolarização e da participação da mulher no mercado de trabalho são dois fatores decisivos para esta mudança. E também problemas como a licença-paternidade de tempo reduzido e a falta de compreensão das empresas contratantes. 
O problema da gestação tardia é que a natureza não é generosa com as mulheres quando o assunto é fertilidade. Com o passar dos anos, inevitavelmente, os efeitos do tempo são sentidos. E para esclarecer todas as dúvidas para as mulheres que sonham em ser mãe, o Blog Saúde e Bem Estar conversou com a especialista em ginecologia e obstetrícia do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros – CISAM/UPE, Simone Carvalho. 
SBE: A partir de qual idade uma gravidez já é considerada tardia?
Simone Carvalho: A partir dos 35 anos, pois aumenta a probabilidade do desenvolvimento de hipertensão, diabetes e alterações genéticas, além do risco de aborto espontâneo. Entretanto, uma mulher de 35 anos que está em um peso saudável, que não fuma, que tem pressão arterial normal, oferece melhores condições para a gestação do que uma mulher de 30 com problemas de saúde pré-existentes.
SBE: Quais os perigos de uma gestação acima dos 40 anos?
Simone Carvalho: Aos 40 anos, de 40 a 50% das mulheres apresentarão dificuldades para engravidar naturalmente. Isso tem a ver com a qualidade e a quantidade dos óvulos. A menopausa, que se aproxima nesta faixa etária, nada mais é do que uma consequência do fim da reserva ovariana, pois, com o passar dos anos, essa reserva sofre queda tanto em quantidade quanto em qualidade – uma vez que esses óvulos também envelhecem. Além do possível aparecimento de doenças clínicas, como hipertensão e diabetes; problemas placentários: descolamentos, placenta prévia; restrição de crescimento fetal intrauterino; parto prematuro; maior mortalidade perinatal; gestação múltipla. 
SBE: É mito ou verdade que o uso contínuo da pílula anticoncepcional pode causar infertilidade? 
Simone Carvalho: Mito. Não há evidência que demonstre a associação do uso de pílula com infertilidade. 
SBE: Quais as opções atuais em termos de tecnologia clínica, para mulheres que não desejam engravidar antes dos 30?
Simone Carvalho: É uma boa escolha optar pelo congelamento de óvulos para uma gravidez tardia e mais estável, principalmente quando há razões sociais, como a ascensão da carreira ou o foco nos estudos. 
SBE: Quanto custa para congelar os óvulos? Existe alguma restrição?
Simone Carvalho: Em média 15.000 reais, podendo ser mais que isso. À princípio não existe restrição, mas a taxa de sucesso em conseguir captar e estimular óvulos é inversamente proporcional à idade, pois a mulher mais jovem tem uma reserva ovariana melhor que responde com mais êxito aos estímulos que são feitos para captar os óvulos para uma gravidez posterior. 

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