Entre
adotivos e biológico, ser mãe vai além da questão sanguínea
Aline Moreira é advogada
e, assim como muitas outras mulheres, sempre quis realizar-se como mãe. Em 2008,
ela descobriu que o desejo não se concretizaria tão facilmente. Após um ano sem
conseguir engravidar, Aline e seu esposo, Guilherme Moreira, resolveram
investigar o motivo e descobriram que a qualidade do sêmen de Guilherme seria o
grande entrave. A médica que acompanhou a averiguação inicial afirmou que se
não fizessem fertilização, ela só conseguiria engravidar por um milagre.
Mas o casal não desanimou
e, em seguida, realizou todos os procedimentos necessários em busca da
realização desse sonho. Após a implantação de 3 embriões em seu útero, através
de uma fertilização in Vitro, Aline descobriu que estava grávida de trigêmeos. O
choque foi grande, mas a felicidade foi maior ainda, e eles começaram todos os
preparativos para receber os três filhos. A gestação não foi fácil, a advogada
teve pressão alta e acabou dando à luz antes do tempo previsto. Com 29 semanas,
uma ultrassonografia indicou que os bebês estavam entrando em sofrimento e o
parto teve que ser antecipado.
No dia 26 de maio de
2010, Carlos Henrique, João Guilherme e Ana Júlia nasceram trazendo muita
alegria, mas também muita preocupação para a família. Carlos nasceu com problema
cardíaco e no sistema digestivo, e teve que ser submetido à uma cirurgia nos
primeiros dias de vida. Alguns dias após o procedimento, ele não resistiu e
faleceu.
Dias depois, João
Guilherme contraiu uma infecção pelo cateter e também veio a óbito. Cerca de 10
dias após o falecimento de João, a pequena Ana Júlia foi vítima da mesma
infecção que o irmão e também não resistiu. Após 1 mês e meio da chegada dos
tão sonhados filhos, Aline e seu esposo estavam novamente de braços vazios. A
família inteira estava inconsolada com as perdas e o casal passou por momentos
muito difíceis.
No entanto, a vocação pela maternidade falava mais alto. No final de
2011, após tentarem mais duas vezes a fertilização sem sucesso, resolveram se
inscrever no cadastro de adoção. Em fevereiro do ano seguinte, a pequena Laura
chegou e preencheu o vazio que há muito maltratava a todos. “Laura era a
sensação da família porque todos ficaram muito fragilizados com a perda dos
trigêmeos”, recordou Aline.
Quando Laura completou 2
anos, receberam uma ligação do juizado para falar sobre um menino, com 6 meses, que
também se chamava Guilherme. “Eu lembro que estávamos até num momento difícil
financeiramente, mas quando chegamos ao Lar do Neném e o vimos, não pensamos
nem duas vezes, e corremos para resolver toda a papelada para levá-lo logo
conosco”, relembrou a mãe.
Exatos 10 dias após a
chegada do segundo filho, Aline comentou com sua irmã que estava com a
menstruação atrasada, fez um teste de farmácia e deu positivo. Ela não
conseguiu acreditar e, no dia seguinte, foi ao laboratório fazer o exame de
sangue para confirmar a notícia. A família ganharia mais um membro, Frederico
estava a caminho. “Eu não precisava de nenhum exame pra saber que era um
menino. A frase que eu mais falei e ouvi quando perdi os trigêmeos foi ‘o que
Deus me tirou, Ele vai me dar de volta e do mesmo jeitinho’, e foi exatamente o
que aconteceu, Ele nos deu nossos 2 meninos e nossa menininha de volta”, relatou.
Hoje, Aline se orgulha e
enche a boca para falar aos 4 ventos que é “mãe de três”. Exemplo de superação, ela mostra que ser mãe é uma vocação e vai muito além de questões biológicas, sociais,
culturais ou religiosas.
ADOÇÃO EM PERNAMBUCO
Pernambuco permanece
entre os cinco estados que mais promovem adoções no Brasil, segundo o último
levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao lado do Paraná, de São
Paulo, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. Do total de 1.971 crianças e
adolescentes adotados por meio do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) no país, em
2017, 132 foram de Pernambuco. Os números foram divulgados no mês em que se
comemora o Dia Nacional da Adoção, 25 de maio.
No estado, o destaque
continua sendo o percentual de adoções tardias, de crianças e adolescentes de 3
a 17 anos. Dos 132 adotados no ano passado, 93 pertencem a essa faixa etária, o
que corresponde a 70,4% do geral. Pernambuco já havia passado por um
crescimento importante do percentual de adoções tardias, entre 2015 e 2016,
saindo de 45 para 87, ou seja, um aumento de 93,3%.
Os dados também
representam avanço em relação à adoção de crianças e adolescentes pardos e
negros no estado. Dos 132 adotados, em 2017, 105 estão nessa classificação, representando
79,5% do total.
Apesar de manter os
avanços, Pernambuco, assim como o restante do país, tem uma conta que não
fecha. O estado possui hoje 1.200 pretendentes à adoção e 334 crianças e
adolescentes inseridos no cadastro. O principal motivo para o número de
candidatos a pais e mães ser 5 vezes maior que o número de crianças à espera de
um novo lar, no Brasil, está no perfil preferido pelos pretendentes. Segundo
dados do CNJ, 91% dos adotantes só aceitam crianças com menos de seis anos de
idade. Em contrapartida, 92% dos cadastrados para adoção têm entre 7 e 17 anos.
Com
informações do Tribunal de Justiça de Pernambuco
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