quinta-feira, 12 de julho de 2018

Saúde no trabalho: mais de 180 mil acidentes foram registrados no 1º trimestre de 2018



Por Rebeka Gonçalves
Ainda pouco discutido e divulgado no país, a saúde ocupacional tem registrado índices relevantes de afastamentos por doença e acidente de trabalho. Só no primeiro trimestre desse ano, foram registradas 184.519 notificações de acidentes de trabalho no Brasil. Em 2017, foram registrados 574.050 casos, mas apenas 131.453 com Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Os dados são do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que consideram apenas os casos informados ao Ministério do Trabalho. 
Este ano, os acidentes de trabalho já causaram o óbito de 653 pessoas no país. Em 2017, foram notificadas 1.989 mortes acidentárias. Com relação aos afastamentos por doença, 61.394 trabalhadores precisaram se ausentar das atividades em 2017. Segundo o Observatório, de 2012 até hoje, foram gastos mais de R$ 28 bilhões com benefícios para auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente - sequelas, só nesse ano, o custo foi de mais de R$ 1 bilhão.
De acordo com o MPT, os acidentes mais comuns são os cortes, lacerações, fraturas, contusões, esmagamentos e amputações, como explica Isaura Moura, especialista em medicina do trabalho: “os acidentes mais comuns no trabalho acontecem na área da construção civil. Seja pela condição precária de trabalho, ou pela falta de equipamentos de proteção individual, ou também pela longa jornada do trabalhador, que chega a ser de 16 a 18 horas seguidas. Mas, cada setor tem seu tipo de acidente mais comum. Na construção civil, por exemplo, é muito frequente queda de altura. No setor de distribuição de energia temos as queimaduras por choque elétrico. As siderúrgicas têm de queimaduras por aço líquido (geralmente mais grave) até as quedas de altura e lesões nas mãos”, relata a médica. 
Além dos acidentes, a dor nas costas está entre um dos principais motivos de afastamento de trabalhadores brasileiros por um período superior a duas semanas, de acordo com uma pesquisa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor lombar é a segunda maior causa de visita de pacientes aos médicos, só perde para a dor de cabeça. O problema atinge mais de 80% da população mundial e é a maior causa de ausência nas atividades laborais em pessoas com menos de 45 anos. 
Isaura Moura destaca também que a doença psíquica ainda gera um preconceito entre os colegas de trabalho: “uma depressão por exemplo, é mais estigmatizada e as pessoas tem um certo preconceito, e esses trabalhadores que tem que se afastar sofrem muito com isso, além da doença”, lamenta.
As pessoas que adoecem ou sofrem algum acidente quando estão trabalhando, e precisam ficar afastadas por mais de 15 dias, devem dar entrada no INSS, como explica o perito Adilson Morato: “No caso específico do acidente de trabalho, a pessoa deve estar de posse de documentações que comprovem o acidente como o atendimento por ambulância/SAMU/Bombeiros, atestado médico da urgência/emergência, exames se houver, Comunicação de Acidente de Trabalho e/ou espelho de frequência do mês, além das documentações pessoais com foto (RG/CPF/CTPS) e da empresa (DUT - data última do trabalho)”, orienta o perito.
Segundo a médica do trabalho as dificuldades vão além de conseguir o auxílio-doença e se ausentar do trabalho por muito tempo pode ter consequências para o financeiro da família. “Algumas empresas por acordos coletivos do sindicato garantem alguns direitos, mas normalmente, na maioria das empresas, a pessoa que vai para o INSS não recebe o vale-alimentação, fica apenas recebendo aquele percentual que não é de 100%, é 80% do benefício. E, normalmente, a pessoa doente precisa comprar remédio, fazer tratamento. Fora isso, o INSS demora a pagar, normalmente, esse pagamento é feito um mês depois do dia da perícia”, afirma. 
Entretanto, a especialista assegura que é possível reverter esse quadro: “Os acidentes em sua grande maioria são previsíveis e podem ser prevenidos. Além disso, eles estão muito ligados a precarização dos vínculos contratuais. Ou seja, quanto mais contrato informal e quanto mais trabalhador sem o devido reconhecimento houver na atividade, mais propicia ela é para gerar o custo do acidente de trabalho”, conclui Isaura. 

Serviço:
Agendamento da Perícia Médica
Telefone: 135 
É necessário levar o requerimento da marcação e as documentações que comprovem o acidente ou doença. 

Agência do INSS em Recife
Endereço: Av. Mário Melo, 343 - Santo Amaro, Recife – PE CEP:50040-010
Telefone: (81) 3412-5641
Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas 

Dúvidas:
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Pernambuco
Endereço: Avenida Governador Agamenon Magalhães, nº 2000, Espinheiro
Recife – PE CEP: 52021-170
Telefone: (81) 3427-7900     
Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas

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