Especialista
alerta para o uso de uma substância ainda pior que o PMMA, o silicone
industrial
Por Rebeka Gonçalves
No mês passado, a
bancária Lilian Calixto, de 46 anos, morreu após passar por um procedimento
estético na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Parentes contaram
que ela saiu de Cuiabá, no Mato Grosso, onde mora, para fazer uma bioplastia nos
glúteos. A intervenção foi realizada no apartamento do médico Denis Cesar
Barros Furtado, na Barra.
Lilian passou por
complicações e foi socorrida para o Hospital Barra D’or em estado extremamente
grave, segundo a unidade de saúde. O hospital informou que foi usado
polimetilmetacrilato durante o procedimento estético e que fez várias
tentativas para reverter o quadro de saúde da bancária. De acordo com o
Ministério da Saúde, a substância, também conhecida pela sigla PMMA ou por
metacril, é um produto composto por microesferas de um material parecido com
plástico.
“PMMA é o
polimetilmetacrilato aquoso, é uma substância alo plástica injetável que foi
utilizada há algum tempo, mas não foi muito bem aceita pelas complicações,
inclusive ela não tem uma liberação ampla pela Anvisa, ela tem liberação classe
três, que é uma substância parcialmente restrita. Foi liberada para fazer preenchimento em face
de aidéticos em pequenas quantidades. Ainda assim, muitas complicações de
necrose, isquemia, inflamação posterior, abscedação podem surgir”, explica o
cirurgião plástico, Fábio Nóbrega.
Apesar das complicações,
a injeção do produto para aumento de volume de regiões como o bumbum e a coxa –
conhecida como bioplastia – é oferecida por vários estabelecimentos. A
colocação do produto é feita com uma microcânula (uma agulha sem ponta) e com
anestesia local. Mas, o especialista esclarece que o PMMA não é absorvido pelo
corpo, portanto trata-se de um procedimento permanente.
“No Brasil, os sistemas
de controle de utilização dessas substâncias também são muito falhos, de forma
que temos milhares de doutores bumbuns, médicos, não-médicos, enfermeiros e
auxiliares de enfermagem, biomédicos e outras especialidades de saúde, e até
gente que não tem nada a ver com a área da saúde fazendo aplicação não só de
PMMA, mas principalmente de uma substância ainda pior que é o silicone
industrial. O PMMA é importado livremente e utilizado sem restrições severas”, alerta
o cirurgião plástico.
Um estudo realizado pelo cirurgião
plástico Claudio Cardoso de Castro, professor da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (UERJ) e membro da Academia Nacional de Medicina (ANM), sobre os
efeitos do uso do PMMA no organismo, em 2009, concluiu que o produto pode mudar
de lugar, levando a deformações, além de provocar degeneração nas células do
organismo.
A Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica (SBCP) tem alertado a população sobre os riscos dos
procedimentos com polimetilmetacrilato. Segundo pesquisa realizada pela Regional
São Paulo (SBCP/SP), o PMMA já provocou deformidades e complicações em cerca de
17 mil pacientes em todo o país. A entidade orienta que os pacientes façam
uma consulta em seu site para saber se o médico é ou não credenciado pela SBCP
antes de realizar uma cirurgia plástica.
Para denunciar algum especialista ou
estabelecimento:
Ministério
Público de Pernambuco – MPPE
Rua
Imperador Dom Pedro II, 473
Santo
Antônio – Recife/PE
Fone:
(81) 3182.7000
Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
Praça
Ministro Salgado Filho, Imbiribeira –Recife/PE
CEP:
51210 - 010
Fone:
(81) 3322.4274/3301.3508/3301.3509
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