Com o intuito de
capacitar médicos para realizar o diagnóstico de morte encefálica, o Conselho
Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e a Central de Transplantes de
Pernambuco (CT-PE) promoverão um curso de capacitação no dia 19 de maio, na
sede do Conselho. O curso será voltado para médicos neurologistas,
intensivistas e urgentistas que tenham pelo menos um ano de experiência em
acompanhamento de pacientes em coma.
Ministrado pelas médicas Claudia
Vilela, neurologista e Karina Monteiro, intensivista, o curso abordará o
conceito de morte encefálica, metodologia de determinação desse tipo de óbito e
discussão prática de casos. Além dos fundamentos éticos e legais na
determinação da morte encefálica e as condutas adequadas para a comunicação de
má notícia (comunicação voltada aos familiares e retirada do suporte
vital).
De acordo com André
Bezerra, coordenador médico da CT-PE, esse curso vem para atender uma exigência
da nova resolução nº 2.173/17 que substitui a de nº 1.480/97 e atende o que
determina a lei nº 9.434/97, que regulamenta o transplante de órgãos no Brasil.
Ela estabelece que os procedimentos para a determinação da morte encefálica
devem ser iniciados em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo,
ausência de reatividade supra espinhal e apneia persistente.
“O curso tem o objetivo
de capacitar o maior número possível de profissionais para a realização desse
procedimento no estado. Segundo a nova resolução, publicada em dezembro do ano
passado, os profissionais que podem fazer o diagnóstico são médicos neurologistas,
intensivistas e urgentistas que preencham o critério de exigência de 1 ano de
atuação no acompanhamento de pacientes em coma”, enfatizou André Bezerra.
Em 2017, cerca de 44% das
famílias de potenciais doadores não autorizaram a doação dos órgãos em
Pernambuco. Noemy Gomes, coordenadora da CT-PE, relatou que esse alto índice de
negativa se deve, principalmente, à falta de acolhimento e do fornecimento de informações
adequadas aos familiares no decorrer do internamento. Outra causa comum também
está relacionada com questões culturais e religiosas das famílias.
Até o mês de julho, estão
previstos mais dois cursos sendo um em Petrolina e outro em Caruaru. As
inscrições estão sendo realizadas através do e-mail: edu.ctpe@gmail.com
CRITÉRIOS
PARA O DIAGNÓSTICO
De acordo com Conselho
Federal de Medicina (CFM), a nova resolução atualiza os critérios para a
definição de morte encefálica. Um deles é que agora o diagnóstico pode ser dado
por mais especialistas, além do neurologista. A captação de tecidos, órgãos ou partes
do corpo humano destinados a transplante só deve ser realizada após constatado
o diagnóstico de morte encefálica, verificado por dois médicos que não façam
parte das equipes de remoção e de transplante, mediante a utilização de
critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do CFM.
O paciente deve
apresentar quadro clínico com presença de lesão encefálica de causa conhecida e
irreversível, ausência de fatores que possam ser tratados, temperatura corporal
superior a 35 graus e saturação arterial de acordo com critérios estabelecidos.
Além disso, ele deve ser tratado e observado por um período mínimo de seis
horas e ser submetido a teste de apneia e a exames complementares, como angiografia
cerebral, eletroencefalograma, doppler transcraniano e cintilografia. O exame
clínico precisa ser feito por dois médicos diferentes, com um intervalo mínimo
de uma hora entre o primeiro e o segundo.
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