O
Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal cassou o registro do médico
Por
Rebeka Gonçalves
Na tarde de hoje, o médico
Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, e a mãe, Maria de Fátima
Furtado, foram presos em um centro empresarial na Barra. Os dois estavam
foragidos há 4 dias após a morte da bancária Lilian Calixto. Segundo a delegada
Adriana Belém, da 16ª Delegacia de Polícia Civil da Barra da Tijuca, os dois
estavam no escritório de um advogado, com quem negociavam a rendição. Em
entrevista à imprensa, o médico se disse inocente e afirmou que intercorrências
podem ocorrer com qualquer médico.
Hoje pela manhã, o
Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) cassou o registro do
médico, mas ainda cabe recurso. A decisão ainda será submetida ao Conselho
Federal de Medicina (CFM).
Entenda
o caso
A bancária Lilian
Calixto, de 46 anos, morreu após passar por um procedimento estético no
apartamento do médico Denis Cesar Barros Furtado, na Barra da Tijuca, Zona
Oeste do Rio de Janeiro. Parentes contaram que ela saiu de Cuiabá, no Mato
Grosso, onde morava, para fazer um procedimento nos glúteos.
Lilian passou por
complicações e foi socorrida para o Hospital Barra D’or em estado extremamente
grave, segundo a unidade de saúde. O hospital informou que fez várias
tentativas para reverter o quadro de saúde da bancária, mas ela acabou
falecendo na madrugada do domingo (15/07).
Houve registro do caso na
16ª Delegacia de Polícia Civil da Barra da Tijuca, mas a investigação é
sigilosa. O Tribunal de Justiça confirmou na noite de segunda (16/07) que um
pedido de prisão provisória para o médico chegou ao plantão judicial para ser
analisado.
Defesa
do médico
Em coletiva concedida à
imprensa, na última quarta-feira (18/07), em Brasília, a advogada responsável
pela defesa do médico Denis Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, Naiara
Baldanza, afirmou que o profissional “sofre de síndrome do pânico”. Segundo
ela, esse é o motivo para ele ainda não ter se apresentado à Polícia Civil.
Ainda de acordo com
Naiara, o médico não permaneceu no Hospital Barra D’or, “porque o hospital não
permitiu que ele ficasse no local após a morte da paciente”. Mas a unidade de
saúde nega esse fato, “não houve qualquer impedimento ao acesso de qualquer
profissional, familiar ou acompanhante”.
Entretanto, na coletiva,
Naiara se negou a responder uma série de questionamentos e encerrou a
entrevista após 14 minutos. Entre outras coisas, a advogada não falou sobre a
acusação de que seu cliente fazia procedimentos em casa, e não em um
consultório; sobre as complicações apresentadas pela bancária e a morte dela;
sobre a fuga do médico após a morte da paciente e seu paradeiro; se ele
pretendia se entregar à polícia em Brasília ou no Rio de Janeiro e sobre as
denúncias de outras clientes e ex-colegas de trabalho do Dr. Bumbum.
Especialização
Segundo a Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o médico Denis Furtado não é
especialista e realizava os procedimentos em local inadequado. Um ex-chefe de
Furtado afirmou para a imprensa que, apesar de se identificar como cirurgião
plástico, ele se recusava a fazer residência ou qualquer outra especialização
para exercer a medicina. “Ele se formou no Rio, trabalhou como médico, mas sem
nenhuma especialidade. Ou seja, só poderia trabalhar como médico generalista.
Então, ele só assessorava, fazia serviços burocráticos, distribuía documentos
aqui e lá. Nunca teve contato com paciente”.
Ao analisar a conduta do
médico Denis Furtado, o ex-chefe dele disse que não suspeitava que ele pudesse
trabalhar de forma clandestina. Mas relembrou que ele sabia como “enganar as
pessoas”. “Não é preciso ter contato com a área para saber que ele é muito
eloquente, sabe articular as palavras. Então, para ele, é fácil enrolar uma
pessoa levando para um apartamento e fazer um procedimento, que é claramente
todo errado”.
Histórico
O médico é alvo de um
inquérito da Polícia Civil, motivado por pelo menos seis denúncias. Até ontem
(18/07), o Ministério Público informava que não tinha conhecimento de denúncia
contra o médico na justiça. No entanto, o órgão disse que existe a possibilidade
de ele já estar respondendo judicialmente em algum processo que esteja correndo
em sigilo.
No Distrito Federal,
Denis Furtado trabalhou em ao menos três lugares. Uma clínica mantida no Lago
Sul, área nobre de Brasília, mas foi considerada clandestina pela Polícia
Civil. Segundo um paciente, ele também atendia em uma clínica na Asa Norte.
Além disso, ele trabalhou
no Hospital das Forças Armadas (HFA), onde exercia a função de oficial médico
temporário. Durante o período, o HFA não abriu nenhum procedimento
administrativo ou sindicância contra ele, de acordo com a assessoria de
imprensa do centro de saúde.
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