segunda-feira, 6 de agosto de 2018

PMMA: cirurgião plástico explica o que é a substância utilizada pelo Dr. Bumbum nas Bioplastias


Especialista alerta para o uso de uma substância ainda pior que o PMMA, o silicone industrial
Por Rebeka Gonçalves
No mês passado, a bancária Lilian Calixto, de 46 anos, morreu após passar por um procedimento estético na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Parentes contaram que ela saiu de Cuiabá, no Mato Grosso, onde mora, para fazer uma bioplastia nos glúteos. A intervenção foi realizada no apartamento do médico Denis Cesar Barros Furtado, na Barra. 
Lilian passou por complicações e foi socorrida para o Hospital Barra D’or em estado extremamente grave, segundo a unidade de saúde. O hospital informou que foi usado polimetilmetacrilato durante o procedimento estético e que fez várias tentativas para reverter o quadro de saúde da bancária. De acordo com o Ministério da Saúde, a substância, também conhecida pela sigla PMMA ou por metacril, é um produto composto por microesferas de um material parecido com plástico.
“PMMA é o polimetilmetacrilato aquoso, é uma substância alo plástica injetável que foi utilizada há algum tempo, mas não foi muito bem aceita pelas complicações, inclusive ela não tem uma liberação ampla pela Anvisa, ela tem liberação classe três, que é uma substância parcialmente restrita.  Foi liberada para fazer preenchimento em face de aidéticos em pequenas quantidades. Ainda assim, muitas complicações de necrose, isquemia, inflamação posterior, abscedação podem surgir”, explica o cirurgião plástico, Fábio Nóbrega. 
Apesar das complicações, a injeção do produto para aumento de volume de regiões como o bumbum e a coxa – conhecida como bioplastia – é oferecida por vários estabelecimentos. A colocação do produto é feita com uma microcânula (uma agulha sem ponta) e com anestesia local. Mas, o especialista esclarece que o PMMA não é absorvido pelo corpo, portanto trata-se de um procedimento permanente.
“No Brasil, os sistemas de controle de utilização dessas substâncias também são muito falhos, de forma que temos milhares de doutores bumbuns, médicos, não-médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, biomédicos e outras especialidades de saúde, e até gente que não tem nada a ver com a área da saúde fazendo aplicação não só de PMMA, mas principalmente de uma substância ainda pior que é o silicone industrial. O PMMA é importado livremente e utilizado sem restrições severas”, alerta o cirurgião plástico.   
Um estudo realizado pelo cirurgião plástico Claudio Cardoso de Castro, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e membro da Academia Nacional de Medicina (ANM), sobre os efeitos do uso do PMMA no organismo, em 2009, concluiu que o produto pode mudar de lugar, levando a deformações, além de provocar degeneração nas células do organismo.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) tem alertado a população sobre os riscos dos procedimentos com polimetilmetacrilato. Segundo pesquisa realizada pela Regional São Paulo (SBCP/SP), o PMMA já provocou deformidades e complicações em cerca de 17 mil pacientes em todo o país. A entidade orienta que os pacientes façam uma consulta em seu site para saber se o médico é ou não credenciado pela SBCP antes de realizar uma cirurgia plástica.
Para denunciar algum especialista ou estabelecimento:
Ministério Público de Pernambuco – MPPE
Rua Imperador Dom Pedro II, 473
Santo Antônio – Recife/PE
Fone: (81) 3182.7000

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA

Praça Ministro Salgado Filho, Imbiribeira –Recife/PE

CEP: 51210 - 010

Fone: (81) 3322.4274/3301.3508/3301.3509

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