terça-feira, 28 de agosto de 2018

Você já comeu algo e se sentiu mal? Você pode ser alérgico a algum alimento



Coceira, vermelhidão, tosse, falta de ar, são alguns dos sintomas que aparecem quando a pessoa ingere algum alimento que tem alergia. 
Por Rebeka Gonçalves

O Ministério da Saúde estima que cerca de 6% das crianças até 3 anos de idade e 3,5% dos adultos sejam alérgicos a algum alimento. Os dados sobre prevalência das alergias alimentares são variáveis pelo mundo, pois depende da idade, hábitos alimentares e culturais da população.
A alergia alimentar é uma reação adversa, uma resposta exagerada do organismo a determinado alimento e/ou seus componentes, através de um mecanismo imunológico. Os sintomas são variados, desde reações leves até mais graves que podem comprometer a vida. 
“Os sinais e sintomas surgem mais comumente na pele, na parte respiratória e gastrointestinal. As reações na pele podem ocorrer coceira, vermelhidão e inchaço, já na parte respiratória, aparece tosse, rouquidão, falta de ar e chiado no peito. Os sintomas gastrointestinais têm enjoos, vômitos, diarreia e dores na barriga”, explica Luiz Alexandre da Rocha, alergologista do Hospital das Clínicas de Pernambuco. 
O diagnóstico é clínico, através de dados e informações relatadas pelo paciente, além do exame físico. Os testes alérgicos são complementares e, normalmente, são realizados na pele do paciente ou a partir de exames de sangue. O tratamento consiste em evitar o alimento alergênico e seus derivados até que o problema seja superado. 
“Em determinados casos, o tratamento com dessensibilização pode ser uma alternativa, e consiste em expor o paciente gradativamente ao alimento que causa alergia. Mas essa modalidade não é feita de rotina, tem indicações precisas e só é realizada em centros médicos de referência e por alergologistas capacitados”, acrescenta o especialista.   
O design gráfico Pedro Queiroz relata como descobriu que era alérgico. “Descobri há 10 anos, quando estava no restaurante e pedir um chop suey (comida chinesa). Minha garganta fechou e fiquei cheio de manchas e caroços no corpo. Fui ao hospital e descobri que era alérgico a camarão. Fiquei com um certo receio e, por isso, perdi o gosto por ele, hoje nem gosto de camarão”, relembra. 
“De modo geral, fatores como herança genética, privação de aleitamento materno, alteração nociva da flora intestinal e tratamento ruim de outras doenças alérgicas podem contribuir para o desenvolvimento das alergias alimentares”, ressalta Luiz Alexandre. O especialista explica ainda que a prevenção deve ser feita através da adoção de hábitos saudáveis, do estímulo à amamentação, evitar exposição ao tabaco, além do tratamento de doenças alérgicas, como asma e doenças de pele.  

Confira os 5 alimentos que mais causam alergia:
1. Leite
A alergia à caseína, proteína do leite, é mais comum em crianças e, nestes casos, tende a desaparecer com o passar dos anos. Quem tem alergia ao leite de vaca também terá reação a seus derivados, como iogurte, queijo ou a qualquer produto que contenha este item em sua composição, como o chocolate. 
2. Ovo
A alergia ao ovo é o segundo tipo mais comum. O problema deste alimento são duas proteínas: a ovalbumina e a ovomucoide, presentes na clara. O alérgico não pode ingerir nenhuma parte do ovo, já que no alimento há um contato direto entre a gema e clara. 
Também é importante estar atento ao rótulo e à composição dos alimentos, pois a albumina é frequentemente usada isoladamente em marshmallows, comidas congeladas e outras misturas para alimentos. 
3. Frutos do mar, crustáceos e moluscos
Estes alimentos são a principal causa de alergia alimentar em adultos. Isso acontece porque estes alimentos contêm muitas proteínas diferentes que podem desencadear as reações do organismo. No entanto, acredita-se que a principal responsável pelas reações alérgicas a crustáceos e frutos do mar é a tropomiosina. 
No Brasil, esse tipo de alergia é comum em regiões litorâneas, pois são itens da dieta de quem mora nesses lugares. O camarão é a principal causa de reação alérgica grave (anafilática). A pessoa que tem alergia a algum destes alimentos precisa tomar cuidado ao ingerir outros crustáceos (caranguejo, lagosta) e moluscos (ostra, polvo, mexilhão), pois há uma grande probabilidade de ser alérgica também a eles, devido à presença da mesma proteína em todos esses animais. 
4. Amendoim
Estudos apontam que a cupina e a conglutinina (proteínas do amendoim) são as principais responsáveis pelas reações alérgicas, pois esse é um alimento rico em proteína, a cada 100 gramas de amendoim, 27 são de proteína. 
Um estudo divulgado no jornal New England Journal of Medicine afirma que, ao contrário do que se acredita, se você quer que seu filho não desenvolva alergia a amendoim, é preciso começar a dar o alimento a ele a partir dos onze meses de idade. Crianças que comem amendoim com frequência são as que menos desenvolvem alergia. 
Ser alérgico ao amendoim não significa ser alérgico a outras oleaginosas como castanhas, nozes e amêndoas. Entretanto, por também possuírem altas quantidades de proteínas, estes frutos precisam ser consumidos com atenção, principalmente por quem tem predisposição a ter reações alérgicas. 
5. Trigo 
A alergia ao trigo não está relacionada ao glúten. O sistema imunológico dos alérgicos ao trigo identifica a proteína gliadina como um componente que poderia prejudicá-lo e passa a enviar anticorpos para combatê-la. Por isso, é preciso estar atento ao rótulo e aos ingredientes dos alimentos, pois muitos alimentos contém o grão como pães, bolos, cereais, macarrão, farinha, entre outros. 
Quem é alérgico ao trigo não apresentará, necessariamente, reação à cevada, à aveia ou ao centeio. São os celíacos, que apresentam intolerância ao glúten, uma proteína de difícil digestão presente nesses alimentos, que não podem ingeri-los. 

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