quinta-feira, 19 de julho de 2018

Dr. Bumbum e a mãe são presos em empresarial na Barra


O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal cassou o registro do médico
Por Rebeka Gonçalves
Na tarde de hoje, o médico Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, e a mãe, Maria de Fátima Furtado, foram presos em um centro empresarial na Barra. Os dois estavam foragidos há 4 dias após a morte da bancária Lilian Calixto. Segundo a delegada Adriana Belém, da 16ª Delegacia de Polícia Civil da Barra da Tijuca, os dois estavam no escritório de um advogado, com quem negociavam a rendição. Em entrevista à imprensa, o médico se disse inocente e afirmou que intercorrências podem ocorrer com qualquer médico. 
Hoje pela manhã, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) cassou o registro do médico, mas ainda cabe recurso. A decisão ainda será submetida ao Conselho Federal de Medicina (CFM).
Entenda o caso 
A bancária Lilian Calixto, de 46 anos, morreu após passar por um procedimento estético no apartamento do médico Denis Cesar Barros Furtado, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Parentes contaram que ela saiu de Cuiabá, no Mato Grosso, onde morava, para fazer um procedimento nos glúteos. 
Lilian passou por complicações e foi socorrida para o Hospital Barra D’or em estado extremamente grave, segundo a unidade de saúde. O hospital informou que fez várias tentativas para reverter o quadro de saúde da bancária, mas ela acabou falecendo na madrugada do domingo (15/07). 
Houve registro do caso na 16ª Delegacia de Polícia Civil da Barra da Tijuca, mas a investigação é sigilosa. O Tribunal de Justiça confirmou na noite de segunda (16/07) que um pedido de prisão provisória para o médico chegou ao plantão judicial para ser analisado. 
Defesa do médico
Em coletiva concedida à imprensa, na última quarta-feira (18/07), em Brasília, a advogada responsável pela defesa do médico Denis Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, Naiara Baldanza, afirmou que o profissional “sofre de síndrome do pânico”. Segundo ela, esse é o motivo para ele ainda não ter se apresentado à Polícia Civil. 
Ainda de acordo com Naiara, o médico não permaneceu no Hospital Barra D’or, “porque o hospital não permitiu que ele ficasse no local após a morte da paciente”. Mas a unidade de saúde nega esse fato, “não houve qualquer impedimento ao acesso de qualquer profissional, familiar ou acompanhante”. 
Entretanto, na coletiva, Naiara se negou a responder uma série de questionamentos e encerrou a entrevista após 14 minutos. Entre outras coisas, a advogada não falou sobre a acusação de que seu cliente fazia procedimentos em casa, e não em um consultório; sobre as complicações apresentadas pela bancária e a morte dela; sobre a fuga do médico após a morte da paciente e seu paradeiro; se ele pretendia se entregar à polícia em Brasília ou no Rio de Janeiro e sobre as denúncias de outras clientes e ex-colegas de trabalho do Dr. Bumbum. 
Especialização
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o médico Denis Furtado não é especialista e realizava os procedimentos em local inadequado. Um ex-chefe de Furtado afirmou para a imprensa que, apesar de se identificar como cirurgião plástico, ele se recusava a fazer residência ou qualquer outra especialização para exercer a medicina. “Ele se formou no Rio, trabalhou como médico, mas sem nenhuma especialidade. Ou seja, só poderia trabalhar como médico generalista. Então, ele só assessorava, fazia serviços burocráticos, distribuía documentos aqui e lá. Nunca teve contato com paciente”. 
Ao analisar a conduta do médico Denis Furtado, o ex-chefe dele disse que não suspeitava que ele pudesse trabalhar de forma clandestina. Mas relembrou que ele sabia como “enganar as pessoas”. “Não é preciso ter contato com a área para saber que ele é muito eloquente, sabe articular as palavras. Então, para ele, é fácil enrolar uma pessoa levando para um apartamento e fazer um procedimento, que é claramente todo errado”. 
Histórico
O médico é alvo de um inquérito da Polícia Civil, motivado por pelo menos seis denúncias. Até ontem (18/07), o Ministério Público informava que não tinha conhecimento de denúncia contra o médico na justiça. No entanto, o órgão disse que existe a possibilidade de ele já estar respondendo judicialmente em algum processo que esteja correndo em sigilo. 
No Distrito Federal, Denis Furtado trabalhou em ao menos três lugares. Uma clínica mantida no Lago Sul, área nobre de Brasília, mas foi considerada clandestina pela Polícia Civil. Segundo um paciente, ele também atendia em uma clínica na Asa Norte. 
Além disso, ele trabalhou no Hospital das Forças Armadas (HFA), onde exercia a função de oficial médico temporário. Durante o período, o HFA não abriu nenhum procedimento administrativo ou sindicância contra ele, de acordo com a assessoria de imprensa do centro de saúde.

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