segunda-feira, 14 de maio de 2018

Uso de hormônio para aumentar músculos pode afetar o fígado



Na busca pelo aumento da massa muscular, muitos atletas e fisiculturistas têm utilizado o Sarm como alternativa ao uso dos esteroides anabolizantes. Na livre tradução, Sarm significa ‘moduladores seletivos de receptor de androgênio’. Trata-se de um hormônio masculino vendido em pílulas com a promessa de aumentar os músculos sem efeitos colaterais.
O uso dos sarms, que têm ganhado novos adeptos no Brasil e nos Estados Unidos, tem preocupado as autoridades de saúde dos dois países. Em outubro do ano passado, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana de regulamentação de alimentos e remédios, fez um alerta para os riscos de toxicidade para o fígado, derrame e ataque cardíaco associados ao consumo dessas pílulas.
Segundo um estudo divulgado na revista científica Jama, foi constatado que, frequentemente, as pílulas vendidas como sarm possuem ingredientes não listados e são identificados de maneira errada. A pesquisa analisou 44 produtos e identificou que só metade deles continha um sarm legítimo e 10% não tinham sarm algum. Além disso, cerca de 40% deles continham outros hormônios e componentes não aprovados. Muitos deles possuía em sua composição um remédio abandonado pela farmacêutica GlaxoSmithKline depois da descoberta de que o mesmo causava câncer em animais.
Uma outra avaliação realizada pela Universidade de Boston, durante 3 semanas, constatou que o sarm desenvolvido pela Ligand Pharmaceuticals era seguro para homens saudáveis, gerando ganhos significativos de força e massa muscular, sem aumentar a proteína associada ao câncer de próstata. Porém, foi identificado que ele possui outros efeitos colaterais como a queda do colesterol bom, o HDL, o que despertou questionamentos sobre seu efeito na saúde cardíaca.
Ainda é difícil determinar o impacto do uso do sarm, contudo, o que se evidencia é que as pessoas que fazem uso dele com frequência pioram seus índices de colesterol e aumentam o nível das enzimas hepáticas, o que é um indício do desgaste de seus fígados. Além disso, também identificou-se que alguns usuários também sofrem com queda de cabelos, perda de ímpeto sexual, acne e irritabilidade.
A indústria farmacêutica desenvolveu o sarm para tratar a sarcopenia, doença que causa  a perda muscular e da função dos músculos causada pelo avanço da idade. Porém, essas drogas ainda estão sendo testadas e não foram aprovadas para uso, nem pela Anvisa e nem pela FDA.
“Trata-se de uma substância não aprovada por órgãos reguladores como a Anvisa, cujas consequências do uso a longo prazo ainda são desconhecidas”, afirma Fábio Moura, cirurgião do aparelho digestivo e transplante de fígado.
O potencial do sarm pode ser muito positivo, uma vez que foi desenvolvido para combater algumas consequências do envelhecimento que contribuem para quedas, fraturas, além de outras doenças crônicas, como câncer, insuficiência cardíaca e doenças renais nos idosos. Contudo, ainda é só uma possibilidade, uma vez que os riscos já evidenciados são maiores do que as vantagens ainda não comprovadas cientificamente.
Fonte: New York Times

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