Por
Rebeka Gonçalves
‘Eu
vou morrer logo’, pensava a médica Lindinalva dos Santos, quando não conseguia
se mexer na cama de tanta dor. Há mais de 10 anos ela recebeu dois impactos que
agravaram os sintomas. Primeiro foi a ida da filha para morar no exterior e,
meses depois, a morte do pai. Ela relata que tinha uma vida muito estressante e
muita pressão no trabalho, o que só fez piorar o quadro. Ao consultar uma
reumatologista, descobriu que tinha fibromialgia.
“Fibromialgia
é uma síndrome dolorosa crônica caracterizada por dor difusa no corpo
acompanhada de alterações do sono e fadiga, podendo haver dor de cabeça,
alterações cognitivas como memória e concentração, instabilidade emocional,
síndrome do intestino irritável, ansiedade e depressão. Pode iniciar após um
trauma físico ou psicológico. Os sintomas podem parecer benignos, mas podem ser
ou tornar-se graves e perigosos, sem que se consiga determinar o fator causal”,
explica Renata Menezes, reumatologista do Hospital da Mulher.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia é de 8 a 10 vezes mais frequente em mulheres do que em homens. A
chance desse diagnóstico é maior em pacientes que tenham histórico familiar da
doença e em pacientes com algumas doenças reumáticas, como artrite reumatoide
ou lúpus eritematoso.
O
diagnóstico é essencialmente clínico, pois não existem testes específicos para detectar
a doença. Os exames laboratoriais e radiológicos são utilizados para avaliar as
condições gerais dos pacientes e para afastar outras doenças causadoras de dor.
O diagnóstico realiza-se através de pressão com os dedos em 18 pontos
específicos do corpo. O critério de resposta dolorosa, em pelo menos 11 desses
18 pontos, é um indicativo para a classificação da enfermidade, mas não deve
ser considerado como essencial. Além disso, o diagnóstico de fibromialgia pode
ser sugerido se uma pessoa teve dor generalizada por mais de três meses – sem
condição médica subjacente que poderia causar dor.
“Eu
já cheguei a passar uma semana na cama. Cheguei a uma situação que eu disse
para mim mesma, eu vou morrer logo porque não tem condição de uma pessoa
sobreviver com tanta dor. Porque para mim virar na cama era um sacrifício de
tanta dor. E aí eu passava duas horas na cama acordada para poder melhorar e eu
levantar da cama, pois caso me apressasse para levantar era capaz de desmaiar.
Não podia receber nenhuma notícia, se a notícia fosse ruim eu adoecia, se fosse
boa, eu também adoecia ”, relata Lindinalva.
Renata
Menezes esclarece ainda como a enfermidade pode ser tratada. “Não há cura para
a fibromialgia, mas o tratamento ajuda a controlar a dor, melhorar a função e a
qualidade de vida do paciente, com uma variedade de medicamentos e atividade
física aeróbica, dependendo da participação ativa do paciente”, explica.
A
prevenção para a síndrome da dor generalizada está nos hábitos de vida como, a
redução do estresse - técnicas de gerenciamento emocional, como exercícios de respiração
profunda ou meditação. Dormir bem e com tempo suficiente para o sono, cultivar bons
hábitos, como ir para a cama e levantar-se no mesmo horário diariamente, limitar
os períodos de sono diurno. Além de manter um estilo de vida saudável – comer
alimentos saudáveis, limitar a ingestão de cafeína, principalmente à noite para
reduzir a insônia, e se exercitar regularmente – alongamento, boa postura e
exercícios de relaxamento são ideais.
“Mas,
hoje me sinto curada, graças à Deus. Minha vida mudou completamente. Hoje sou
outra pessoa, encaro as coisas de uma maneira muito mais positiva, até porque os
médicos diziam que esse diagnóstico tinha um fundo emocional. Faz dois anos que
não sinto nada. E deixo de conselho para as pessoas que tem fibromialgia que o mais
importante é o seu eu, pois para quem tem essa doença é muito difícil enxergar
isso, que o problema está em nós, na maneira como vemos as coisas e percebemos.
E, a partir do momento que você fica vendo só dor, você canaliza tudo isso para
a dor e não enxerga mais nada”, conclui e recomenda Lindinalva.
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