Pernambuco
só realizou 29% dos exames nas mulheres entre 50 e 69 anos em 2017
Um estudo realizado por
pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, em parceria com a Rede
Brasileira de Pesquisa em Mastologia, constatou que o número de mamografias
realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2017 foi o menor dos últimos 5
anos. O exame é essencial para o diagnóstico precoce do câncer de mama e é indicado
para mulheres entre 50 e 69 anos pelo Ministério da Saúde.
Segundo Márcia Pedrosa,
mastologista da Salute, clínica especializada em saúde da mulher, o câncer de
mama é o segundo mais comum entre as mulheres com uma incidência de aproximadamente 28% de novos casos por ano, de acordo com
o Instituto Nacional de Câncer (Inca). “O câncer de mama vem
apresentando um crescimento progressivo em pacientes acima de 35 anos e a
sobrevida estimada em 5 anos nos países desenvolvidos é de 85% e nos
subdesenvolvidos em torno de 50-60% de acordo com o estágio da doença da
paciente”, alerta.
A expectativa era que
fossem realizadas 11,5 milhões de mamografias, mas só foram feitas 2,7 milhões.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma cobertura de 70% de exames,
mas o Brasil só conseguiu atingir 24,1%.
De acordo com Antônio
Frasson, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, a entidade preconiza
que o exame seja feito anualmente em todas as mulheres a partir de 40 anos. Se
fosse levar em conta a ampliação da faixa etária, o resultado do estudo seria
ainda mais preocupante. “Isso significa que, se fôssemos ampliar a abrangência
do estudo, o cenário é ainda bem mais complexo, desesperador”, enfatiza Frasson.
Em Pernambuco, a
cobertura mamográfica esperada para 2017 era de aproximadamente 493 mil exames,
mas foram realizados cerca de 143 mil, o que corresponde a 29% do estimado. A
mastologista enfatiza ainda que a maior dificuldade é justamente a realização
dos exames para ter o diagnóstico precoce da doença e o acesso ao especialista
para o tratamento. “O diagnóstico inicial muitas vezes é feito num estágio avançado principalmente na região nordeste devido à dificuldade na realização
de exames complementares e no diagnóstico da paciente que muitas vezes leva
mais de 1 ano para chegar a um especialista”, lamenta.
“A dificuldade para
agendar e realizar a mamografia ainda é o principal motivo para o baixo número
de exames, além da triste realidade encontrada nos hospitais com equipamentos
quebrados e falta de técnicos qualificados para operá-los”, confirma o coordenador
da pesquisa, Ruffo de Freitas Junior.
Segundo ele, os dados
refletem o cenário atual do câncer de mama no país. “Estamos diante de um grave
declínio que reflete o cenário caótico do câncer de mama no país”, alerta. A
pesquisa revelou ainda que o governo federal investiu apenas R$ 122,8 milhões
dos R$ 510,7 milhões previstos para essa finalidade.
Os piores índices ficaram
com o Amapá, que realizou apenas 260 mamografias das 24 mil esperadas, seguido pelo
Distrito Federal, com 5 mil exames dos 158,7 mil pretendidos, e Rondônia, cuja
expectativa era de fazer 76,9 mil, mas só efetivou 5,7 mil.
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