Por
Rebeka Gonçalves
No
último sábado (08/09), morreu, aos 62 anos, a jornalista pernambucana Graça
Araújo. A apresentadora sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico
na quinta-feira (06/09). A morte ocorreu às 12h55, devido à falência múltipla
nos órgãos, de acordo com o Hospital Esperança, unidade de saúde onde estava
internada.
Segundo
a Organização Mundial de Saúde, estima-se que, no mundo, uma em cada seis pessoas
terão algum tipo de AVC. Já de acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, o
AVC é a principal causa de morte e incapacidades. Cerca de 80% dos casos são do
tipo isquêmico.
A
repercussão do falecimento da apresentadora e o nível de gravidade da doença
trouxe à tona a discussão da enfermidade, por isso, o Blog Saúde e Bem Estar
conversou com a neurologista do Hospital Pelópidas Silveira, Camila Lyra para
tirar todas as dúvidas sobre o AVC e como se prevenir.
SBE: O que é o AVC?
Camila Lyra: O acidente vascular encefálico é uma urgência médica
e é caracterizado por sintomas neurológicos súbitos secundários a alterações
nos vasos do cérebro. Podem ser isquêmicos, análogos ao infarto cardíaco,
hemorrágicos ou devido a aneurismas, que causam hemorragias subaracnóideas –
quando há o rompimento de aneurismas.
SBE: Quais os sintomas?
Camila Lyra: Os sintomas são de instalação súbita, em poucos
minutos, e vão depender da área do cérebro afetada.
Alteração
da força de um lado do corpo, podendo comprometer braços e pernas, desvio da
boca para um lado, dificuldade de falar, que pode ocorrer em maior ou menor
grau, dificuldade de enxergar, desequilíbrio com dificuldade de andar, e até
alterações da sensibilidade em um lado do corpo.
SBE: Como é feito o diagnóstico?
Camila Lyra: O diagnóstico é feito através da anamnese, que é a
coleta da história com o paciente ou familiares, exame físico e exame
neurológico, um exame de imagem, que pode ser uma tomografia ou uma ressonância
do encéfalo, ambas sem contraste. No AVC isquêmico, a tomografia pode ser
inicialmente normal, sendo mais sensível para avaliar alterações hemorrágicas.
Já a ressonância de encéfalo tem grande sensibilidade para detectar AVC
precocemente.
SBE: Como é realizado o tratamento?
Camila Lyra: O tratamento do AVC depende do tipo e do tempo para o
diagnóstico do paciente. O AVC isquêmico, se diagnosticado e avaliado de forma
rápida, pode ser tratado com medicação venosa, chamada trombolítico, com
intuito de dissolver o trombo que está causando isquemia e reverter ou diminuir
os sintomas. Este tratamento tem contraindicações e deve ser orientado por um
neurologista apenas quando os sintomas se iniciaram a menos de 4 horas e 30
minutos.
O
AVC hemorrágico é causado principalmente por hipertensão arterial mal
controlada. Forma-se um hematoma no encéfalo. Os hematomas pequenos podem ser
apenas observados clinicamente e avaliados por tomografias de crânio de
controle. Os hematomas extensos podem precisar de cirurgia para diminuir o tamanho
e controlar os sintomas.
A
hemorragia subaracnóidea, que é causada principalmente por aneurismas, pode ser
classificada em 4 tipos, na escala de FISHER, sendo o 3 e 4 as formas de
apresentação mais graves. Nestes casos, o aneurisma deve ser tratado ou
cirurgicamente ou por arteriografia, um tipo de cateterismo, e alguns casos
necessitam também de cirurgia para monitorizar a pressão dentro do encéfalo.
SBE: Quais os fatores de risco?
Camila Lyra: Os principais fatores de risco são hipertensão
arterial, diabetes, colesterol alto, sedentarismo, obesidade e doenças do coração,
no caso de infarto, arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca.
Alguns
fatores genéticos também estão associados, principalmente quando existe
histórico familiar de AVC em idade precoce, abaixo de 60 anos.
Algumas doenças autoimunes também podem ser causa de AVC, porém são mais raras do
que os fatores já mencionados.
SBE: Como é possível se prevenir de
ter um AVC?
Camila Lyra: Para evitar um AVC no futuro, deve haver um controle
rigoroso da pressão arterial, diabetes e colesterol. Também é essencial manter
um estilo de vida saudável com exercícios regulares.
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