quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Porque a anestesia ainda causa tanto medo nos pacientes


Especialista explica como o procedimento é feito e desmistifica algumas questões
Diariamente, milhares de pessoas se submetem a procedimentos e cirurgias que precisam do uso de anestesia. No entanto, muitos pacientes ainda têm receio em relação à segurança e efeitos colaterais causados pelos anestésicos. Muitos mitos ainda circulam como verdadeiros, gerando ainda mais insegurança. Por isso, o Blog Saúde e Bem Estar entrevistou a anestesista do Real Instituto de Cirurgia Oncológica, Raíssa Casado, para esclarecer sobre o procedimento e desmistificar algumas questões.

SBE: Porque a anestesia ainda causa tanto medo nos pacientes?
Raíssa Casado: Antes a anestesia era realizada sem monitorização adequada e com drogas com maiores efeitos colaterais. Hoje existe uma formação médica de qualidade para se tornar anestesista (no total 9 anos), drogas cada vez mais seguras e monitorização continua do paciente enquanto está sendo anestesiado. 
SBE: O que é anestesia? 
Raíssa Casado:  Etimologicamente anestesia é a ausência de sensação. Na nossa prática médica, a anestesia é o bloqueio da sensibilidade e/ou consciência através do uso de drogas com o objetivo de promover um ato cirúrgico. 

SBE: Quais os tipos de anestesia que existem e qual a função de cada uma delas?
Raíssa Casado: A anestesia pode ser classificada em geral, regional ou local. Na anestesia geral,  há a perda de consciência e a analgesia (ausência da dor) é sistêmica.  Na anestesia regional, a analgesia se limita a uma região do corpo; como acontece nas anestesias raquidianas e peridurais. Já a anestesia local se restringe a uma pequena área. 

SBE: Quantas horas em média o paciente fica dormindo?
Raíssa Casado: É variável conforme o tempo do procedimento. Planeja-se o tipo de anestesia, quantidade e tipo de medicamento para satisfazer esta necessidade. 

SBE: Quais são os riscos de uma anestesia? 
Raíssa Casado: Cada anestesia tem um risco associado. Desde uma reação alérgica, alterações hemodinâmicas, dor de cabeça, disfunção cognitiva no pós-operatório, entre outras.  Mas, com o avanço dos recursos de monitorização do paciente durante a cirurgia, esses efeitos têm ocorrido com baixa frequência.

SBE: Existe teste para saber se o paciente é alérgico à anestesia?
Raíssa Casado: Não 

SBE: Como devem proceder os pacientes que tiveram reações alérgicas a medicamentos?
Raíssa Casado: Evitam-se as medicações durante o procedimento ou drogas similares.

SBE: Como devem proceder os pacientes portadores de doenças como asma, diabetes, hipertensão arterial, bronquite e problemas cardíacos?
Raíssa Casado: Todos devem estar compensados de suas comorbidades, sendo necessário o parecer de cada especialista liberando para o ato anestésico-cirúrgico. 

SBE: O paciente pode acordar no meio da cirurgia? Caso acorde, o que pode acontecer?
Raíssa Casado: Nas sedações leves o paciente pode acordar e interagir com o seu anestesista. No caso da anestesia geral, o despertar intra-operatório será observado pelo anestesista através de alterações nos aparelhos de monitorização, mudanças hemodinâmicas e/ou motoras. Neste caso, a anestesia será aprofundada novamente. 

SBE: É normal sonhar durante a anestesia?
Raíssa Casado: Sim. Os pacientes inclusive relatam após o despertar.

SBE: O que o paciente pode sentir após a cirurgia?
Raíssa Casado: O planejamento do bem estar do paciente logo após o fim da cirurgia também está associado ao ato anestésico. Será traçado um plano para evitar que o paciente apresente dor, náuseas, vômitos, hipotermia, alterações respiratórias e circulatórias. 

SBE: Quem deve esclarecer o paciente sobre a anestesia antes do procedimento?
Raíssa Casado: O anestesista. Poderá ser realizado uma consulta pré-anestésica em um consultório dias antes do ato cirúrgico, que pode ser feita por um anestesista que irá anestesiar o paciente ou não. Ou ainda no leito do paciente antes deste acessar o centro cirúrgico, no dia da cirurgia. 

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