O teste do pezinho é um
exame realizado nos primeiros dias de vida do bebê com o intuito de
diagnosticar precocemente doenças raras, possibilitando assim que o tratamento
adequado seja iniciado o mais breve possível. O teste é realizado pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) e deve ser feito entre o 3º e 5º dia de vida do
recém-nascido.
O exame é realizado no pé
por ser uma região bastante irrigada, facilitando o acesso ao sangue do
recém-nascido. A coleta é simples, apenas um furinho no calcanhar do bebê para
recolher uma gotinha de sangue e o resultado leva de 1 a 2 semanas para ficar
pronto. Entre as doenças contempladas no Programa Nacional de Triagem Neonatal estão
fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras
hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia
adrenal congênita.
O Brasil foi o primeiro
país da América Latina a oferecer o Teste do Pezinho. A iniciativa partiu do pediatra
paulista Benjamin Schmidt, em 1976. No entanto, só a partir de 1990, o exame
passou a ser obrigatório no Brasil através de uma publicação no Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei Federal 8.069, de 13 de julho de 1990).
De acordo com a lei, “os
hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes públicos e
particulares são obrigados a proceder a exames visando o diagnóstico e a
terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientações
aos pais”.
Em 2001, o Ministério da
Saúde instituiu o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) que não só garantiu
o acesso ao teste, como também passou a ofertar o atendimento necessário aos bebês portadores
de alguma dessas doenças. A partir de então, todos os estados brasileiros passaram
a ser habilitados no Programa.
Todas as doenças
investigadas se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente podem levar a
quadros clínicos graves, como o atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e até
ao óbito.
TRATAMENTO
O tratamento pode ser
realizado em um dos serviços de referência em triagem neonatal credenciados
pelo Ministério da Saúde. Todos os estados da federação contam com esse tipo de
serviço, que dispõe de médicos especialistas e equipe multidisciplinar para
atender todas as crianças diagnosticadas com as doenças antes mesmo do
aparecimento dos sintomas.
Em Pernambuco, o
acompanhamento e tratamento dessas enfermidades pode ser feito no Hospital
Barão de Lucena (fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito), no Hemope (doença
falciforme e outras hemoglobinopatias) e no Imip (fibrose cística).
Saiba
mais sobre as doenças detectadas através do teste do pezinho:
Doença
Falciforme – É uma doença genética e hereditária, ou seja,
passada de pais para filhos. Teve sua origem na África e por isso está
relacionada intimamente com a afrodescendência. Ela é causada por um defeito na
cadeia beta da hemoglobina que está dentro das hemácias, que é responsável pela
cor vermelha do sangue e pelo transporte do oxigênio por todo o corpo. Tal
mutação leva as hemácias a assumirem uma forma parecida com uma foice ou meia
lua impedindo o seu funcionamento normal. A doença provoca dores, anemias e
atraso no crescimento.
Fenilcetonúria
– É uma doença genética causada pela ausência ou diminuição da atividade de uma
enzima que metaboliza o aminoácido fenilalanina presente no leite e em outros
alimentos proteicos. Sem essa enzima, os níveis de fenilalanina aumentam no
organismo, se acumulam e causam lesão cerebral, ocasionando retardo mental
irreversível. A base do tratamento é o controle da quantidade de fenilalanina
que pode ser ingerida para manter os níveis deste aminoácido dentro de valores
não prejudiciais ao cérebro.
Hipotireoidismo
Congênito – É causado pela incapacidade da glândula tireóide do
recém-nascido produzir quantidades adequadas de hormônios tireoidianos, o que
resulta numa redução generalizada dos processos metabólicos. As crianças que
não realizam o teste do pezinho, e consequentemente, não são tradas precocemente,
terão o crescimento e o desenvolvimento seriamente comprometidos.
Fibrose
Cística – Doença hereditária que afeta especialmente os
pulmões e o pâncreas, num processo obstrutivo causado pelo aumento da
viscosidade do muco. Nos pulmões, esse aumento na viscosidade bloqueia as vias
aéreas propiciando a proliferação bacteriana, o que leva infecção crônica, à
lesão pulmonar e ao óbito por disfunção respiratória. No pâncreas, quando os
ductos estão obstruídos pela secreção espessa, há uma perda de enzimas digestivas,
levando à má nutrição.
Deficiência
de biotinidase - Causada por erro inato do metabolismo
que leva a um defeito na produção da enzima biotina.
Hiperplasia
adrenal congênita - Engloba um conjunto de alterações
genéticas que são caracterizadas por diferentes deficiências enzimáticas na
produção de hormônios nas glândulas suprarrenais, localizadas logo acima dos
rins.
Fonte:
Ministério da Saúde e SES/PE
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário