quinta-feira, 10 de maio de 2018

Reumatologista faz alerta no Dia Mundial de Combate ao Lúpus



Hoje é o Dia Mundial de Combate ao Lúpus, doença ainda muito cercada por estigmas e desconhecimento entre a população. A Lupus Foundation of America aponta que a enfermidade atinge cinco milhões de pessoas no mundo. O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), ou apenas lúpus, é uma doença inflamatória crônica autoimune que se caracteriza pela produção de anticorpos que agem contra o próprio organismo, devido a um desequilíbrio no sistema imunológico.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) revela que 1 a cada 1,7 mil brasileiras sofre do mal. Ainda não há números absolutos sobre a quantidade de pessoas afetadas pela doença no país, no entanto, a SBR estima que o problema atinge cerca de 65 mil pessoas. Já de acordo com uma pesquisa realizada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, cerca de 150 mil novos casos surgem a cada ano no Brasil.
Complexa e de difícil diagnóstico, o LES não é contagioso, infeccioso ou maligno, mas sim crônico. Não existe cura para ele, mas um controle que ajuda a manter a qualidade de vida do paciente. Vários órgãos podem ser afetados como pele, articulações, sangue, rins, pulmões, cérebro e coração.
A reumatologista Renata Menezes explica que a evolução é imprevisível e pode variar de leve a incapacitante ou até mesmo fatal, sendo fundamental o diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento. “É importante estar alerta para os primeiros sintomas de doença, como dores nas articulações, fadiga, febre, queda de cabelo, mancha avermelhadas (principalmente na face e sensíveis à exposição solar), feridas na boca, febre, dor no tórax ao tossir ou respirar, dependendo do órgão comprometido”, ressaltou a médica.
Segundo a especialista, o Lúpus é uma doença de difícil diagnóstico uma vez que os sintomas variam muito de pessoa para pessoa, mudam com o passar do tempo, se confundem com os de outras doenças, além de não existir um teste específico para o diagnóstico. “A combinação dos sinais e sintomas clínicos associados aos testes de sangue e urina conduzem ao diagnóstico mais preciso”, afirmou.
Aos 28 anos, Solange Gusmão descobriu que tinha Lúpus. No início, ela sentia várias dores pelo corpo, inchaço e mal podia se mexer direito. Em seguida vieram as manchas no rosto, febre, muito cansaço e queda de cabelo. “Lembro que tive inchaço nos dedos e um clínico achou que poderia ter sido picada de bicho. Depois de rodar vários clínicos e ortopedista por causa das dores e nada resolver, o clínico me mandou para uma reumatologista, que passou vários exames. Só aí que me diagnosticaram com lúpus”, recordou.
Mais prevalente nas mulheres, são 10 mulheres para cada homem acometido, a enfermidade atinge principalmente jovens, na faixa etária reprodutiva, entre os 15 e 45 anos. Genética, fatores ambientais e hormonais estão diretamente ligados à doença. A exposição aos raios solares UV e o uso de anticoncepcionais orais também são fatores de risco tanto para o desencadeamento quanto para a exacerbação do lúpus.
No caso de Solange, a doença atingiu articulações, rins e problemas com o controle da hipertensão. “No início foi um baque, mas continuei a trabalhar mesmo com todas as dores e sem ninguém saber. No início, eu engordei 25 quilos por causa das medicações e entrei numa depressão fortíssima, de tentar suicídio mesmo”, relembrou.
Ela afirmou ainda que vai com muita frequência nas emergências com dores abdominais, hipertensão e infecção urinária. Para ela, a maior dificuldade que a enfermidade trouxe foram as doenças degenerativas na coluna e nas articulações.
Renata Menezes ressaltou ainda que a mulher com lúpus pode engravidar seguindo as devidas recomendações médicas. “A mulher portadora de lúpus pode sim engravidar, a fertilidade está preservada nessas pacientes. Só é necessário aguardar o melhor momento fora da atividade da doença e considerar que alguns medicamentos podem comprometer a reserva ovariana ou a formação fetal”, esclareceu.
O tratamento do LES depende do órgão acometido e da atividade da doença. Geralmente é realizado a longo prazo e, apesar de não haver cura, existe controle com o uso das medicações. 

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