sexta-feira, 25 de maio de 2018

Somos todos ansiosos?













Por Tereza Cristina Soares Gouveia
Psicoterapeuta

A ansiedade sempre esteve e sempre estará presente na nossa vida. Ela de fato acompanha as diversas fases da vida e do desenvolvimento humano. Na verdade, todos nós somos um pouco ansiosos por natureza, mas se uma simples ansiedade se transformar em um turbilhão de emoções, acabará dificultando a realização de tarefas diárias, transformando a vida das pessoas que sofrem deste transtorno tanto na esfera pessoal como profissional.

A ansiedade ajuda nossa adaptação ao meio ambiente, porém, dependendo de como avaliamos nossas experiências, e se estas forem sentidas como ameaçadoras, com certeza desencadeará um quadro de ansiedade, na maioria das vezes desproporcional à realidade, ou seja, a forma de pensar afeta a forma de sentir.

Os psicólogos evolucionistas afirmam que a ansiedade foi determinante na sobrevivência do homem primitivo, pois o medo diante da ameaça de morte, por fome e ataques de animais velozes, fez com que o homem buscasse adaptar-se a este ambiente hostil com prudência e cautela, e para isso a ansiedade foi uma das principais ferramentas para a sua sobrevivência. Assim explicam a etiologia da ansiedade que hoje estudamos.

Entretanto, hoje não corremos mais estes riscos, mas estes comportamentos de fuga diante de situações ameaçadoras permanecem nas atividades e na programação mental, herdada de nossos antepassados. Segundo CASTILHO (2000), a ansiedade é um sentimento de medo vago e desagradável, caracterizado por um desconforto ou tensão derivado de uma antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho.

Há seis transtornos de ansiedade, cada um com características bem definidas que se manifestam de maneira diferente, de acordo com os estímulos e situações. O indivíduo poderá apresentar um ou mais dos seguintes transtornos: Fobia Específica, Transtorno de Pânico, Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade Social (TAS) ou Fobia Social e Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

Na fobia específica o medo se restringe a um estímulo ou situação específica, como medo de avião, elevador, certos animais, etc. Acomete cerca de 12% dos indivíduos. O transtorno de pânico é o medo de suas próprias reações fisiológicas e psicológicas a um estímulo. Cerca de 3% das pessoas tem este transtorno relacionado à depressão.

O transtorno obsessivo compulsivo caracteriza-se pelos pensamentos recorrentes atrelados a compulsões, exemplo: pensar que está contaminado e necessidade incontrolável de lavar as mãos. O transtorno de ansiedade generalizada é uma preocupação excessiva e contínua por várias coisas, sempre com pensamentos negativos e catastróficos. Atinge cerca de 9% das pessoas.

O transtorno de ansiedade social caracteriza-se pelo medo de ser julgado pelos outros de forma negativa, como por exemplo participar de encontros, festas e comer em público. Finalizando temos o transtorno pós-traumático, que se configura por um medo excessivo causado por um evento ou situação traumática como violência física, estupro, acidentes graves, perdas, dentre outros. A incidência é maior, cerca de 14% das pessoas sofrem desse transtorno.

As causas relacionadas ao surgimento dos transtornos de ansiedade compreendem eventos traumáticos na infância ou mesmo na vida adulta, como acidentes, perdas, mortes e doenças, bem como estrutura de personalidade, pessoas com tendência a serem mais ansiosas, perfeccionistas e controladoras. Entretanto, vale salientar que a ansiedade e o medo só passam a ser patológicos quando são exagerados e desproporcionais em relação ao estímulo.

Os quadros ansiosos apresentam sintomas físicos e psicológicos, sendo os mais comuns sudorese nas mãos, tensão muscular, tontura, batimento cardíaco acelerado, sensação de sufocação, tremor nas mãos, aperto no peito, insônia, hiperventilação, preocupações e pensamentos catastróficos, medo constante, baixa auto estima, superestimação do perigo e fuga de situações que provocam ansiedade.

Quanto mais se tenta controlar a ansiedade, mais presente ela será na sua mente. O estado de alerta acionado pela ansiedade ficará mais intenso a medida que sua atenção e esforço aumentarem com o objetivo de livrar-se do mal.

A estratégia mais eficaz para reduzir a ansiedade com o passar do tempo é não supervalorizar os efeitos dela nem tentar controlá-la. Ela se baseia também na falsa crença de que você precisa prever o perigo, conhecê-lo bem, controlar tudo e evitar riscos e arrependimentos.

Deve-se procurar tratamento assim que os sintomas começarem a trazer prejuízos à vida cotidiana, sendo necessário acompanhamento psicológico e, em alguns casos, avaliação psiquiátrica para introdução de antidepressivos e ansiolíticos.

Procure vencer suas dificuldades dia após dia, vivendo e se aproximando de tudo que te congela e paralisa. Não tenha vergonha de falar sobre seu sofrimento, esse é o primeiro passo para vencer seus medos.

Encare a vida sem tantas cobranças, seja generoso consigo mesmo, acredite no seu potencial e saiba que milhares de pessoas sofrem de ansiedade e muitas vezes não tem coragem de assumir e buscar ajuda.

Referências Bibliográficas
GREENBERGER, Dennis. A Mente Vencendo o Humor: Mude como Você se Sente, Mudando o Modo como Você Pensa. (2017)
LEAHY, Robert L. Livre de Ansiedade.(2011)
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