Na última quinta-feira
(05/07), o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Osnei
Okumoto, e a Diretora do Departamento de HIV/Aids e Hepatites Virais, Adele
Benzaken, divulgaram um plano para eliminar a Hepatite C até 2030 no Brasil.
Entre as medidas estão a simplificação no diagnóstico, a ampliação das
testagens e o fortalecimento do atendimento às hepatites virais. Na ocasião,
também foi publicado o Novo Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais 2018,
com estatísticas atualizadas sobre as hepatites no país.
O plano, firmado com estados
e municípios, definirá as populações prioritárias para tratamento, além de
avaliar a incorporação de novas tecnologias. Atualmente, o tratamento
disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) possibilita chance de cura de mais
de 90%. No entanto, a hepatite C tem o maior índice de notificações dentre
todas as hepatites. Em 2017, mais de um milhão de pessoas tiveram contato com o
vírus e a taxa de incidência foi de 11,9 casos para cada 100 mil habitantes.
De acordo com Adele
Benzaken, o grande desafio está em diagnosticar e tratar os portadores da
doença. "A hepatite C é uma doença silenciosa. Muitas pessoas estão com o
vírus da hepatite C e não apresentam nenhum sintoma, então diagnosticar e
tratar essas pessoas da forma mais rápida possível é essencial para a qualidade
de vida dessas pessoas e também para a saúde pública”, destaca.
Leila Beltrão,
hepatologista e presidente do Instituto do Fígado e Transplantes de Pernambuco
(IFP), dá o seu ponto de vista sobre o novo plano. “Acredito que 2030 ainda
seja um período curto, porque talvez existam novos casos para serem desvendados
dessa doença e o objetivo do Ministério da Saúde, principalmente com o programa
de hepatites virais e HIV, é exatamente buscar novos casos”, afirma.
No ano passado, 24,4 mil
pessoas foram diagnosticadas com a doença. A expectativa é ampliar esse número
para 30 mil em 2018 e 40 mil ao ano entre 2019 e 2030. Outra meta do plano é ampliar
o diagnóstico e tratamento para reduzir em 90% o número de novos casos.
O novo plano do
Ministério da Saúde para eliminação da hepatite C está alinhado com as metas da
Organização Mundial de Saúde (OMS) que pretende tratar 19 mil pessoas este ano,
e a partir de 2019, 50 mil pacientes por ano até 2024. De 2025 em diante, a
intenção é oferecer 32 mil novos tratamentos ao ano, visando, assim, reduzir a
mortalidade em 65% até 2030. Para atingir as metas, a pasta está em processo de
aquisição de 50 mil tratamentos.
“Entre 2016 e 2017, a OMS
lançou um programa desafiador que era a erradicação da hepatite C até o ano de
2030, isso consiste não só no programa de detecção de novos casos, mas
principalmente com o sucesso da nova terapia, onde os novos medicamentos
conseguem ter uma resposta virológica sustentada, ou seja, cura desses
pacientes acima de 95%. Então, alguns países, como Portugal principalmente, já
têm a hepatite C praticamente erradicada e esse é o objetivo que o Brasil
também incorporou”, reforça Leila Beltrão.
A hepatologista esclarece
também a respeito dos medicamentos aprovados recentemente pela Anvisa para o
tratamento da doença. “Essas medicações que foram aprovadas recentemente pela
Anvisa e pela Conitec são drogas pangenotípicas e, com isso, permitem um
tratamento muito curto variando entre 8 e 12 semanas, onde você pode tratar
todos os pacientes independente da fibrose e da detecção do genótipo. Então, isso
é uma mudança radical e essas drogas, em sua grande maioria, são um único
comprimido o que facilita muito a adesão desses pacientes. Então, essa é a
percpectiva do Ministério da Saúde, do comitê assessor e, principalmente, de
todos os hepatologistas que possam estar envolvidos no tratamento junto com os
infectologistas e, quem sabe até mesmo, o médico de família para que esse êxito
possa ser alcançado, principalmente porque a hepatite C não tem a vacina”,
conclui a presidente do IFP.
Além das ações para
aumentar a detecção e tratamento da hepatite C, o Governo Federal irá investir
em estratégias de comunicação com foco nas redes sociais. "A partir de
hoje estamos lançando nas redes sociais um vídeo com o chefe de cozinha
Henrique Fogaça, que esclarece dúvidas de prevenção sobre as hepatites de uma
forma geral. Assim, estaremos atingindo esse público jovem", reforça Osnei
Okumoto, Secretário da Vigilância em Saúde.
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