Por
Rebeka Gonçalves
Uma
doença rara, mas com um risco de vida altíssimo. A fibrose cística é uma doença
genética, crônica, que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o sistema
digestivo. Atinge cerca de 70 mil pessoas em todo o mundo, sendo considerada a
doença genética grave mais comum da infância, de acordo com a Associação
Brasileira de Assistência a Mucoviscidose (Abram).
Karla
Bonfim, pediatra do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
(Imip), explica como essa doença interfere nos órgãos do paciente: “Existe um
defeito genético na intimidade das membranas que recobrem as células dessas
glândulas secretoras. Dessa forma, o suor contém mais sal, as secreções
pancreáticas não funcionam bem para secretar substâncias que ajudam a absorver
os alimentos pelo intestino e o muco respiratório é mais espesso, predispondo a
infecções e a alterações na estrutura dos pulmões. Também podem existir
manifestações em outros órgãos, tais como fígado, articulações, vias aéreas
superiores e também associação com diabetes e infertilidade na vida adulta”,
esclarece.
Muitos
indivíduos podem manifestar poucos sintomas ao longo da vida. Mas, o mais
frequente é a presença de sintomas respiratórios, como tosse crônica, cansaço,
pneumonias com frequência; além dos gastrointestinais (má-absorção de
alimentos, diarreia, desnutrição).
O
diagnóstico é realizado pelo teste do pezinho – exame Tripsina Imunorreativa -
e confirmado com a dosagem de cloro no suor. Também é possível realizar
pesquisa genética de mutações do DNA. Quanto mais precoce o diagnóstico e o
tratamento, maior a chance de reduzir as limitações ao longo da vida.
O
tratamento inclui um acompanhamento interdisciplinar, no qual médicos da saúde
da família, pediatras, pneumologistas, enfermeiros, fisioterapeutas,
psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros profissionais,
vão oferecer suporte biopsicossocial – estudo da causa ou progresso da doença,
levando em consideração fatores biológicos, psicológicos e sociais - à pessoa
com fibrose cística.
“Os
cuidados vão desde a nutrição, com a reposição de substâncias similares às
secreções pancreáticas para o equilíbrio nutricional, até o controle dos
sintomas respiratórios que, muitas vezes, necessita de internamentos
hospitalares. O transplante pulmonar e as futuras terapias gênicas ainda não
são uma realidade de tratamento em nosso meio”, ressalta a especialista.
As
formas de prevenção ainda não são conhecidas, mas, estudos apontam que
descendentes de parentes consanguíneos e pessoas com histórico familiar da
doença têm maior risco de defeitos genéticos que podem ocasionar doenças raras,
como a fibrose cística.
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário