Por
Rebeka Gonçalves
O
Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, que se caracteriza pela perda
progressiva dos neurônios. Normalmente, se manifesta com pequenos
esquecimentos, depois surge a dificuldade em articular palavras, problemas na
execução de atividades do dia a dia e evolui para alterações de comportamento.
Para
falar sobre o assunto, o Blog Saúde e Bem Estar convidou a neurologista do
Hospital Pelópidas Silveira, Camila Lyra, para explicar a importância de um
diagnóstico precoce para um possível retardo da doença.
SBE: Como podemos perceber que uma
pessoa pode estar com o mal de Alzheimer?
Camila Lyra: Os sintomas iniciais são caracterizados por perda de
memória recente, ou seja, dificuldade de reter informações novas e aprender
novas atividades. Outros sintomas comuns são alteração da personalidade e
comportamento, realização de atividades que já havia aprendido, orientação no
espaço, inclusive locais anteriormente conhecidos. A doença é dividida em fase
leve, moderada ou grave. Com a evolução, o paciente se torna cada vez mais dependente
de cuidado de outras pessoas. Nas fases avançadas, o paciente necessita de
ajuda para atividades básicas como ir ao banheiro, comer e andar.
SBE: Como é realizado o diagnóstico?
Camila Lyra: A doença é diagnosticada através da história clínica,
o médico ouvindo o paciente e seus familiares e cuidadores. São feitos também
testes específicos, como mini exame do estado mental, uma avaliação breve que
ajuda a dar o diagnóstico. Também são realizados exames complementares, como
tomografia de crânio ou, de preferência, ressonância magnética. Nos casos mais
duvidosos, deve ser feita avaliação cognitiva com neuropsicólogo e podem ser
realizados exames de biomarcadores, que conseguem detectar as alterações
moleculares, como Pet scan de beta amiloide e exame do líquido cefalorraquidiano
com análise de proteínas que estão alteradas na doença, que são a beta amiloide
e proteína tau fosforilada.
SBE: O tratamento pode levar a cura
do mal de Alzheimer?
Camila Lyra: O tratamento é feito com medicações sintomáticas, não
existindo ainda tratamento curativo. Algumas medicações têm como objetivo
melhorar as queixas de memória, outras de melhorar os distúrbios de
comportamento e também a melhora do sono. O tratamento é direcionado para cada
paciente. As medicações consideradas específicas para memória são os inibidores
de acetilcolinesterase e anti- NMDA. Medicações curativas estão sendo
estudadas, porém ainda sem resultados reais. Não há benefício concreto em
reposição de vitaminas, ômega 3 ou suplemento alimentares.
SBE: Quais os fatores de risco para
uma pessoa ter a doença?
Camila Lyra: O principal fator de risco para o desenvolvimento da
doença é a idade avançada. Após 65 anos esse risco dobra a cada 5 anos. Até 40%
das pessoas acima de 85 anos terão o diagnóstico da doença, conforme afirma a
Associação Brasileira de Alzheimer.
Outros
fatores de risco associados ao desenvolvimento da doença são hipertensão
arterial sistêmica, diabetes, colesterol alto, ou excesso de gordura no sangue,
os mesmos fatores de risco de um infarto agudo do miocárdio ou de um acidente
vascular isquêmico.
Existem
alguns casos genéticos familiares, em que o paciente desenvolve a doença em
idade mais nova, normalmente, por volta dos 30 anos de idade, devido a
alteração genética.
SBE: Existe alguma forma de
prevenção?
Camila Lyra: Não há nenhum tipo de medicação preventiva. A
prevenção mais efetiva da doença são hábitos de vida saudáveis e controle das
doenças como hipertensão e diabetes. Dieta balanceada, exercícios físicos
regulares e controle de doenças cardiovasculares são as melhores formas de
prevenção. A maior escolaridade também diminui o risco, ou pelo menos atrasa o
início da doença.
Estudos
comprovaram que idosos que participam de atividades de socialização tem menor
risco ou uma lenta evolução da doença. Então, para evitar que o cérebro se
‘aposente’ é interessante adotar algumas estratégias como: praticar atividade física;
estimular a leitura; fazer uso de jogos como sudoku e palavras cruzadas.
SBE: Como lidar com quem tem
Alzheimer?
Camila Lyra: A família precisa ter informação, ler muito a respeito,
pois os cuidados são intensos. A família precisa ser paciente, entender que o
comportamento da pessoa com Alzheimer independe da vontade dela. Quem cuida
precisa estar bem, pois o desgaste é grande.
Os
idosos são suscetíveis a distúrbios no humor, por isso podem ficar alterados e
acabam irritando os familiares. É importante frisar que aquela pessoa não tem
culpa de não se lembrar de nada ou de ter aquele comportamento, mas que ela já
foi alguém muito produtiva e importante na sua vida.
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