O Sistema Único de Saúde
(SUS) passará a oferecer novos procedimentos terapêuticos para portadores de
algumas doenças raras como a Mucopolissacaridose tipos I e II, Deficiência de
Biotinidase, Síndrome de Turner e Hepatite Autoimune. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), as doenças raras acometem até 65 pessoas a cada
100 mil indivíduos, sendo 80% dos casos decorrentes de fatores genéticos. No
Brasil, cerca de 13 milhões de pessoas sofrem com enfermidades incomuns.
Segundo o Ministério da
Saúde, os pacientes com mucopolissacaridose terão dois novos medicamentos
gratuitos pelo SUS, a laronidase e a idursulfase alfa. Já para os portadores da
deficiência de biotinidase, síndrome de turner e hepatite autoimune a novidade
foi a aprovação e atualização dos protocolos de atendimento na rede pública de
saúde.
Marco Antônio Fireman, secretário
de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, destacou
a importância dos novos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs)
para o Brasil. “Essa é uma luta antiga de representantes e pacientes que sofrem
com essas doenças. Uma conquista significativa que influenciará,
favoravelmente, na qualidade de vida dos doentes”, enfatizou.
Essas doenças não têm
cura e, em geral, são crônicas, progressivas, degenerativas, e podem levar à
morte. Contudo, o tratamento adequado reduz as complicações e sintomas, evitando
assim o agravamento dessas enfermidades. Os novos procedimentos foram aprovados
na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e serão
disponibilizados nas unidades públicas de saúde, em todo país, no segundo
semestre de 2018.
Multipolissacaridose
I e II
Doença rara genética e
hereditária, a enfermidade impede os indivíduos de produzirem normalmente
enzimas essenciais aos processos químicos vitais. No tipo I, conhecido também
como Síndrome de Hurler ou de Scheie, o corpo carece da enzima alpha
iduronidase, responsável pela degradação de alguns tipos de açúcares. Já no
tipo II, também intitulado de Síndrome de Hunter, há deficiência ou
inexistência da enzima iduronato–sulfatase. Essa segunda classificação está
ligada em especial ao cromossomo X, afetando majoritariamente homens, que
herdam a característica da mãe portadora.
Os sintomas também
variam, podendo comprometer ossos, articulações, vias respiratórias, sistema
cardiovascular, além das funções cognitivas dos pacientes. É possível controlar
os sintomas de algumas mucopolissacaridoses por meio de terapia de reposição enzimática.
Deficiência
de Biotinidase
O tratamento para essa
doença rara é o mais novo incorporado no SUS. A enfermidade, de origem genética
e hereditária, incapacita o corpo de absorver e regenerar a biotina, uma
vitamina dos alimentos presentes na dieta normal e indispensável para a
atividade de diversas enzimas. No Brasil, cerca de 3.200 pessoas foram
registradas com a doença, que pode ser detectada através do Teste do Pezinho. O
tratamento é feito por meio da suplementação da vitamina por toda a vida do
paciente.
Síndrome
de Turner
Causada por uma
anormalidade do cromossomo X, a síndrome de turner acomete mais as mulheres,
dificulta os portadores de iniciarem a puberdade e terem filhos. Os acometidos também
podem apresentar malformações cardíacas, além de dificuldades cognitivas que
prejudicam a aprendizagem e a adaptação social. A forma de assistência
impactará em novas apresentações do medicamento somatropina, disponibilizadas
no SUS para o tratamento da doença. A atualização oportuniza uma melhor escolha
e adequação da dose que cada paciente deve tomar.
Hepatite
Autoimune
Doença rara que gera uma
inflamação crônica no fígado causada por um distúrbio no sistema de defesa do indivíduo
ataca as células do próprio fígado, levando à sua inflamação. Assim como nas
hepatites virais, ela também é assintomática e só apresenta sintomas nos
quadros avançados, normalmente cansaço e icterícia (olhos amarelados). A incidência
é relativamente baixa, 1,9 casos para cada 100 mil habitantes e 75% dos
portadores são mulheres.
Existem evidências que
associam a enfermidade com fatores genéticos e com a presença de doenças
autoimunes de uma forma geral, como doença de tireoide, de articulações,
artrite reumatoide e lúpus. Com a atualização foram estabelecidos critérios
simplificados complementares para diagnóstico da doença na presença de outras
doenças autoimunes. O tratamento envolve o uso dos medicamentos prednisona e
azatioprina.
Fonte:
Ministério da Saúde
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