Temas
como a demanda global de alimentos, a epidemia de obesidade e as novas
tendências de mercado foram abordados pelo diretor-geral da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José
Graziano da Silva, durante a 56º edição do Congresso da Sociedade Brasileira de
Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), promovido pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP).
Na
ocasião, Graziano citou prognóstico lançado pela FAO em relatório conjunto com
a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em julho
deste ano, em Paris, no qual se preveem desafios impostos pelo crescimento
populacional em todos os níveis da segurança alimentar – não apenas aqueles
relacionados à fome, mas também às outras formas de má nutrição.
“O
maior problema do mundo já não é mais a fome, a fome hoje é algo bem
equacionado, a gente sabe onde está, e sabe por que. Ela está basicamente nas
regiões de conflito e seca”, declarou.
“Uma
epidemia que afeta tantos países desenvolvidos, como os em desenvolvimento, é a
obesidade, que é uma questão ainda não equacionada e que vai afetar o futuro da
alimentação de uma maneira que nós ainda não conseguimos dizer. Hoje, projetar
o consumo da demanda de commodities ao passo do crescimento da população parece
um erro”, alertou.
Dentro
desse contexto, o diretor-geral da FAO destacou a importância de se olhar para
novas visões de logística, transporte e armazenamento que podem ter efeitos
sobre a demanda por alimentos e o combate a má nutrição.
Ainda
segundo Graziano, as tendências da “gourmetização” da alimentação caseira, com
pessoas querendo cozinhar cada vez mais e melhor em casa, cultivando seus
próprios temperos e atentos para a qualidade e para o preço do que consomem,
devem mudar, cada vez mais, as formas de produção e a dinâmica do mercado.
Tais
mudanças também podem trazer, aos poucos, impactos positivos na epidemia da
obesidade. Nesse contexto, ele citou a popularização da quinoa. “O produto
fresco, legumes, verduras, carnes, são fundamentais em uma dieta para prevenir
a obesidade. Na Europa, ninguém come mais para matar a fome, come por prazer. É
o gourmet que influencia”.
“A
FAO atuou maciçamente para colocar a quinoa no mercado internacional. Hoje, é
parte desse mercado gourmet. Quinoa que aqui você compra por menos de um dólar,
na Europa não compra por menos de 10. Essa logística, essa transformação da
marca, esse lado gourmet do prazer da alimentação, conectado à questão da
obesidade, pode transformar completamente a forma da produção da alimentação do
futuro”, concluiu.
Fonte: ONU Brasil
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