Pedro e a mãe, Rose Andrade, na consulta da revisão cirúrgica com a Dra. Ana Cláudia Araújo |
Desde
2014, o Teste da Linguinha passou a ser obrigatório nas maternidades
brasileiras, com base na lei nº 13.002, sancionada pelo Governo Federal. O teste
tem como objetivo examinar as alterações morfofisiológicas e evitar futuros
problemas como má-formação, fonação, deglutição e dificuldades de ordem
psicossocial para as crianças. Popularmente conhecida como língua presa,
trata-se de uma alteração morfofisiológica que atinge cerca de 17% das crianças
no país e está associada à genética familiar.
Tendo
em vista a necessidade de tratar os pequenos pacientes com essas alterações, os
departamentos de odontologia e fonoaudiologia da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) desenvolveram o Projeto Língua Solta. O programa segue o Protocolo
de Avaliação do Frênulo da Língua do Bebê e garante o diagnóstico e, se preciso,
a realização da intervenção cirúrgica, além de todo acompanhamento posterior
com consultas e atendimento fonoaudiológico.
Em
2017, foram realizados cerca de 700 atendimentos entre consultas avaliativas, procedimentos
cirúrgicos e revisão pós-cirurgia. Atualmente, atende cerca de 30 pacientes por
dia e já assistiu mais de 2.500 crianças. O atendimento é gratuito e realizado na
clínica de pesquisa do departamento de Prótese e Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da
UFPE.
O
Língua Solta avalia crianças na faixa etária de 0 a 10 anos de idade. No
entanto, Ana Cláudia Araújo, coordenadora do projeto, enfatiza que quanto mais
cedo a criança realizar o procedimento, melhor é a recuperação e o resultado.
“O ideal é fazer nos primeiros dias de vida do bebê, logo após o diagnóstico
através do teste da linguinha, na maternidade. Inclusive porque a língua presa,
como é conhecida, atrapalha a amamentação e deglutição do bebê. Isso sem falar
nos problemas futuros com relação à fala e até socialização da criança”,
reforça a especialista.
Com
19 dias de vida, o pequeno Pedro realizou a intervenção cirúrgica no local. Segundo
Rose Andrade, mãe do bebê, o problema foi identificado na própria maternidade
através do Teste da Linguinha. “Antes do procedimento ele não conseguia mamar
direito e ganhava apenas 20 gramas por dia. Após a cirurgia ele passou a ganhar
60 gramas com a amamentação exclusiva”, afirmou a mãe de Pedro.
“Hoje
o grande entrave do funcionamento do projeto é o financiamento, uma vez que a
universidade só contribui disponibilizando a estrutura física e de
equipamentos. Toda a captação de materiais como luva, gaze, álcool, é obtida
através de doação dos pacientes que são atendidos pelo programa e também por
meio de cursos de capacitação”, relatou a coordenadora.
A
idealização e coordenação do Língua Solta foi uma iniciativa dos
professores-doutores Ana Cláudia Araújo Silva e Alfredo Justino Gaspar Junior,
ambos docentes da UFPE. A iniciativa conta ainda com a contribuição do
professor de fonoaudiologia Hilton Justino, além de uma equipe
multiprofissional formada por cirurgiões-dentistas, odontopediatras,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e acadêmicos desses cursos.
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