Por
Rebeka Gonçalves
Cada
vez mais a sociedade brasileira está envelhecendo. Em 1960, o Brasil tinha
pouco mais de 3 milhões de idosos. Em 2010, já eram quase 20 milhões, de acordo
com o IBGE. Nesses 50 anos, ao mesmo tempo em que a população se urbanizou, a
taxa de fecundidade caiu. De mais de seis filhos, em média, por mulher, para
menos de dois.
“O
envelhecimento populacional já ocorre no Brasil em um ritmo acelerado. Essa é a
nossa grande característica própria dessa dinâmica demográfica no século 21”,
afirma Jorge Félix, professor de Economia da Longevidade na Universidade de São
Paulo.
Entretanto,
um dos maiores problemas nessa fase da vida são as quedas como explica a
geriatra do Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco, Michele Batista: “Trata-se
de um problema de saúde pública que, infelizmente, é pouco abordado pelos
profissionais de saúde e, muitas vezes, negligenciado pelo paciente e/ou
familiar. Tem alta prevalência com dados que são alarmantes como a
identificação de que 30% dos indivíduos acima de 60 anos caem ao ano, metade
desses indivíduos voltam a cair e 5 a 10% dessas quedas resultam em graves
consequências”, destaca.
Segundo
a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), metade dos indivíduos
com 80 anos apresentou pelo menos um caso de queda no último ano. Esses casos
têm duas vezes maior prevalência no sexo feminino. Em relação à morte e
internação de causa externa, as quedas ocupam o segundo lugar das estatísticas
do Brasil, perdendo apenas para acidentes de transporte.
“As
quedas devem ser obrigatoriamente questionadas a todos indivíduos idosos na
consulta médica periódica, pois podem ser marcadores de doença aguda como
quadros infecciosos, hipotensão arterial, hipoglicemias, reação adversa de
algumas medicações. Ademais, podem ser manifestações de doenças crônicas como a
doença de parkinson e demências, além de muitas vezes funcionar como marcador
de mudanças relacionadas ao envelhecimento da visão, da marcha e do equilíbrio”,
acrescenta a especialista.
Outro
fator que pode aumentar o risco de quedas é o envelhecimento natural, devido à redução
da velocidade de marcha e da amplitude do passo, flexão dos pés diminuída na
fase de apoio, diminuição do balanço dos braços, do balanço do quadril e do
apoio em um só pé ao levantar o outro. Quedas restringem em pelo menos 20% das
atividades e, nos casos mais graves, podem resultar em fratura do fêmur. De
acordo com a SBGG, 90% das fraturas de fêmur são consequências de quedas.
Elas
podem ocasionar restrição das atividades dos idosos, isolamento social, medo de
cair, lesões leves ou até mesmo fraturas, hospitalização, transferência para um
lar geriátrico ou até mesmo óbito.
A
prevenção para esse problema pode ser amenizada com a adaptação do ambiente,
treino de equilíbrio, marcha e força, calçado apropriado mesmo em casa -
fechado, antiderrapante. A prática de exercício físico com enfoques em
equilíbrio, flexibilidade e resistência também contribui para a diminuição no
número de acidentes.
O
estudo da SBCC aponta que cerca de 25% a 35% das quedas são atribuídas a
fatores ambientais e que a maioria delas acontecem em casa. É necessário fazer
uma identificação do ambiente com mudanças dos agentes que estão causando esses
acidentes, veja abaixo:
-
Armários a altura média, portas leves e puxadores grandes fixos nas paredes.
Evite subir em banquinhos para pegar objetos fora do seu alcance;
- Tapete antiderrapante ou borracha fixo no
box, nenhum tapete nos outros ambientes;
-
Escada corrimão dos dois lados, os degraus devem ter fitas antiderrapantes e interruptores
de luz tanto na parte inferior quanto na superior;
- Poltronas, cadeiras e sofás mais altos;
-
Ambientes iluminados e organizados;
-
Não encerar o piso, sensibilização de paciente e cuidadores;
-
Iluminação adequada;
-
Retirar fios soltos no chão;
-
Prender a manta no sofá;
-
Prestar atenção nos animais de estimação soltos pela casa.
Outros cuidados também são
necessários como:
-
Sempre comunique ao médico se cair, um tropeção pode ser considerado queda;
-
Mantenha acompanhamento regular e informe as medicações em uso;
-
Utilize sempre seus óculos. Visite regularmente o oftalmologista. Evite o uso
de óculos multifocais enquanto caminha;
-
Cuidado com os pés: visite regularmente o podólogo;
-
Use roupas de tamanhos adequados; evite calçados com saltos ou com solado liso;
prefira sapatos com solado antiderrapante e nunca ande somente de meias;
-
Cuidado com situações nas quais a pressão arterial pode cair. Sempre se levante
da cadeira e da cama devagar. Mantenha sua pressão arterial controlada com
acompanhamento médico regular;
-
Pode ser necessário o uso de dispositivos de auxílio de marcha, como bengala e
andadores. Pergunte ao seu médico;
-
Podem ser indicados exercícios para prevenção de quedas. Pergunte ao seu médico
qual treinamento é mais indicado para você.
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