Como
parte das comemorações dos 70 anos dos Alcoólicos Anônimos (AA) no Brasil, o
grupo lançou um aplicativo para celulares. O objetivo é facilitar o acesso a
informações como horário e local de encontros e divulgar as bases e preceitos
da entidade. Tudo disponível gratuitamente em português, inglês e espanhol para
os sistemas Android e IOS, digitando Alcoólicos Anônimos no Google Play e
na App Store.
O
AA é formado por diversos grupos que se reúnem para compartilhar experiências
sobre como ajudar as pessoas que querem parar de beber e como manter sóbrios os
que já deixaram o álcool de lado. “[São] reuniões de ajuda mútua, nos
encontramos trocando experiências. Aqueles que estão há mais tempo passando a
experiência de como conseguiram parar de beber, reorganizar a sua vida e buscar
novos horizontes”, explicou Raul, que faz parte do grupo há 22 anos.
Ele
disse que o AA mantém suas bases desde que foi trazido dos Estados Unidos para
o Brasil, por um dos membros. Atualmente, são cerca de 4,9 mil grupos em todo o
país. Segundo Raul, chegam aos encontros pessoas com os mais diversos perfis.
“Se o álcool está trazendo algum tipo de transtorno para a sua vida,
prejudicando o dia a dia, elas vêm em busca de informações.”
O
AA considera o alcoolismo uma doença crônica. “Alcoolismo é uma doença
progressiva, que começa em um beber social e, em um momento, acaba trazendo o
caos para a vida da pessoa”, diz Raul sobre o desenvolvimento do problema.
O
psicólogo Bruno Logan, especialista em uso de drogas, explica que o modelo do
AA pode ser um apoio importante em alguns casos. “Você se sente muito acolhido,
sente-se dentro de um grupo, pertencente a algo. Muitas vezes, quando a pessoa
tem um problema com álcool ou com drogas, ela se sente excluída da sociedade,
do trabalho, da escola, da família. Então, quando chega a um lugar em que as
pessoas a acolhem, é muito potente isso.”
Modelo com limitações
No
entanto, a ligação da entidade com a religião pode ser um limitador para
algumas pessoas. Apesar do AA não promover nenhuma igreja ou seita específica,
as bases do grupo preveem a crença em Deus e, em vários casos, as reuniões são
feitas em instituições religiosas. “Aqui no Brasil tudo que envolve religião
tem uma questão moral problemática. Se a pessoa já tem problema com o uso de
uma substância, ter ainda um julgamento moral não vai contribuir nada, vai
trazer ainda mais dificuldades para essa pessoa”, destacou o psicólogo.
Logan
acrescentou que o AA também não oferece espaço para aqueles que não querem ou
não conseguem parar de beber, uma vez que o objetivo do grupo é manter os
participantes sóbrios.
Para
ele, as estratégias de cuidado devem ser adaptadas ao contexto e às
necessidades de cada pessoa. “Eu tenho pacientes que tomam três latinhas de
cerveja e têm um problema de um uso problemático imenso, que aquilo desorganiza
de uma forma muito grande. E tem pessoas que estão em situação de rua, que
trabalham, têm empresa e que tomam um litro de cachaça por dia e não
identificam um problema com álcool.”
Fonte: Agência Brasil
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