Na busca pelo aumento da
massa muscular, muitos atletas e fisiculturistas têm utilizado o Sarm como alternativa
ao uso dos esteroides anabolizantes. Na livre tradução, Sarm significa ‘moduladores
seletivos de receptor de androgênio’. Trata-se de um hormônio masculino vendido
em pílulas com a promessa de aumentar os músculos sem efeitos colaterais.
O uso dos sarms, que têm
ganhado novos adeptos no Brasil e nos Estados Unidos, tem preocupado as autoridades
de saúde dos dois países. Em outubro do ano passado, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana de
regulamentação de alimentos e remédios, fez um
alerta para os riscos de toxicidade para o fígado, derrame e ataque cardíaco
associados ao consumo dessas pílulas.
Segundo um estudo
divulgado na revista científica Jama, foi constatado que, frequentemente, as
pílulas vendidas como sarm possuem ingredientes não listados e são identificados
de maneira errada. A pesquisa analisou 44 produtos e identificou que só metade
deles continha um sarm legítimo e 10% não tinham sarm algum. Além disso, cerca
de 40% deles continham outros hormônios e componentes não aprovados. Muitos
deles possuía em sua composição um remédio abandonado pela farmacêutica GlaxoSmithKline
depois da descoberta de que o mesmo causava câncer em animais.
Uma outra avaliação
realizada pela Universidade de Boston, durante 3 semanas, constatou que o sarm
desenvolvido pela Ligand Pharmaceuticals era seguro para homens saudáveis, gerando
ganhos significativos de força e massa muscular, sem aumentar a proteína
associada ao câncer de próstata. Porém, foi identificado que ele possui outros
efeitos colaterais como a queda do colesterol bom, o HDL, o que despertou questionamentos
sobre seu efeito na saúde cardíaca.
Ainda é difícil
determinar o impacto do uso do sarm, contudo, o que se evidencia é que as
pessoas que fazem uso dele com frequência pioram seus índices de colesterol e
aumentam o nível das enzimas hepáticas, o que é um indício do desgaste de seus
fígados. Além disso, também identificou-se que alguns usuários também sofrem
com queda de cabelos, perda de ímpeto sexual, acne e irritabilidade.
A indústria farmacêutica
desenvolveu o sarm para tratar a sarcopenia, doença que causa a perda muscular e da função dos músculos
causada pelo avanço da idade. Porém, essas drogas ainda estão sendo testadas e não
foram aprovadas para uso, nem pela Anvisa e nem pela FDA.
“Trata-se de uma
substância não aprovada por órgãos reguladores como a Anvisa, cujas consequências
do uso a longo prazo ainda são desconhecidas”, afirma Fábio Moura, cirurgião do
aparelho digestivo e transplante de fígado.
O potencial do sarm pode
ser muito positivo, uma vez que foi desenvolvido para combater algumas
consequências do envelhecimento que contribuem para quedas, fraturas, além de
outras doenças crônicas, como câncer, insuficiência cardíaca e doenças renais
nos idosos. Contudo, ainda é só uma possibilidade, uma vez que os riscos já
evidenciados são maiores do que as vantagens ainda não comprovadas
cientificamente.
Fonte:
New York Times
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